terça-feira

UM MÊS, 31 FILMES - DIA 09 - FILME MAIS ROMÂNTICO

Qual o sonho máximo de qualquer coraçãozinho romântico? Possivelmente esse sonho envolva uma viagem pela Europa, paisagens deslumbrantes, dança ao nascer do sol, e a promessa de um breve reencontro. Se a outra parte do casal for estrangeira, então, a festa está completa.

Pois são justamente esses os ingredientes de "Antes do amanhecer", o mais romântico dos filmes românticos dos anos 90 e provavelmente a melhor transcrição cinematográfica dos sonhos dos espectadores que ainda acreditam no amor. Ethan Hawke e Julie Delpy encarnam com delicadeza e química um jovem casal que se encontra em um trem e resolvem passar a noite em Viena conversando sobre suas vidas, seus sonhos, seus desejos. E só. Não precisa mais nada para que o clima se instale, a audiência se encante e os dois se apaixonem. As personagens são verdadeiras, honestas, diretas - porque o tempo que tem é escasso para fingimentos e máscaras e o futuro parece não existir. Os cenários naturais da capital austríaca são lindos, a dupla de atores é carismática (em especial a linda Julie) e o roteiro é conciso e fluente.

E se não bastasse, uma continuação tão boa quanto (mas bem mais dura e realista) foi lançada nove anos depois. Quem não gostaria de viver um amor assim?

A ÚLTIMA NOITE

A ÚLTIMA NOITE (The 25th hour, 2002, Touchstone Pictures, 135min) Direção: Spike Lee. Roteiro: David Benioff, romance de sua autoria. Fotografia: Rodrigo Prieto. Montagem: Barry Alexander Brown. Música: Terence Blanchard. Figurino: Sandra Hernandez. Direção de arte/cenários: James Chinlund/Ondine Karady. Produção executiva: Nick Weschler. Produção: Julia Chasman, Jon Kilik, Spike Lee, Tobey Maguire. Elenco: Edward Norton, Philip Seymour Hoffman, Barry Pepper, Brian Cox, Rosario Dawson, Anna Paquin. Estreia: 19/12/02

Desde que surgiu no cenário hollywoodiano, com seu genial trabalho em "As duas faces de um crime", que lhe deu uma merecida indicação ao Oscar de ator coadjuvante, Edward Norton teve uma trajetória exemplar. Trabalhou com cineastas acima de qualquer suspeita, como Woody Allen, Milos Forman e David Fincher, assumiu a cadeira de diretor com o simpático "Tenha fé" e entregou no mínimo uma atuação inesquecível, como o skinhead arrependido de "A outra história americana", de 1998. Depois de alguns filmes que não exploraram todo o potencial de seu talento - entre eles "Dragão vermelho", terceiro filme estrelado por Hannibal Lecter - ele voltou a encantar seu público com "A última noite", um potente e polêmico drama dirigido pelo não menos controverso Spike Lee.

Realizado sob a tensão pós-11 de setembro, "A última noite" é baseado em um romance de David Benioff, também autor do belo roteiro, que discute preconceito, lealdade, diferenças sociais e a força da amizade sem soar piegas ou condescendente. Contando com um protagonista falível e um time de coadjuvantes interessantes por si mesmos, é um filme que foge do panfletarismo barato que caracteriza a obra de seu diretor, atingindo seu público justamente por ser honesto em suas discussões e seu amor incondicional por Nova York e suas idiossincrasias culturais e sociais.

Quando o filme começa, o protagonista Monty Brogan (Edward Norton, ótimo) está às vésperas de ir para a cadeia, condenado a sete anos de prisão por tráfico de drogas. Sua última noite de liberdade será passada ao lado da namorada, Naturelle (Rosario Dawson) e dos melhores amigos, o yuppie Frank (Barry Pepper, excelente) e o professor de Literatura Jacob (Philip Seymour Hoffman). Enquanto se sente angustiado com a possibilidade de ter sido denunciado pela mulher que ama, Monty encara suas últimas horas de liberdade como uma espécie de despedida de uma vida com certo conforto e tranquilidade e questiona o estado em que está a cidade que ama após os atentados cometidos por Osama Bin Laden. Nesse meio-tempo, Frank tenta convencê-lo de que o ajudará após a temporada na prisão e Jacob foge da tentação sexual representada por uma aluna adolescente, Mary (Anna Paquin).



Apesar de sua trama ter elementos policiais - tráfico de drogas, traição - "A última noite" é, acima de tudo, um drama familiar (sendo o núcleo familiar tradicional subsituído pelos amigos) que retrata com acuracidade diferentes estilos de vida americanos. Frank é o arrogante executivo das finanças que se acha mais importante que os amigos porque tem um salário muito maior que o deles; Jacob é o professor solitário e idealista que se deixa seduzir por uma aluna que precisa de boas notas; e Monty representa o tipo de gente que se deixa levar pelo caminho mais fácil de atingir o sucesso, vendendo drogas a estudantes e tornando-se um traficante conhecido e bem-sucedido. Apesar de suas diferenças, eles tem uma convivência pacífica e quase terna, só abalada pela presença de Naturelle, uma presença dúbia e sexy que tanto pode ser a mulher confiável em que Monty acredita plenamente ou a traidora que seus amigos pintam.

Dirigido com fúria contida por um Spike Lee discreto mas eficaz em sua maneira pungente de fazer cinema, "A última noite" se beneficia amplamente de seu elenco, composto por atores em seus melhores dias. Se Norton e Seymour Hoffman não precisam provar nada a ninguém, a surpresa maior fica por conta de Barry Pepper, que por pouco não rouba as cenas em que aparece, em uma interpretação inspirada e sutil que vai se avolumando até estourar nas suas últimas cenas, em que precisa espancar o melhor amigo para ajudá-lo a sobreviver na prisão. E na pele de James, o calejado pai de Monty, o onipresente Brian Cox brinda o público com um trabalho delicado e emocionante.

Um dos filmes mais subestimados da temporada 2002, "A última noite" é fascinante, forte, impactante e comovente na medida certa. Um belíssimo filme, feito para adultos que gostam de cinema com consistência.

UM MÊS, 31 FILMES - DIA 08 - FILME CEBOLA (MAIS TRISTE DE TODOS)

Primeiro é preciso dizer que para um filme me fazer chorar não é preciso muito. Qualquer cena mais emotiva, romântica ou que me traga lembranças imediatamente liga minha torneirinha e aí é difícil parar. Cenas em que pessoas pedem perdão sempre me tocam, assim como despedidas em leitos de morte e declarações de amor (sim, sou um manteiga derretida, dá licença?). Mas poucos filmes tem o poder de me fazer chorar sempre na mesma cena, a ponto de chegar a ser sem graça, como "As pontes de Madison". O velho Clint Eastwood, do alto de sua aparência de durão insensível me pegou de jeito com a história de amor entre Robert Kincaid, fotógrafo da National Geographic e Francesca Johnson, dona-de-casa vivida magistralmente por Meryl Streep.

Resistam, se forem insensíveis...

