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A FORÇA DO DESTINO

A FORÇA DO DESTINO (An officer and a gentleman, 1982, Paramount Pictures, 124min) Direção: Taylor Hackford. Roteiro: Douglas Day Stewart. Fotografia: Donald Thorin. Montagem: Peter Zinner. Música: Jack Nitzsche. Direção de arte/cenários: Philip M. Jefferies/James I. Berkey. Produção: Martin Elfand. Elenco: Richard Gere, Debra Winger, Louis Gosset Jr., David Keith, Robert Loggia, Lisa Blount, Tony Plana, David Caruso, Grace Zabriskie. Estreia: 28/7/82

6 indicações ao Oscar: Atriz (Debra Winger), Ator Coadjuvante (Louis Gosset Jr.), Roteiro Original, Montagem, Trilha Sonora Original, Canção Original ("Up where we belong")
Vencedor de 2 Oscar: Ator Coadjuvante (Louis Gosset Jr.), Canção Original ("Up where we belong")
Vencedor de 2 Golden Globes: Ator Coadjuvante (Louis Gosset Jr.), Canção Original ("Up where we belong")

O filme que confirmou o status de Richard Gere como um dos maiores símbolos sexuais do cinema nos anos 80 - em um papel recusado por John Travolta e Kurt Russell e oferecido a Jeff Bridges, Dennis Quaid e Christopher Reeve -, que foi a terceira maior bilheteria do ano de 1982 nos EUA e que ganhou dois Oscar pode ter conquistado milhares de corações românticos pelo planeta, mas nem todo mundo envolvido com ele tem os mesmos sentimentos. Debra Winger, a estrela de "A força do destino", não tem as melhores lembranças da produção, dirigida por Taylor Hackford e que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz: não apenas porque foi obrigada por contrato a fazer cenas de nudez com as quais não concordava - e que deu dores de cabeça ao diretor junto à censura - mas também pelo fato de que não teve um tempo exatamente fácil durante as filmagens. Segundo o livro "An actor and a gentleman", autobiografia do ator Louis Gosset Jr., a relação entre Winger e Gere era pouco amigável - e o fato da atriz não ter sido a primeira escolha para o papel, por "não ser sexy o suficiente", em palavras do produtor Don Simpson, apenas aumentava o clima pouco amistoso nas filmagens.

Na verdade, o principal papel feminino de "A força do destino" acabou nas mãos de Winger por desistências múltiplas. Sigourney Weaver, Anjelica Huston e Jennifer Jason Leigh foram as primeiras convidadas pela produção - ainda que tenham pouco em comum entre si. Rebecca De Mornay, Meg Ryan e Geena Davis também foram testadas, e somente depois de todo esse processo o nome de Winger foi confirmado. Hoje é difícil imaginar outra intérprete para Paula Pokrifki - especialmente devido ao sucesso financeiro do filme, a maior bilheteria da carreira de Richard Gere até a explosão de "Uma linda mulher" (90) -, mas até que o filme estreasse, no verão americano de 1982, tudo era questionável nos bastidores, inclusive a bela canção-tema "Up where we belong", que, desprezada pelo produtor, foi mantida no filme por teimosia de Taylor Hackford e acabou ganhando um Oscar - além de ter atingido as paradas de sucesso do mundo inteiro. No final das contas, "A força do destino" é mais um perfeito exemplo de uma produção que tinha tudo para dar errado... mas deu extraordinariamente certo!


Realizado com um orçamento irrisório de estimados 7,5 milhões de dólares, "A força do destino" rendeu, apenas no mercado doméstico, quase 130 milhões, além de ter sido eleito um dos dez melhores filmes do ano pelos críticos do National Board of Review, ter concorrido ao Golden Globe de melhor drama (além das indicações a Gere e Winger) e sido indicado a seis Oscar - venceu em duas categorias: melhor canção e ator coadjuvante (Louis Gosset Jr.). Tanto reconhecimento lhe deu facilmente um lugar de honra entre os clássicos românticos da década de 80, além de estabelecer alguns dos clichês que se tornariam regras nos anos seguintes - em especial o militar durão e irascível que, criado por Louis Gosset Jr., nunca mais abandonou qualquer filme que se preze sobre o assunto. Premiado também com o Golden Globe de ator coadjuvante, Gosset Jr. rouba todas as cenas em que aparece, equilibrando com enorme competência o drama romântico que se desenrola à sua volta: não é por acaso que sua figura é uma das mais marcantes do filme, a despeito do carisma de Gere e do talento de Winger, os dois protagonistas de uma história de amor simples e eficaz.

Sem maiores arroubos de criatividade, "A força do destino" é uma produção correta e com um roteiro redondo, escrito por Douglas Day Stewart, indicado ao Oscar da categoria. O protagonista é Zack Mayo (Richard Gere), um jovem sem muito sentido de responsabilidade, criado com negligência pelo pai após o suicídio da mãe e que decide dar um rumo para a sua vida ao entrar em um rígido treinamento militar de treze semanas em uma base naval. É nesse lugar que ele finalmente vai conseguir formar laços: com o colega Sid Worley (David Keith), com o treinador quase sádico Emil Foley (Louis Gosset Jr.), e principalmente com Paula Pokrifki (Debra Winger), que trabalha em uma fábrica da região e que, apesar da personalidade forte, sonha em tornar-se a esposa de um oficial da marinha. Com esses poucos personagens, Stewart conta uma história de amor, honra, lealdade e segundas chances, sem apelar para o sentimentalismo barato ou para a violência desnecessária. Um degrau acima dos romances melodramáticos de sua geração, "A força do destino" resiste bravamente ao tempo - graças à química entre Gere e Winger, à bela trilha sonora e à interpretação antológica de Louis Gosset Jr.

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