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domingo
SUSPEITA
SUSPEITA (Suspicion, 1941, RKO Pictures, 99min) Direção: Alfred Hitchcock. Roteiro: Alma Reville, Samson Raphaelson, Joan Harrison, baseado no romance "Before the fact", de Frances Iles. Fotografia: Harry Stradling. Montagem: William Hamilton. Música: Franz Waxman. Elenco: Cary Grant, Joan Fontaine, Nigel Bruce, Sir Cedrick Hardwicke. Estreia: 14/11/41
2 indicações ao Oscar: Melhor Filme e Atriz (Joan Fontaine)
Oscar de Melhor Atriz (Joan Fontaine)
A tímida e delicada Lina MacLaidlaw (Joan Fontaine) é a filha única de um casal que já nem acredita mais em um casamento para ela. Em parte para provar aos pais que é capaz de arrumar alguém e em parte por paixão, ela sobe ao altar com o misterioso e charmoso Johnnie Aysgarth (Cary Grant), que nunca teve um emprego na vida e tem por hobby apostar em corridas de cavalos. Aos poucos, com sua ajuda, o bon-vivant Johnnie tenta mudar de vida, com um ambicioso projeto turístico que envolve seu melhor amigo, o simpático Beacky (Nigel Bruce). No entanto, quando Beacky morre assassinado, Lina começa a desconfiar que o interesse excessivo de seu marido por romances policiais pode na verdade não ser casual e, ao descobrir inúmeras mentiras contadas por ele, passa a ter certeza absoluta de que será sua próxima vítima.
Em 1940, Alfred Hitchcock havia lançado "Rebecca, a mulher inesquecível", que, além de sucesso financeiro levou pra casa o Oscar de melhor filme. Seu filme seguinte, este "Suspeita" utiliza a mesma atriz - a bela Joan Fontaine - para, mais uma vez, brincar com os nervos do espectador com o poder miraculoso da sugestão. Enquanto em "Rebecca" a protagonista tinha de conviver com a lembrança sempre presente da falecida mulher de seu marido, em "Suspeita" a personagem de Fontaine tem como companhia uma outra obsessão: a possibilidade de que seu amado e dedicado cônjuge pode, na verdade, ter a intenção de matá-la para ficar com seu dinheiro.
Joan Fontaine ganhou o Oscar de melhor atriz por seu desempenho em "Suspeita", onde leva mais longe o ar assustado que já vinha usando desde "Rebecca". O prêmio foi justo. É a jovem e apavorada Lina que conduz o espectador rumo às sombras negras de sua imaginação - ou não -, revelando aos poucos para si e para a audiência todas as nuances da personalidade de Johnnie. Afinal, ele é ou não um assassino em potencial?
Hitchcock brinca com a dúvida do princípio ao fim de seu filme. Certezas absolutas vão sendo descartadas cena a cena, e dúvidas aterradoras vão surgindo em cada fotograma - e como não se deslumbrar com a famosa cena em que Johnnie serve um copo de leite à eposa? O leite brilha mais do que o normal, graças a truques do diretor de fotografia Harry Stradling e o público fica na ponta da cadeira...
Mas se Joan Fontaine brilha como a esposa que luta pela vida e pela sanidade mental é Cary Grant quem rouba a cena. O charme do ator, sua personalidade sedutora e sua classe servem como uma luva às intenções do cineasta em lançar as sementes da dúvida na percepção de seu público. Estivesse um outro ator em cena a dubiedade não seria tão eficaz, mas Grant é tão perfeito em seu papel que, assim como Lina, é impossível não apaixonar-se por ele e, conforme a história avança, não duvidar de suas intenções.
"Suspeita" não é um dos filmes mais falados do mestre do suspense. Mas é inegável que precisa ser descoberto e louvado como um dos essenciais terrores psicológicos de sua obra.
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Um comentário:
Gary Grant é quem deveria ter ganhado o oscar por esse filme, mas nem foi indicado. Ele é um dos injustiçados pela academia.
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