ADAPTAÇÃO

ADAPTAÇÃO (Adaptation, 2002, Good Machine, 114min) Direção: Spike Jonze. Roteiro: Charlie Kaufman, David Kaufman, livro "O ladrão de orquídeas", de Susan Orlean. Fotografia: Lance Acord. Montagem: Eric Zumbrunnen. Música: Carter Burwell. Figurino: Casey Storm. Direção de arte/cenários: K.K. Barrett/Gene Serdena. Produção executiva: Charlie Kaufman, Peter Saraf. Produção: Jonathan Demme, Edward Saxon. Elenco: Nicolas Cage, Meryl Streep, Chris Cooper, Brian Cox, Maggie Gyllenhaal, Ron Livingstone, Tilda Swinton, Cara Seymour, Judy Greer. Estreia: 06/12/02

4 indicações ao Oscar: Ator (Nicolas Cage), Ator Coadjuvante (Chris Cooper), Atriz Coadjuvante (Meryl Streep), Roteiro Adaptado
Vencedor do Oscar de Ator Coadjuvante (Chris Cooper)
Vencedor de 2 Golden Globes: Ator Coadjuvante (Chris Cooper), Atriz Coadjuvante (Meryl Streep)

Depois de fazer sucesso como roteirista de “Quero ser John Malkovich”, pelo qual foi até mesmo indicado ao Oscar, o escritor Charlie Kaufman (Nicolas Cage) recebe a proposta de adaptar para as telas o livro “O ladrão de orquídeas”, da jornalista Susan Orlean (Meryl Streep). Ao ler a obra, no entanto, Kaufman entra em pânico: o livro, que conta a história do botânico John Laroche (Chris Cooper) não tem uma forma linear, ou pior ainda, não tem nem história. Em total crise de criatividade, Charlie ainda tem que aturar em sua própria casa as idéias de Donald (novamente Cage), seu irmão gêmeo, que também ambiciona a carreira de roteirista e está escrevendo um filme completamente sem pé nem cabeça, mas que, por ironia, agrada em cheio aos executivos de Hollywood. Sem saber que rumo tomar, Charlie chega a criar uma inexistente história de amor entre a escritora e seu objeto de estudo e, em momento de total desamparo, a procurar a ajuda de um professor de cursos de roteiro, um charlatão profissional que vive de ensinar aos sonhadores autores de cinema a fórmula do sucesso (vivido magistralmente por Brian Cox). No ápice do desespero, Charlie tenta, então, sua cartada mais absurda: pede ajuda a seu irmão, que transforma o livro de Orlean em uma trama de tráfico de drogas, violência e sexo.

Neste brilhante exercício de metalinguagem, o excepcional Charlie Kaufman conseguiu superar a si próprio. Enquanto “Quero ser John Malkovich” era um primor de criatividade e humor negro, “Adaptação” é a afinação de uma mente no mínimo enlouquecida. Ao criticar a própria indústria hollywoodiana com todas as suas idiossincrasias e incoerências, ele criou um filme que todos os roteiristas de cinema poderiam sonhaR criar: inteligente, engraçado e absolutamente inovador, pra não dizer quase esquizofrênico. Quando a agente do roteirista Kaufman, vivida no filme por Tilda Swinton diz, a certo momento que adoraria entrar na sua mente, só o que podemos pensar é que ela não é a única. Charlie Kaufman é tão louco que assina seu roteiro como se o tivesse escrito ao lado do irmão Donald, que na verdade nem existe. E pensar que a Academia indicou (a ambos) para um Oscar.

 

“Adaptação” não é um filme para qualquer público. Suas sutilezas são tantas que só mesmo aqueles que conhecem razoavelmente as engrenagens do cinema conseguem captar de imediato. Um exemplo claro: quando Donald, o irmão enlouquecido de Charlie começa a ajudar no processo de escrita do filme, a obra de Jonze muda totalmente de estilo. De uma narrativa clássica e com intenções sérias, vira um samba do crioulo doido, com direito a perseguições de carro, tiroteios e até um jacaré salvador. Erro de direção? Não, erro de percepção do público. E é aí que entra o talento do diretor Spize Jonze, que já havia trabalhado com um texto de Kaufman no supra citado “Quero ser John Malkovich”.
Egresso de videoclipes, Jonze parece não dar a mínima para as regras de se fazer cinema. Criativo, ousado, por vezes delirante, o cineasta não busca as soluções mais fáceis. Ele quer complicar, quer fazer o povo pensar e rir de si mesmo. E o faz com a ajuda inenarrável de seu elenco. Nicolas Cage nunca esteve melhor em sua carreira (nem mesmo em “Despedida em Las Vegas”, que lhe deu um Oscar), em uma atuação dupla absurdamente engraçada; Chris Cooper levou sua estatueta pelo complexo John Laroche, que dependendo do ponto de vista de cada autor, tinha uma personalidade distinta. E Meryl Streep prova mais uma vez porque é a melhor atriz americana em atividade. Na pele da sensível escritora Susan Orlean (cujo livro existe de verdade, mas não tem absolutamente nada a ver com o filme), Streep rouba todas as cenas em que aparece, fazendo uma personagem totalmente distante do que estamos acostumados a vê-la.

"Adaptação" é tão bom, mas tão bom, que até mesmo seu trailer vale a pena assistir, de tão irônico. Não é um humor de fácil assimilação, mas é uma aula de roteiro e metalinguagem como raramente se vê nesses tempos em que tudo chega ao público de forma mastigadinha e preguiçosa.

sábado

UM MÊS, 31 FILMES - DIA 07 - MELHOR COMÉDIA-TONTA-QUE-NÃO-PREJUDICA-OS-NEURÔNIOS

Tudo bem que eles foram os culpados pela onda de filmes satirizando gêneros e debochando de outros filmes, mas é preciso reconhecer que, apesar de serem os avôs de filmes como "Os espartalhões" (Deus nos perdoe!), os cineastas Jim Abrahams, David Zucker e Jerry Zucker foram os responsáveis por dar uma sacudida na comportada comédia norte-americana do início dos anos 80. Ainda que hoje tenhamos que aturar dezenas de filmes absurdamente ruins, que desvirtuaram o conceito de filmes-sátira que eles tão bem criaram, é inegável que não dá pra ficar incólume às milhares de palhaçadas que eles apresentaram em seu primeiro filme. "Apertem os cintos... o piloto sumiu" é uma das coisas mais engraçadas já produzidas por Hollywood, e que atire o primeiro livro de Camus o metido a intelectual que não deu sequer uma gargalhada na frente da TV enquanto assistia à quantidade astronômica de asneiras despejadas por eles.

Inspirado nos filmes-catástrofe que faziam a glória das bilheterias no final da década de 70, "Apertem os cintos" é um festival de besteiras visuais e verbais que não poupam nada nem ninguém (que saudade do tempo pré-politicamente correto do cinema ianque....) e tem a participação de Robert Stack (que tentou ser um ator sério nos anos 50) e Leslie Nielsen (treinando para seu Frank Drebin da saudosa trilogia "Corra que a polícia vem aí", que bebia direto na fonte do humor caótico reinventado pelo trio).

