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MAGIC MIKE

MAGIC MIKE (Magic Mike, 2012, Iron Horse Entertainment, 110min) Direção: Steven Soderbergh. Roteiro: Reid Carolin. Fotografia: Peter Andrews (Steven Soderbergh). Montagem: Mary Ann Bernard (Steven Soderbergh). Figurino: Christopher Peterson. Direção de arte/cenários: Howard Cummings/Barbara Munch Cameron. Produção: Reid Carolin, Gregory Jacobs, Channing Tatum, Nick Wechsler. Elenco: Matthew McConaughey, Channing Tatum, Olivia Munn, Alex Pettyfer, Matt Bomer, Adam Rodriguez. Estreia: 24/6/12

Quando surgiu, no final da década de 90, Steven Soderbergh chamou a atenção por ter feito seu "sexo, mentiras e videotape" com uma ideia na cabeça, uma câmera na mão, um roteiro forte e inteligente e alguns trocados. Aos poucos foi se tornando mainstream - com filmes bem-sucedidos comercialmente como a trilogia "Onze homens e um segredo" e um Oscar por "Traffic" - e volta e meia desafia seus fãs a encontrarem alguma qualidade em filmes fraquíssimos como "Full frontal" ou apenas corretos, como "Contágio". Mas justamente em um de seus trabalhos mais populares, até mesmo os mais entusiastas membros de seu fã-clube não conseguiram encontrar muito o que elogiar.  A despeito de sua bilheteria generosa nos EUA - mais de 100 milhões de dólares de arrecadação, o que mais do que justificou em termos financeiros uma continuação tão fraca quanto - "Magic Mike" chega a ser quase constrangedor.

Segundo a lenda de bastidores, a ideia do filme surgiu do fato do ator Channing Tatum - que também tem crédito de produtor - ter sido um dançarino de strip-tease antes de tornar-se famoso. Suas histórias a respeito dessa fase de sua vida deram origem, então, a uma sinopse que, a despeito da falta de originalidade, poderia ao menos render um entretenimento razoável. Falta, no entanto, um roteiro que consiga dar um pouco mais de substância a uma sucessão de cenas de um bando de homens sarados dançando seminus em cima de um palco (ainda que provavelmente esse seja o motivo pelo qual o público acorreu aos cinemas). Carregado dos clichês mais batidos da história do cinema e contando com um elenco que nem mesmo Soderbergh consegue fazer soar convincente - e isso que ele arrancou até de Jennifer Lopez uma atuação decente, no ótimo "Irresistível paixão", de 1998 -  o filme é um desfile de erros em um belo embrulho (mas que mesmo assim é capaz de agradar somente a um público feminino ou gay).


A história - se é que se pode chamar assim - é centrada no jovem Adam (Alex Pettyfer), que, sem rumo profissional na vida, encontra um bico consertando telhados e conhece Mike (Channing Tatum, sem o timing cômico demonstrado em "Anjos da lei"), que junta dinheiro dançando em um clube de mulheres de propriedade de um ex-performer chamado Dallas (Matthew McConaughey), que ainda faz seus shows ocasionais. Aos poucos Mike vai ensinando Adam a melhorar suas apresentações, assim como apresenta a ele o glamour de um modo de vida calcado no prazer e na sensualidade. Enquanto Adam começa a aproveitar os bons momentos - e também a sofrer a pressão de Dallas, que o escolhe para trabalhos ilegais - Mike tenta conquistar o amor de sua irmã, Joanna (a péssima Olivia Munn). No meio disso tudo, coreografias pouco inspiradas e diálogos de fazer corar os roteiristas de "Malhação". Nem mesmo Matthew McConaughey - rumo ao Oscar por "Clube de Compras Dallas", que lhe daria respeitabilidade como ator - está particularmente bem, apesar de algumas críticas terem destacado sua interpretação.

Fosse um filme dirigido por um cineasta sem talento - ou alguém precisando pagar a hipoteca - "Magic Mike" seria apenas mais um lixo cinematográfico a aportar nas salas de exibição. O problema é tentar descobrir como um nome como Soderbergh pode entrar em uma barca tão furada. Nada no resultado final lembra a criatividade e a inteligência de seus melhores filmes. O roteiro fraco, a edição preguiçosa (que nem torna as cenas musicais tão atraentes quanto poderia) e o elenco no piloto automático só sublinham a incompetência da realização como um todo. Só vai agradar a quem for procurar unica e exclusivamente belos corpos masculinos em danças sensuais. E mesmo assim pode ser que decepcione, já que não há nada que não tenha sido mostrado antes. Sorte de Channing Tatum que, entre coisas assim, ele ainda consiga destacar-se como ator em filmes de maior prestígio, como "Foxcatcher, o crime que chocou o mundo", ou mais divertidos, como a continuação de "Anjos da lei". Apesar da bilheteria, "Magic Mike" é sofrível.

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