segunda-feira

SIN CITY, A CIDADE DO PECADO

SIN CITY, A CIDADE DO PECADO (Sin City, 2005, Dimenson Films, 124min) Direção: Frank Miller, Robert Rodriguez, Quentin Tarantino. Roteiro: HQ de Frank Miller. Fotografia e montagem: Robert Rodriguez. Música: John Debney, Graeme Revell, Robert Rodriguez. Direção de arte/cenários: Steve Joyner,Jeanette Scott/David Hack, Jeannette Scott. Produção executiva: Bob Weinstein, Harvey Weinstein. Produção: Elizabeth Avellan. Elenco: Bruce Willis, Mickey Rourke, Benicio Del Toro, Clive Owen, Brittany Murphy, Michael Madsen, Rutger Hauer, Elijah Wood, Nick Stahl, Michael Clarke Duncan, Powers Boothe, Josh Hartnett, Jessica Alba, Rosario Dawson. Estreia: 28/3/05

Depois do sucesso estrondoso de "X-Men" e "Homem-aranha" as adaptações de histórias em quadrinhos para as telas de cinema viraram moeda corrente em Hollywood, com resultados os mais diversos, tanto em termos de qualidade quanto de bilheteria. Mas ninguém em sã consciência poderia imaginar que uma adaptação fosse tão longe em fidelidade quanto "Sin City, a cidade do pecado", dirigida, produzida, fotografada, editada e musicada (ufa!) por Robert Rodriguez, que, de posse de praticamente todo e qualquer controle sobre a obra, ainda teve a ousadia de co-assinar a direção com o criador das histórias em papel, Frank Miller. O sindicato de diretores não gostou e expulsou Rodriguez de seu quadro. A plateia náo se deu ao trabalho de se interessar por isso, encantada que estava com o resultado final do trabalho dos co-diretores (que ainda contaram com a luxuosa ajuda de Quentin Tarantino em uma cena). Mais do que a transição de uma história em quadrinhos para a tela de cinema, "Sin City, a cidade do pecado" - subtítulo absolutamente desnecessário - é uma pequena obra-prima dentro de um subgênero do qual provavelmente é o mais bem acabado produto.

Assim como nas publicações editadas, o filme "Sin City" é dividido em histórias independentes que vez ou outra se cruzam sutilmente. O primeiro segmento - que serviu como uma espécie de teste visual para o sinal verde dos produtores - é uma pequena cena estrelada pelo sempre péssimo Josh Hartnett, e nem ele consegue estragar o impacto que esses poucos minutos causam no espectador. A partir daí, o que se segue é um festival de violência, clima noir e uma sensação de ineditismo que faz das duas horas seguintes uma experiência rica e empolgante.



A trama começa pra valer quando o policial Hartigan (Bruce Willis, talvez um pouco novo demais para o papel) consegue impedir um jovem psicopata (vivido por um irreconhecível Nick Stahl) de matar uma garotinha e com isso ganha sua afeição eterna, que se revelará quase vinte anos depois, quando ela, já adulta (e interpretada com inegável sensualiade por Jessica Alba), parte com ele em busca de vingança por seus anos passados na cadeia por um crime que não cometeu. Outro que precisa provar sua inocência e encontrar os culpados por um violento assassinato é Marv (Mickey Rourke em impressionante caracterização), que busca vingar a morte de uma prostituta com quem passou a noite mais carinhosa de sua vida. O que ele sequer desconfia, porém, é que gente muito importante - em altos níveis de poder - não deseja que ele descubra a verdade. E Clive Owen - vindo do sucesso crítico de "Closer, perto demais" - vive Dwight, um homem disposto a qualquer coisa para proteger sua namorada, a garçonete Shellie (Brittany Murphy), de seu antigo amante, o truculento policial Jackie (Benicio Del Toro em um papel que despertou a cobiça de Adrien Brody), que tem uma perigosa relação com as prostitutas lideradas por Gail (Rosario Dawson).

Se fosse um filme policial comum, ainda assim "Sin City" seria imperdível, tão interessante é sua gama de personagens marginalizadas e suas histórias repletas de sangue e suor. Mas a obra de Robert Rodriguez é muito mais do que simples cinema. Visualmente impactante e dono de um roteiro com diálogos brilhantes - cortesia do texto enxuto e visceral de Frank Miller - o filme passa por cima do politicamente correto e do medo de mostrar a violência como ela é para, com a licença de ser literalmente quadrinhos no cinema, explicitar situações chocantes - pedofilia, cães comendo seres humanos - sem soar gratuito e/ou apelativo.

É difícil ficar indiferente a "Sin City". Seja por suas qualidades visuais - a fotografia belíssima lembra os clássicos do cinema noir e a maquiagem deixa os atores irreconhecíveis -, por suas histórias violentas ou por seu elenco de peso (em que até mesmo Mickey Rourke e Bruce Willis conseguem brilhar sem fazer esforço), o filme de Robert Rodriguez é, com certeza, um gigantesco passo à frente na tecnologia de unir - com talento e parcimônia - quadrinhos e cinema. Bravíssimo!

Um comentário:

Alan Raspante disse...

Adoro o filme. Se tornou um dos meus favoritos desde a primeira vez que eu o vi. Aliás, já tô com vontade de rever!

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