"Apertem os cintos... o piloto sumiu" é uma delícia! E é minha comédia-tonta-que-não-prejudica-os-neurônios preferida. E como cantava Zé Ketti, podem me prender, podem me bater que eu não mudo de opinião...

sexta-feira

LONGE DO PARAÍSO

LONGE DO PARAÍSO (Far from heaven, 2002, Focus Features, 107min) Direção e roteiro: Todd Haynes. Fotografia: Edward Lachman. Montagem: James Lyons. Música: Elmer Bersntein. Figurino: Sandy Powell. Direção de arte/cenários: Mark Friedberg/Ellen Christiansen. Produção executiva: George Clooney, Eric Robison, John Sloss, Steven Soderbergh, John Wells. Produção: Jody Patton, Christine Vachon. Elenco: Julianne Moore, Dennis Quaid, Dennis Haysbert, Patricia Clarkson, James Rebhorn, Viola Davis. Estreia: 22/11/02

4 indicações ao Oscar: Atriz (Julianne Moore), Roteiro Original, Fotografia, Trilha Sonora Original

Um dos mais populares cineastas da década de 50, o alemão Douglas Sirk teve uma história dramática o suficiente para chegar às telas: quando o nazismo começou a ameaçar o mundo, em 1937, ele teve que abandonar seu país devido às perseguições a sua segunda mulher, a atriz de teatro Hilde Jary. Quem a denunciou (obrigando o casal a fugir para a Itália) foi a primeira esposa de Sirk, a mãe do seu filho (que ele nunca mais viu). O cineasta que, por ironia, era admirado por Goebbels, chegou em Hollywood em 1941, mas foi depois de 1950 que tornou-se uma espécie de marca registrada. Seus filmes estrelados por Rock Hudson ("Sublime obsessão", de 1954, "Tudo que o céu permite", de 1955 e "Palavras ao vento", de 1956), além do clássico "Imitação da vida", que Lana Turner estrelou em 1959 tinham como assinatura um visual extravagante (hoje denominado "kitsch") e um pendor para o melodrama que, apesar do sucesso comercial, só começou a ser reconhecido como estilo a partir dos anos 60, pela prestigiosa revista francesa "Cahiers du Cinéma".

Um dos maiores admiradores de Sirk, o cineasta Todd Haynes encontrou, em 2002, uma maneira de homenageá-lo. "Longe do paraíso", estrelado por Julianne Moore em um momento de grande inspiração, foi um dos filmes mais elogiados do ano, chegando a concorrer a quatro Oscar: além de Moore, a trilha sonora de Elmer Bernstein, a fotografia de Edward Lachman e o roteiro do diretor também foram indicados, mas todos acabaram perdendo as estatuetas. Mesmo assim, o filme de Haynes é um dos mais bem-acabados exemplares de um gênero que era extremamente popular há 60 anos mas que, com o advento do que convencionou-se chamar de "cinema moderno" caiu no limbo: o melodrama. Dono de um visual caprichadíssimo e uma trama que explora os preconceitos e as relações sociais da época, "Longe do paraíso" é uma poderosa vitrine para o talento de todos os envolvidos.



Julianne Moore - no mesmo ano em que também concorreu ao Oscar como coadjuvante por "As horas" - vive Cathy Whitaker, uma dona-de-casa perfeita dos anos 50. Sua vida consiste em cuidar da casa, dos filhos e do marido, o executivo Frank (Dennis Quaid, na melhor atuação de sua carreira), além de ser uma espécie de exemplo para todas as amigas. Seu mundo cor-de-rosa vira do avesso, porém, quando ela descobre que seu marido é homossexual - fato que levará o casal a tentar até mesmo eletrochoques - e começa uma amizade desinteressada por Raymond Deagan (Dennis Haysbert, o presidente dos EUA nas primeiras temporadas da série "24 horas"), o jardineiro de sua casa. Sua relação com um homem negro choca a sociedade e a leva a questionar a fragilidade de sua vida aparentemente intocável.

Além de seu elenco impecável - que também conta com a sempre ótima Patricia Clarkson - "Longe do paraíso" conta com um visual deslumbrante, que remete diretamente ao estilo de cinema que se pretende louvar. Cada cena, milimetricamente elaborada, é uma festa para os olhos, de um colorido obtido através do uso dos mesmos equipamentos utilizados na época em que se passa a trama de Haynes. O technicolor brilhante não apenas conta à audiência como eram os filmes então, e sim a mergulha diretamente no universo de Cathy, de cores exageradas que escondem a escuridão de sua vida matrimonial. Em conjunto com a grandiloquente música do maestro Elmer Bernstein (em seu último trabalho), a reconstituição de época detalhista, a fotografia e o roteiro (que consegue fugir da simples homenagem para ter uma potente vida própria), o filme do diretor de "Velvet goldmine" é um presente para os fãs do cinemão hollywoodiano que não se faz mais no século XXI. E talvez por isso possa parecer tão restrito.

"Longe do paraíso" não foi um sucesso de bilheteria, tendo rendido pouco mais de 15 milhões de dólares no mercado doméstico, o que não deixa de ser esperado. Mas é um dos dramas mais interessantes dos anos 2000, tanto em termos visuais quanto dramáticos. E Julianne Moore é um espetáculo à parte.

UM MÊS, 31 FILMES - DIA 06 - COM O CORAÇÃO NA BOCA

Tudo bem que "O exorcista" é para estragar o sono de qualquer cidadão e se mantém mais apavorante do que as dezenas de subprodutos que vieram a reboque. Ok, "O bebê de Rosemary" é a obra-prima absoluta de Roman Polanski, mas o vejo bem mais como um pesado drama psicológico do que exatamente um filme de terror. Sendo assim - e desprezando a qualidade (?) de muitos filmes que assustam mas são esquecidos tão logo chegam ao fim seus créditos de encerramento - não há como escolher outro filme que não este para homenagear como meu filme de terror preferido: "Coração satânico", dirigido com gosto pelo inglês Alan Parker ainda me angustia todas as vezes em que eu o assisto.

Lançado na época em que Mickey Rourke era um astro promissor e tinha pinta de galã, "Coração satânico" foi contra toda a tendência da época - a saber, filmes em que assassinos mascarados estripavam adolescentes - para narrar com elegância e estilo uma história de extrema tensão, que misturava rituais religiosos africanos e um pacto faustiano. A fotografia noir de Michael Seresin, a trilha sonora de Trevor Jones e a ambientação soturna dão o tom exato para a narrativa nervosa de Parker, que prefere não dar maiores explicações até o acachapante final, que choca e surpreende na medida certa.

Mickey Rourke se sai bem como o detetive Harry Angel (com um visual sujo e desleixado que já dava mostras do que viria pela frente), mas é Robert DeNiro (quem mais?) que se destaca como o mefistofélico Louis Cypher, que contrata Angel para descobrir o paradeiro de um músico que tem uma dívida com ele. É para mexer com os nervos de qualquer um. E ainda tem uma cena de sexo absolutamente perturbadora, o que justificou sua censura quando passou nos cinemas brazucas, em 1987. É de ver e rever sempre! E sempre ficar com o coração na boca (se é que é apropriado falar em coração nessa circunstância).

quinta-feira

UM MÊS, 31 FILMES - DIA 05 - ATRIZ E ATOR PREFERIDOS

Eis que chega a hora de uma pequena trapaça que certamente será perdoada pelos leitores. Afinal, em um universo de tantos e tão talentosos atores, como seria possível para mim escolher apenas um de cada sexo? Para não sair tanto da proposta me limitei a escolher os nomes seguindo um único criterio um casal do cinema clássico (ou eterno, como podem dizer os mais românticos) e um casal contemporâneo. Acho que assim talvez seja um bocadinho mais justo.

