quinta-feira

COLCHA DE RETALHOS

COLCHA DE RETALHOS (How to make an american quilt, 1995, Amblin Entertainment/Universal Pictures, 109min) Direção: Jocelyn Moorhouse. Roteiro: Jane Anderson, romance de Whitney Otto. Fotografia: Janusz Kaminski. Montagem: Jill Bilcock. Música: Thomas Newman. Figurino: Ruth Myers. Direção de arte/cenários: Leslie Dilley/Marvin March. Produção executiva: Laurie MacDonald, Deborah Jelin Newmyer, Walter F. Parkes. Produção: Sarah Pilsbury, Midge Sanford. Elenco: Winona Ryder, Anne Bancroft, Ellen Burstyn, Dermot Mulroney, Kate Nelligan, Alfre Woodard, Claire Danes, Lois Smith, Jean Simmons, Kate Capshaw, Adam Baldwin, Maya Angelou, Dennis Arnt, Rip Torn, Johnathon Schaech, Samantha Mathis, Loren Dean, Melinda Dillon, Richard Jenkins, Jared Leto. Estreia: 06/10/95

Se é que existe um subgênero cinematográfico que se pode chamar "filme de mulher", o drama romântico "Colcha de retalhos" é um perfeito exemplar dele. Dirigido pela australiana Jocelyn Moorhouse com base no romance de Whitney Otto, o filme lembra a estrutura do belo "O clube da felicidade e da sorte", substituindo as gerações de nipo-americanas do filme de Wayne Wang por um grupo de amigas de meia-idade que se utilizam de suas experiências de vida para dar rumo à confusa neta de uma delas, que não se sente preparada para assumir o compromisso de um casamento - ao mesmo tempo em que termina uma tese para a faculdade. Com um invejável elenco feminino e dotado de sensibilidade e delicadeza, o filme de Moorhouse pode não ter feito muito barulho em seu lançamento, mas dentro do que se propõe não deixa de ser um entretenimento agradável, apesar de ser prejudicado por sua estrutura frágil e um tanto previsível.

Finn Todd (Winona Ryder, linda e disfarçando seus defeitos como atriz com carisma e simpatia) é uma jovem de 26 anos que acaba de ser pedida em casamento por seu namorado, o arquiteto Sam (Dermot Mulroney). Com medo das responsabilidades que vem junto com o compromisso, ela pede a ele um tempo e viaja para a fazenda de sua avó, Hy (Ellen Burstyn). Lá, ela espera concluir sua tese de mestrado, enquanto decide os rumos de sua vida. Suas dúvidas aumentam quando ela conhece o sedutor Leon (Johnathon Schaech), que balança seus alicerces com seu ar romântico que contrasta com a praticidade de Sam. No decorrer do verão, Finn - que tem como espelho de relacionamento o casamento frustrado dos pais - passa a conhecer as diversas histórias que circundam as amigas de sua avó e da irmã dela, Glady Joe (Anne Bancroft), que se reunem diariamente para confeccionar uma colcha de retalhos: cada uma delas, incluindo suas familiares, tem dramas e tragédias pessoais em seu passado, que ajudarão a jovem a decidir seu destino.


Apesar de ser a espinha dorsal do filme, a hesitação de Finn em entregar-se a uma vida adulta romanticamente estável é a parte menos interessante do trabalho de Moorhouse, talvez por não ser suficientemente explorada psicologicamente - a protagonista parece mais uma jovem mimada do que uma mulher realmente em busca de estabilidade emocional, apesar dos esforços de Winona Ryder, uma atriz limitada mas aqui razoavelmente convincente. São as tramas paralelas que a envolvem que fazem valer a pena assistir-se a "Colcha de retalhos", principalmente porque sempre é um prazer testemunhar os shows de interpretação de gente como Anne Bancroft e Ellen Burstyn, que, na pele de duas irmãs com um passado traumático, roubam sem muito esforço cada cena em que aparecem. O elenco veterano, aliás, está extremamente à vontade, provando à Hollywood que, se bons papéis para atrizes maduras são raros, não o são intérpretes de talento e carisma. Uma pena, porém, que tais atrizes - Lois Smith, Kate Nelligan, Melinda Dillon - tenham tão pouco tempo em cena.

No final das contas, "Colcha de retalhos" cumpre o que promete. É romântico, sincero, dramático sem exageros e bem interpretado. Não ousa nem surpreende, mas tampouco eram essas as intenções dos produtores e da diretora. Seu público-alvo certamente não tem do que se queixar. É um entretenimento simples e eficiente que tem, entre seus coadjuvantes juvenis, Claire Danes e Jared Leto em início de carreira. Talvez carregue no açúcar em alguns momentos, mas não tem contra-indicações.

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