EM BUSCA DA TERRA DO NUNCA (Finding Neverland, 2004, Miramax Films, 106min) Direção: Marc Foster. Roteiro: David Magee, peça teatral "The man who was Peter Pan", de Allan Knee. Fotografia: Robert Schaefer. Montagem: Matt Cheesee. Música: Jon A. P. Kaczmarek. Figurino: Alexandra Byrne. Direção de arte/cenários: Gemma Jackson/Trisha Edwards. Produção executiva: Gary Binkow, Neal Israel, Michelle Shy, Bob Weinstein, Harvey Weinstein. Produção: Nellie Bellflower, Richard N. Gladstein. Elenco: Johnny Depp, Kate Winslet, Dustin Hoffman, Julie Christie, Radha Mitchell, Freddie Highmore, Kelly McDonald, Ian Hart. Estreia: 04/9/04 (Festival de Veneza)
7 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Ator (Johnny Depp), Roteiro Adaptado, Trilha Sonora Original, Montagem, Figurino, Direção de arte/cenários
Vencedor do Oscar de Melhor Trilha Sonora Original
É fácil emocionar a plateia quando se fala de temas comoventes como fantasia, doenças fatais e crianças em busca da felicidade e inocência eternas. Mas é difícil tocar nesses assuntos sem escorregar rumo à pieguice e ao sentimentalismo barato. Por isso não deixa de ser louvável o fato de Marc Foster – do econômico “A última ceia” – ter transformado “Em busca da Terra do Nunca”, um roteiro repleto de armadilhas emocionais, em um filme delicado sem exageros e em uma obra ingênua sem ser simplória. Indicado a sete Oscar – inclusive de Melhor Filme – a adaptação da peça teatral de Allan Knee levou apenas a estatueta de Trilha Sonora, mas ganhou audiências do mundo inteiro graças a suas qualidades inegáveis.
A trama se
passa em Londres, em 1903, quando o dramaturgo James Barrie (um Johnny Depp
controlado mas inexplicavelmente indicado ao Oscar de melhor ator) está
amargando um grande fracasso de crítica e público. Pressionado por seu
empresário (uma simpática participação de Dustin Hoffman) e por sua esposa Mary
(Radha Mitchell), ele passa horas de seu dia em um parque da cidade, aguardando
por inspiração. Ela surge de maneira imprevisível quando ele conhece a bela
viúva Sylvia Llewelyn Davies (Kate Winslet excelente como sempre) e seus quatro
filhos pequenos. Fascinado pela família que luta contra suas dificuldades
financeiras, Barrie começa a escrever uma peça de teatro em que conta a
história de um menino que se recusa a crescer, unindo a suas idéias elementos
bastante diferentes como fadas, piratas e crocodilos. Quando a estréia está
prestes a acontecer, o escritor tem que lidar com a doença fatal de Sylvia e de
como esse fato irá repercutir junto ao pequeno Peter (a revelação Freddie
Highmore), o mais sensível e carente de seus filhos.
É quase
impossível não render-se à simpatia de “Em busca da Terra do Nunca”. O roteiro
equilibrado de David Magee conquista pelo humor, pela delicadeza e até mesmo
pela emoção, passando perto de tornar-se lacrimoso. Graças à engenhosidade do
diretor e do editor Matt Chesse, as histórias de Barrie e sua esposa e de sua
relação com a família Davies nunca chegam a se atropelar, e o mundo de fantasia
criado pelo escritor junto às crianças serve como metáfora de uma forma de
escape do mundo injusto e triste a que elas são obrigadas a submeter-se.
Ancorado em um elenco em plena sintonia, o roteiro prende a atenção do público,
para então entregar-lhe um final arrasador, de arrancar lágrimas do mais
empedernido ser humano.
Pode até parecer bobinho, superficial e sentimentaloide, mas "Em busca da Terra do Nunca" é muito mais do que isso: é uma obra centrada em pessoas, seres humanos buscando fugir de uma realidade triste e acinzentada em busca de um lugar colorido, onde fadas convivem harmoniosamente com crianças que não querem nunca crescer e descobrir sua finitude. Uma pequena obra-prima!
Pode até parecer bobinho, superficial e sentimentaloide, mas "Em busca da Terra do Nunca" é muito mais do que isso: é uma obra centrada em pessoas, seres humanos buscando fugir de uma realidade triste e acinzentada em busca de um lugar colorido, onde fadas convivem harmoniosamente com crianças que não querem nunca crescer e descobrir sua finitude. Uma pequena obra-prima!
3 comentários:
Você, como sempre, com ótimas resenhas.
Você sempre faz excelentes resumos!
Como você mesmo aponto: uma obra-prima, com certeza!
E, ah, faço coro com o comentário anônimo, hehehe
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