ATOR

MONTGOMERY CLIFT



O cinema clássico hollywoodiano foi pródigo em fabricar astros e galãs, e exigir deles comportamentos que não abalassem a imagem que o público queria ver deles. Para o bem do cinema como forma de arte, alguns nomes conseguiram mostrar que, debaixo do verniz imposto pelo star system havia um grande talento. Foi o que aconteceu com Montgomery Clift. Dono de uma beleza clássica que encantou Elizabeth Taylor (que foi sua amiga até que ele morrese, aos 45 anos de idade, em 1966) e o público de todos os sexos, Clift não apenas foi um galã romântico como queriam os produtores, mas também um ator de tipos intensos e filmes que exigiam mais da audiência do que os tradicionais melodramas da época. Quando viveu George Eastman, o torturado protagonista de "Um lugar ao sol" (seu melhor filme e sua melhor atuação, que lhe garantiu sua segunda indicação ao Oscar de melhor ator), ele já não era um novato. Havia contracenado com John Wayne em "Rio vermelho" e servido de galã para Olivia de Havilland ganhar seu Oscar em "Tarde demais" (além de ter sido indicado logo em sua estreia, em "The search"). Foi durante as filmagens da adaptação feita por George Stevens do romance "Uma tragedia americana", de Theodore Dreise que ele conheceu Liz Taylor, com quem viveu uma relação de forte amizade mesmo em seus piores momentos - momentos esses que incluem um trágico acidente automobilístico e dependência alcóolica e a polêmica adaptação de "De repente, no último verão". Indicado ao Oscar ainda em outras duas ocasiões, ambas como coadjuvante - por "A um passo da eternidade" (1951) e "Julgamento em Nuremberg" (1961) - Clift ainda brilhou como o pai da psicanálise em "Freud, além da alma" (1962) e como um cowboy tardio no crepuscular "Os desajustados" (1961), os dois dirigidos por John Huston. Em todas as suas atuações, sempre foi mais um ator do que um astro. Faz falta! E foi homenageado pela banda R.E.M. na bela "Monty got a raw deal". do álbum "Automatic for the people", de 1999. Michael Stipe sabe o que é bom!

SEAN PENN



E quem diria que, por debaixo da truculência mostrada na juventude - quando espancava fotógrafos e a própria esposa, Madonna - existe uma sensibilidade tão grande? Aos 51 anos, o ex-enfant terrible Sean Penn é um respeitado ator vencedor de 2 Oscar, capaz de performances poderosas de tipos tão díspares quanto um doente mental, um político homossexual, um advogado cocainômano e homens absolutamente comuns envolvidos em circunstâncias extremas. E além de tudo, é politicamente ativo e um cineasta de extremo talento. Que o diga todo mundo que saiu aos prantos do belíssimo "Na natureza selvagem", de 2007.

O primeiro filme de Penn foi lançado em 1981, quando ele tinha meros 21 aninhos. Em "Toque de recolher", ele atou ao lado de um desconhecido Tom Cruise e já demonstrava uma certa predileção por personagens marginalizados e rebeldes, tipo que defendeu ainda em filmes como "Caminhos violentos" (1986) - onde viveu o filho de Christopher Walken - "As cores da violência" (1988) - que tratava do fenômeno das gangues nas ruas de Los Angeles - e "Pecados de guerra" (1989), de Brian de Palma, no papel de um soldado americano que lidera o estupro e o assassinato de uma jovem vietnamita. O final do casamento com Madonna fez muito bem a ele (e a ela, vide seu imenso sucesso nos anos 90). Em 1993 criou um inesquecível David Kleinfeld em "O pagamento final", ao lado de Al Pacino e em 1995 foi indicado pela primeira vez ao Oscar por seu impecável trabalho em "Os últimos passos de um homem".  Depois disso, atuou sob o comando de Oliver Stone ("Reviravolta"), David Fincher ("Vidas em jogo"), Terrence Mallick ("Além da linha vermelha" e o recente "A árvore da vida") e Woody Allen, que o dirigiu em "Poucas e boas" (que lhe rendeu mais uma indicação ao Oscar). A estatuta (a primeira) veio por sua atuação em "Sobre meninos e lobos", um trabalho delicado e que provou à audiência que ali estava um ator completo. Antes da segunda estatueta - no papel título de "Milk, a voz da igualdade" (2008) - ele ainda conseguiu emocionar a plateia como um homem que recebe um transplante de coração no tenso "21 gramas", de Alejandro Gonzalez Iñarritu.

Sean Penn some dentro das personagens que interpreta. E não é isso que faz de um ator alguém acima do corriqueiro?

ATRIZ

BETTE DAVIS

 

Um olhar diz mais que mil palavras...

MERYL STREEP



E vamos combinar que já está muito mais do que na hora de Meryl Streep subir ao palco e receber um novo Oscar? A estatueta (merecidíssima) que ela levou por "A escolha de Sofia" já deve estar esmaecida (e nem vou falar da recebida por "Kramer vs Kramer" de um longínquo 1979). De 1982 pra cá Streep já nos brindou com dezenas de atuações impecáveis, nos fazendo chorar aos soluços ("As pontes de Madison", "As horas"), rir ("Ela é o diabo", "A morte lhe cai bem", "O diabo veste Prada"), cantar ("Mamma Mia") e a desprezá-la ("O suspeito", "Sob o domínio do mal", "Dúvida"). E sempre, sempre, ficamos a nos questionar o que mais ela poderá oferecer em um próximo papel? Agora ela é Margaret Tatcher em "A dama de ferro" e oremos para que a Academia lhe faça justiça.  Afinal de contas, seria preciso um caminhão de estatuetas para premiar cada magnifício trabalho com que a maior atriz americana em atividade nos brindou. Salve, Meryl!

8 MILE, RUA DAS ILUSÕES

8 MILE, RUA DAS ILUSÕES (8 mile, 2002, Universal Pictures, 110min) Direção: Curtis Hanson. Roteiro: Scott Silver. Fotografia: Rodrigo Prieto. Montagem: Craig Kitson, Jay Rabinowitz. Música: Proof. Figurino: Mark Bridges. Direção de arte/cenários: Phillip Messina/Kristen Toscano Messina. Produção executiva: Carol Fenelon, Gregory Goodman, Paul Rosenberg, James Whitaker. Produção: Brian Grazer, Curtis Hanson, Jimmy Iovine. Elenco: Eminem, Kim Basinger, Brittany Murphy, Michael Shannon, Mekhi Pifer. Estreia: 06/11/02

Vencedor do Oscar de Melhor Canção ("Lose yourself")

Não foi apenas Barbra Streisand quem se surpreendeu. Toda a audiência do Oscar 2003 ficou de queixo caído quando a estatueta de Melhor Canção do ano não foi parar nas mãos dos irlandeses da banda U2 (como era o esperado) e sim na estante de Eminem, um rapper branco criado em Detroit que, a despeito de suas polêmicas (ou talvez por causa delas), já havia vendido milhões de CDS e ganho alguns Grammy. Sua canção, intitulada Lose yourself, fazia parte da trilha sonora de um filme sobre um rapaz pobre, de Detroit, que tenta vencer na vida cantando rap. Qualquer semelhança não é mera coincidência. "8 mile, rua das ilusões" é claramente inspirado na vida de Eminem, que, logicamente, interpreta o papel central.

Jimmy Smith, ou B-Rabbit, como é carinhosamente chamado pela família e pelos amigos mais próximos, é um rapaz cuja vida não é exatamente um mar de rosas. Depois de terminar o namoro e iniciar um pesado trabalho em uma metalúrgica, ele volta a morar no trailer que dividia com sua mãe, Stephanie (Kim Basinger, envelhecida e convincente), tendo que aguentar as provocações do novo amante dela, Greg (Michael Shannon), que estudava na mesma escola que ele. Oprimido por situação financeira, o introvertido Rabbit só encontra voz nas letras de rap que escreve, incentivado por sua turma de amigos, um grupo de rapazes que também não parece ter um futuro promissor. Seu talento para a música o leva a inscrever-se em uma espécie de batalha de cantores de rap, que pode ser o trampolim para seu sucesso. Enquanto isso, se envolve em um hesitante romance com a ambiciosa (Brittany Murphy), que o apresenta aos executivos de uma gravadora.




O Oscar de melhor canção, na verdade, não é a única surpresa em relação a 8 mile. Não deixou de ser inesperado, por exemplo, que seu diretor seja Curtis Hanson, na época em alta dentro da indústria devido ao sucesso de crítica de seus "Los Angeles, cidade proibida" e "Garotos incríveis". Com sua elegância e discrição, Hanson transformou o que poderia ser um filme da semana em um drama interessante e capaz de agradar até mesmo a quem não é fã do gênero musical de seu protagonista. Assumindo um projeto que passou pelas mãos de nomes tão díspares quanto os ingleses Stephen Daldry e Alan Parker, o escocês Danny Boyle e até Quentin Tarantino - que só caiu fora porque preferiu dedicar-se a "Kill Bill" - Hanson mostrou uma versatilidade que iria ainda mais além com o drama feminino "Em seu lugar", feito três anos depois. Mas a maior surpresa foi realmente a atuação de Eminem.

Em seu primeiro filme, o cantor/compositor não faz feio. Mais magro do que normalmente e de cabelos tingidos de preto, ele mostra-se natural, frágil e introvertido, sem a agressividade que transmite em seus shows e videoclipes e convence tanto nas cenas dramáticas quanto nas românticas. Evidentemente, em cima de um palco ele cresce, assim como sua personagem. A direção de Hanson transforma um filme sobre um rapaz em busca de seus sonhos em uma versão rap de um filme de esportes (comparar Jimmy Rabbit com Rocky Balboa não seria um exagero), sem a violência (ou pelo menos com ela bastante resumida) e com um bocadinho de crítica social que foi devidamente ignorada por boa parcela do público que lotou as salas de cinema.

"8 mile, rua das ilusões" talvez seja um filme pouco ambicioso para um diretor com a capacidade de Curtis Hanson, mas é um produto sob medida para seu astro, que aproveitou o ensejo para arrancar elogios da crítica e lançar um CD com a trilha sonora. E, se não bastasse, surpreendeu Barbra Streisand e os fãs do U2.  Nada mal!

quarta-feira

UM MÊS, 31 FILMES - DIA 04 - MELHOR DIRETOR

As irônicas neuroses nova-iorquinas de Woody Allen? As aulas de enquadramento e suspense do mestre Hitchcock? O humor inteligente e sarcástico de Billy Wilder? A violência estilizada de Martin Scorsese? A contemporaneidade sofisticada de David Fincher? Desculpem-me, mas, apesar de todos os cinestas citados acima serem responsáveis diretos por minha paixão por cinema meu diretor preferido não vem de Hollywood. O trono pertence ao polêmico, mordaz, sensual, crítico e dono de uma assinatura visual e temática facilmente reconhecíveis (mas nunca previsíveis) Pedro Almodóvar.


O diretor nascido em 1949 em um vilarejo espanhol chegou a Madri em 1968, participou da cena cultural underground da cidade e, com o dinheiro que juntou trabalhando em uma telefônica estatal chegou ao cinema em longa-metragem com "Pepi, Luci, Bom e outras garotas de montão", de 1980. Debochado visualmente e verbalmente, ele logo tornou-se conhecido dentro domovimento cultural espanhol da época. Não demorou muito e ele já estava atrás das câmeras novamente, entregando a seu (então) restrito público filmes que utilizavam o tosco e o kitsch como ingredientes de uma receita que misturava a sátira à sociedade e um forte elemento homossexual. Surgiram então "Labirinto de paixões" (1982) - em que uma jovem ninfomaníaca se apaixonava por um príncipe árabe gay - "Maus hábitos" (1983) - cuja protagonista era uma crooner que se escondia em um convento e passava a conviver com freiras viciadas em drogas e uma madre superiora lésbica - "Que fiz eu para merecer isso?" - em que uma mãe vende seu filho para um dentista pedófilo - "Matador" - que misturava touradas com sadomasoquismo - e "A lei do desejo" - em que um diretor de cinema lidava com um jovem obcecado por ele e com uma irmã transexual que era esposa do próprio pai.


Em 1988, seus dias de underground começaram a ficar para trás quando foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com o hilário "Mulheres à beira de um ataque de nervos", que o tornou conhecido e admirado. A partir daí, começou a sofisticar seu trabalho, sempre deixando, porém, sua marca registrada em cada filme. Em "Ata-me!" um rapaz sequestra uma atriz pornô para convencê-la a casar-se com ele. Em "De salto alto", uma jornalista se envolve com uma drag-queen que imita sua mãe. Em "Kika" apresentou ao mundo a repórter sensacionalista Andrea Caracortada e uma engraçada (!!) cena de estupro. Foi somente com "A flor do meu segredo", de 1995, no entanto, que seu flerte com o melodrama virou compromisso sério. A partir daí, o debochado dividiu espaço com o sofisticado. Vieram então suas obras-primas. "Carne trêmula" uniu o erotismo com uma história de vingança. "Tudo sobre minha mãe" ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro e a Palma de Ouro em Cannes. "Fale com ela" levou o Oscar de roteiro original e lhe colocou no páreo para o prêmio de melhor direção. "Má educação" causou polêmica ao versar sobre pedofilia nas instituições religiosas (e apresentou uma atuação primorosa de Gael García Bernal). "Volver" emocionou ao falar sobre relações entre mães e filhas (além de ter dado a Penelope Cruz sua primeira indicação ao Oscar). "Abraços partidos" foi uma homenagem ao cinema em geral e ao seu em particular. E "A pele que habito" é simplesmente abismal em sua inventividade narrativa e visual.


Iconoclasta, sexy, debochado, kitsh, passional...É preciso mais motivos para amar o cinema de Pedro Almodovar???

O CHAMADO

O CHAMADO (The ring, 2002, Dreamworks SKG, 115min) Direção: Gore Verbinski. Roteiro: Ehren Kruger, romance de Koji Suzuki, roteiro original de Hiroshi Takahashi. Fotografia: Bojan Bazelli. Montagem: Craig Wood. Música: Hans Zimmer. Figurino: Julie Weiss. Direção de arte/cenários: Tom Duffield/Rosemary Brandenburg. Produção executiva: Doug Davison, Roy Lee, Mike Macari, Michele Weisler. Produção: Laurie MacDonald, Walter F. Parkes. Elenco: Naomi Watts, Martin Henderson, David Dorfman, Brian Cox, Jane Alexander, Daveigh Chase. Estreia: 18/10/02

No início dos anos 2000, Hollywood, dando mais uma prova de sua crônica falta de criatividade, passou a buscar nos filmes de terror orientais a matéria-prima para alguns de seus maiores sucessos do gênero. O responsável por tal tendência - e que acabou tornando-se vítima dela quando gerou uma continuação desnecessária - foi "O chamado", remake que, por incrível que pareça, melhorou bastante seu original, dirigido por Hideo Nakata (por sua vez, baseado em um romance de Kôji Suzuki). Comandada por Gore Verbinski (em alta pelo sucesso de sua versão cinematográfica de "Piratas do Caribe"), a versão ianque consegue ter clima apropriado, um elenco afiado e, melhor ainda, mantém o suspense em alta até suas cenas finais.

O remake americano de "O chamado" é bastante fiel a sua origem japonesa, seguindo quase à risca o roteiro do filme de Nakata. Naomi Watts (recém saída dos elogios por "Cidade dos sonhos", de David Lynch) é a protagonista, a jornalista Rachel Keller, mãe solteira do precoce Aidan (David Dorfman). Dedicada à profissão (e curiosa como uma boa repórter deve ser), Rachel inicia uma investigação inusitada depois da morte inesperada da sobrinha adolescente: ela segue os rastros de uma fita de vídeo que, segundo consta, mata quem a assiste, depois de sete dias. Após assistir à tal fita (que encontra na pousada onde sua sobrinha passou seu último fim de semana), Rachel começa uma corrida contra o tempo para evitar sua morte e a do filho, que também assistiu às desconexas imagens. Com a ajuda do ex-namorado Noah (Martin Henderson), ela tenta descobrir as razões por trás do filme e descobre, aterrorizada, uma trágica história familiar com fim trágico.



Fotografado com competência por Bojan Bazelli - que mistura o tom sombrio da história com a umidade constante de Seattle, cenário da trama - "O chamado" tem a seu favor, também, a direção competente de Verbinski, que, mesmo que esteja longe de ser um cineasta original ou ousado, narra com correção e seriedade um filme que inteligentemente foge da tendência de apelar para o humor (característica esta que marcou uma fase do gênero terror no final dos anos 90). Para o bem do espectador que gosta de sentir medo (e assustar-se), o cineasta mantém sempre a sensação de perigo constante e chega ao luxo de enganar a plateia, aparentemente terminando a história para então apresentar seu desfecho pessimista. Ainda que não chegue a ser exatamente surpreendente (sempre é bom deixar um gancho para uma sequência, ensinam os executivos de Hollywood), essa opção encerra o filme com coerência e elegância.

Apesar das explicações meio capengas para mostrar os motivos que levaram a vilã Samara Morgan (interpretada pela pequena e assustadora Daveigh Chase) a tornar-se vingativa - culpa mais da história original em si do que de seu remake - "O chamado" é um dos mais decentes filmes de terror dos anos 2000, dando a chance a Naomi Watts de comprovar o talento mostrado em seu inesquecível trabalho em "Cidade dos sonhos". Um filme imperdível para os fãs do gênero!

terça-feira

UM MÊS, 31 FILMES - DIA 03 - SESSÃO DA TARDE INESQUECÍVEL

Eu tenho pena das crianças e pré-adolescentes de hoje em dia. Não apenas tiveram suas férias reduzidas a quase nada (e pensar que eu tinha quase três meses de férias de verão) como ainda por cima não tem uma Sessão da Tarde decente para diminuir o cansaço do ano letivo. Pode até soar nostálgico, mas era delicioso ficar em casa à tarde, assistindo seriados bobos e principalmente curtindo filmes realmente bons. A quanto tempo, por exemplo, a Globo não reprisa "Os Goonies", "Admiradora Secreta", "Namorada de Aluguel" e "Mulher Nota 1000"? Tudo bem, vistos com olhos críticos eles até podem ser ruins, mas e a memória afetiva não conta?


Mas nenhuma Sessão da Tarde é tão boa, tão divertida, tão revolucionária (ao menos em termos juvenis) do que "Curtindo a vida adoidado". Dirigido por John Hughes - que marcou toda a minha geração com seus "Clube dos cinco", "A garota de rosa-shocking" e "Gatinhas e gatões" - a odisséia de Ferris Bueller (em atuação marcante e jamais esquecida de Matthew Broderick) por um dia de folga de seus deveres estudantis faz de todo mundo jovem novamente. Quem nunca quis fazer todas as loucuras que o carismático Ferris fez? Quem nunca questionou o futuro, como seu melhor amigo Cameron (Alan Ruck)? Quem consegue resistir a "Twist and shout"? Quem nunca vibrou com o fracasso do inspetor vivido por Jeffrey Jones?


"Curtindo a vida adoidado" é um filme irresistível. É engraçado, é leve, é agradável e é a materialização dos desejos de todo e qualquer aluno que já sonhou em sumir da escola para aproveitar um dia de sol...

DEIXE-ME VIVER

DEIXE-ME VIVER (White oleander, 2002, Warner Bros, 109min) Direção: Peter Kosminsky. Roteiro: Mary Agnes Donoghue, romance de Janet Fitch. Fotografia: Elliott Davis. Montagem: Chris Risdale. Música: Thomas Newman. Figurino: Susie DeSanto. Direção de arte/cenários: Donald Graham Burt/Bryony Foster. Produção executiva: Stacy Cohen, E.K. Gaylord II, Kristin Harms, Patrick Markey. Produção: Hunt Lowry, John Wells. Elenco: Michelle Pfeiffer, Alison Lohmann, Renée Zellweger, Robin Wright-Penn, Patrick Fugit, Noah Wyle, Cole Hauser. Estreia: 11/10/02

Em 2002, a incansável máquina de fabricar novas estrelas que Hollywood jamais abandona encontrou um novo nome a ser explorado: com meros 13 anos de idade (mas trabalhando como atriz desde a mais tenra infância), a delicada Alison Lohman conquistou a simpatia do público e da crítica no papel de uma frágil pré-adolescente lutando para fugir do jugo de uma mãe dominadora condenada por homicídio. Depois de sua convincente atuação em "Deixe-me viver", adaptado de um romance de Janet Fitch, a jovem Lohman pavimentou seu caminho para trabalhar com diretores do porte de Ridley Scott e Tim Burton - e foi mais um exemplo de que pouca idade não é desculpa para falta de talento: mesmo bastante jovem, ela enfrentou sem medo o desafio de atuar com atrizes consagradas já em seu primeiro filme de grande visibilidade.

Aliás, grande visibilidade em termos. Aposta certeira para a temporada de prêmios - em especial era considerada certeza a indicação de Michelle Pfeiffer ao Oscar de coadjuvante - o filme de Peter Kosminsky acabou morrendo na praia, sem tornar-se nem um êxito de crítica nem o sucesso comercial que se esperava. Porém, a despeito dessa frustrada ambição por estatuetas, "Deixe-me viver" é um filme com belas qualidades. E a maior delas já está estampada no cartaz: o elenco feminino acima de qualquer suspeita.



Em uma interpretação surpreendente, Michelle Pfeiffer vive Ingrid Magnussen, uma artista plástica tão talentosa quanto temperamental que vê sua vida virar de cabeça pra baixo quando mata um ex-amante que a trocou por outra mulher. Condenada à prisão, ela perde a guarda da filha única, Astrid, uma adolescente introvertida que tinha na imagem materna um exemplo a ser seguido. A falta de referências da jovem aumenta ainda mais quando ela passa a viver em consecutivos lares provisórios, tomando contato com realidades distintas da que vivia até então. É assim que ela vai morar, entre outras, com Starr (a excelente Robin Wright), uma mulher que se diz religiosa mas não concebe sua vida sem estar atrelada a um homem e com Claire Richards (Renee Zelwegger), uma atriz decadente com o casamento em frangalhos. Enquanto tenta manter um equilíbrio em seu mundo já bastante bagunçado, Astrid ainda precisa lidar com o fato de não conseguir fugir dos domínios de sua mãe, uma mulher ardilosa e inteligente que tem na filha o único contato com o mundo exterior.

Não se pode dizer que "Deixe-me viver" seja psicologicamente acurado ou tenha personagens brilhantemente desenhados. Seu formato episódico de certa forma prejudica o envolvimento do espectador com suas personagens, que poderiam ser melhor desenvolvidas. É lamentável, por exemplo, que Robin Wright-Penn, uma atriz tão sensacional, fique tão pouco tempo em cena. Mas o roteiro consegue fazer com que a história nunca perca seu interesse e seu foco central (a relação entre Astrid e sua mãe) e, além de tudo, não caia nos exageros melodramáticos que a história fatalmente poderia apresentar devido ao tema. Essa opção por não cair no piegas valoriza o resultado final, ainda que não o torne especialmente marcante. Ainda assim, é um drama competente e que apresentou uma jovem atriz ao mundo. Já está de bom tamanho!

segunda-feira

UM MÊS, 31 FILMES - DIA 02 - MELHOR SEQUÊNCIA INICIAL E MELHOR SEQUÊNCIA FINAL

A tela ainda está negra quando se ouve a primeira frase "Eu acredito na América!". Assim começa "O poderoso chefão", provavelmente o melhor (ou melhores, se considerarmos a trilogia) filme de gângster da história do cinema. A sequência inicial já diz tudo sobre a personagem-título, o padrinho Don Corleone, interpretado magistralmente por um Marlon Brando envelhecido e em vias de ganhar seu segundo Oscar. Até que finalmente sua figura apareça para o público - que até então o via apenas de costas - segurando um gatinho, todo mundo já percebeu sua importância, sua influência e seu poder, através do clima, da fotografia noir de Gordon Willis e das reações das demais personagens que o rodeiam. Até que Don Vito Corleone saia de seu escritório para finalmente juntar-se aos convidados da festa de casamento de sua filha Connie passaram-se alguns dos mais importantes minutos iniciais da história do cinema. E só não escolho sua sequência final também - quando Kay percebe que seu marido Michael está assumindo o lugar do pai - porque seria injusto com tantas outras inesquecíveis. Mas Coppola é mestre!!



Acabar um filme é uma arte! Encerrar uma história de forma marcante não é apenas importante, é essencial! E mais uma vez escolher apenas uma sequência final é uma escolha de Sofia. Dentre centenas de momentos cruciais, portanto, não há quem resista ao charme vintage e romântico de um dos triângulos amorosos mais fascinantes da história. Atire a primeira pedra quem nunca derramou uma lágrima que seja quando Ingrid Bergman - na pele de Ilsa - se vê dividida, em pleno aeroporto, entre fugir do Marrocos com o marido, líder da resistência contra os nazistas (vivido por Paul Henreid) ou ficar com o amor de sua vida, o charmoso Rick Blaine (Humphrey Bogart em papel icônico). O filme, claro, é "Casablanca", e o final todo mundo conhece (ainda que poucos se conformem com ele). E os roteiristas - premiados com um justíssimo Oscar - ainda encontram tempo de acabar o filme com um diálogo de aplaudir de pé. Isso sim é que é romance!

DRAGÃO VERMELHO

DRAGÃO VERMELHO (Red dragon, 2002, Universal Pictures, 124min) Direção: Brett Ratner. Roteiro: Ted Tally, romance de Thomas Harris. Fotografia: Dante Spinotti. Montagem: Mark Helfrich. Música: Danny Elfman. Figurino: Betsy Heinman. Direção de arte/cenários: Kristi Zea/Karen O'Hara. Produção executiva: Andrew Z. Davis. Produção: Dino de Laurentiis, Martha de Laurentiis. Elenco: Anthony Hopkins, Edward Norton, Ralph Fiennes, Harvey Keitel, Philip Seymour Hoffman, Emily Watson, Mary-Louise Parker, Anthony Heald, Bill Duke. Estreia: 30/9/02

Em 1991 o cineasta Jonathan Demme - mais conhecido pela comédia de humor negro "Totalmente selvagem" - pegou todo mundo de surpresa com o aterrador "O silêncio dos inocentes", suspense de primeira linha adaptado do romance de Thomas Harris que não só fez enorme sucesso de bilheteria e papou as cinco principais estatuetas do Oscar - deixando filmes mais "acadêmicos" como "Bugsy" comendo poeira - como também ressuscitou a carreira do ator galês Anthony Hopkins, que entrou instantaneamente para o panteão dos grandes vilões da história do cinema. Como em Hollywood a ganância fala muito mais alto do que a integridade artística, em 2001 foi lançado "Hannibal", uma tenebrosa continuação dirigida por Ridley Scott, que substituía Jodie Foster por Julianne Moore e a sutileza pelo horror explícito. A galinha dos ovos de ouro ainda dava grana (mais de 160 milhões arrecadados nos EUA pela segunda parte) e ninguém se surpreendeu quando "Dragão vermelho" estreou, ainda com Hopkins no papel do canibal Hannibal Lecter. Dirigido pelo eficiente porém jamais brilhante Brett Ratner, o filme chegou a um meio-termo interessante: não é genial como o primeiro e tampouco sofrível como o segundo.

O fato de "Dragão vermelho" já ter sido adaptado para as telas antes - mais precisamente em 1986, com o título de "Manhunter", dirigido por um Michael Mann na fase "Miami Vice" e estrelado por Brian Cox e William Petersen - não foi problema para os produtores dessa nova versão, que presumiram (com certa razão) que o público não tinha  isso registrado na memória. Sendo assim, com um novo título (o original do romance publicado em 1981), o filme chegou às telas cercado de razoável expectativa, em parte devido à personagem Lecter e em parte por causa do elenco excepcional reunido por Ratner: além de Hopkins desfilam pela tela Edward Norton, Ralph Fiennes, Emily Watson, Philip Seymour Hoffman e Harvey Keitel, todos velhos conhecidos do Oscar (com exceção de Hoffman, que levaria sua estatueta três anos depois). Juntos, eles dão consistência a uma história interessante o bastante para apagar a má impressão causada pelo trabalho de Ridley Scott.



"Dragão vermelho" se passa antes dos acontecimentos de "O silêncio dos inocentes" e começa quando o jovem agente do FBI Will Graham (um Edward Norton jovial que aproveitou o cachê do filme para financiar o ótimo "A última noite") é procurado por seu antigo chefe Jack Crawford (Harvey Keitel) para colaborar na elaboração do perfil psicológico de um serial killer apelidado de "Fada do Dente". Aposentado desde que foi seriamente ferido pelo psiquiatra Hannibal Lecter (a quem capturou), Graham se recusa a participar de mais uma caçada, mas é convencido a voltar atrás e contar com a ajuda do canibal para chegar até o novo assassino. Assim como em "O silêncio dos inocentes", o roteiro não se preocupa em esconder a identidade do criminoso. Francis Dolarhyde (Ralph Fiennes em papel que interessava a Michael Jackson (!!)) trabalha em um laboratório de revelação de filmes fotográficos e, com um passado traumático, é um assassino frio e meticuloso que se envolve romanticamente com uma colega de trabalho cega (Emily Watson) que não vê os defeitos físicos que ele julga ter. Enquanto chega cada vez mais perto do assassino, o detetive tem que preocupar-se também com o fato de sua família estar desprotegida na ilha onde isolou-se depois da aposentadoria.

Como dito anteriormente, Brett Ratner não é um Jonathan Demme e isso fica claro na maneira quase quadradinha com que move sua história (novamente adaptada pelo oscarizado Ted Tally). O tom sufocante e opressivo de "O silêncio dos inocentes" foi substituído por um clima menos sombrio, mais comercial, sem maiores ouadias. Até mesmo Anthony Hopkins parece estar no piloto automático, não acrescentando à sua brilhante personagem nenhuma nuance a mais (o que não significa que não esteja ótimo como sempre, mas apenas acomodado). O mesmo acontece com Edward Norton, que não precisa muito para convencer em seu papel, ainda que pareça jovem demais para viver um agente aposentado. Sobressai-se então, mais uma vez, o excelente Ralph Fiennes, vivendo um Francis Dolarhyde bem mais complexo e digno de compaixão do que o Buffalo Bill interpretado por Ted Levine no filme de Demme. Suas cenas com Emily Watson são as mais interessantes da obra, em uma dinâmica dramática que envolve muito mais do que a trama policial (cujo clímax não deixa de ser quase requentado).

Porém, como filme de suspense "Dragão vermelho" não apenas convence como é bastante superior à média. Compará-lo com "O silêncio dos inocentes" chega a ser covardia. Mas que deixa "Hannibal" bem pra trás em matéria de qualidade não há como negar. Não ousa, mas não estraga. O que já é muito bom.

domingo

UM MÊS, 31 FILMES - DIA 01 - FILME DA MINHA VIDA

Escolher um único filme para representar todo o meu amor pelo cinema é um desafio e tanto. Afinal, mais de meio século de produções arrepiantes me tiraram da realidade (ou me fizeram vê-la de maneira mais poetica). Sendo assim, fui obrigado a deixar de lado épicos românticos ("E o vento levou"), sagas violentas ("O poderoso chefão") e musicais coloridos ("Moulin Rouge") para escolher um drama despretensioso que me acompanha desde meus tenros 16 anos de idade (sim, eu o assisto no mínimo uma vez por ano... e choro sempre!)

"Sociedade dos poetas mortos" não é um filme caro, mas pegou todo mundo de surpresa quando tornou-se um dos grandes sucessos de bilheteria do outono americano de 1989. Não tem violência (ao menos não física), não tem nudez (não se pode considerar nudez os pensamentos lúbricos de Charlie Dalton, vivido por Gale Hansen) nem utiliza a adrenalina como elemento de atração para a audiência. Ele fala de sonhos, de esperança, de amizade, de poesia. Ele destrói o equilíbrio emocional de qualquer um que tenha sentimentos. Mas ele é, acima de tudo, cinema do mais alto gabarito. A direção do australiano Peter Weir é primorosa, delicada, profunda. A fotografia de John Seale é deslumbrante e a trilha sonora de Maurice Jarre conquista pela força crescente. O elenco juvenil que circunda Robin Williams no melhor momento de sua carreira é espetacular (incluindo um principiante Ethan Hawke). Mas é o roteiro de Tom Schulman, premiado merecidamente com o Oscar da categoria, que ultrapassa todos os níveis de qualidade e inteligência. Colocar na mesma mistura Thoreau, Shakespeare, Yeats e a busca pela liberdade de pensamento e os perigos do conformismo não é qualquer um que faz com tanta beleza...

Talvez "Sociedade dos poetas mortos" não tenha para a adolescência de hoje o mesmo impacto que teve sobre mim há tanto tempo. Mas jamais consigo não me emocionar na última cena, quando John Keating (Williams) está abandonando sua sala de aula e vê que tudo que ensinou não foi absolutamente em vão. Desculpe, Scarlett O'Hara. Desculpe, Don Corleone. Mas meu coração falou mais alto.

UM MÊS, 31 FILMES

Demorou, mas finalmente criei coragem para participar do meme proposto por meu amigo Silvano Vianna, do blog http://discursohumanista.blogspot.com/2011/12/um-mes-31-filmes.html.

Para me acompanhar nessa jornada eu convido meus amigos Alan Raspante e João Francisco Viégas dos blogs http://sateliteassassino.blogspot.com/ e
http://eopedefeijao.blogspot.com/.



As categorias do Meme Um Mês, 31 Filmes são:

Dia 1 - Filme da Minha Vida
Dia 2 - Melhor sequência inicial e melhor sequência final
Dia 3 - Sessão da tarde Inesquecível
Dia 4 - Melhor diretor
Dia 5 - Atriz e ator preferidos
Dia 6 - Com o coração na boca
Dia 7 - Comédia-tonta-que-não-prejudica-os-neurônios
Dia 8 - Filme Cebola (mais triste de todos)
Dia 9 - Filme mais romântico
Dia 10 - Guilty pleasure
Dia 11 - Melhor drama
Dia 12 - Melhor Ano da História do Cinema 
Dia 13 - Maior roubada cinematográfica
Dia 14 - Batendo Papo (melhor diálogo)
Dia 15 - Melhor Horizonte (Fotografia inesquecível)
Dia 16 - Melhor-Durão-Que-No-Fundo-É-Coração-Mole
Dia 17 - Brasileirão 
Dia 18 - Melhor Animação
Dia 19 - O melhor Faroeste
Dia 20 - Melhor comédia romântica
Dia 21 - Preto no Branco (Melhor Noir)
Dia 22 - So you think you can dance (melhor musical)
Dia 23 - Melhor DR
Dia 24 - Melhor par romântico
Dia 25 - Meu Vilão Favorito nos Filmes
Dia 26 - Unha e Carne (Melhor Amizade)
Dia 27 - Porrada (melhor cena de violência)
Dia 28 - Quente e Úmido (melhor sequência de sexo)
Dia 29 - Saída pela Esquerda (melhor sequência de perseguição)
Dia 30 - Nunca mais (filme mais traumático)
Dia 31 - Minha Vida em 3 sequências


Boa sorte aos desafiados. Meu primeiro texto sai hoje, mesmo...

JADE

  JADE (Jade, 1995, Paramount Pictures, 95min) Direção: William Friedkin. Roteiro: Joe Eszterhas. Fotografia: Andrzej Bartkowiak. Montagem...