7 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor (Clint Eastwood), Ator (Clint Eastwood), Atriz (Hilary Swank), Ator Coadjuvante (Morgan Freeman), Roteiro Adaptado, Montagem
Vencedor de 4 Oscar: Melhor Filme, Diretor (Clint Eastwood), Atriz (Hilary Swank), Ator Coadjuvante (Morgan Freeman)
Vencedor de 2 Golden Globe: Melhor Diretor (Clint Eastwood), Atriz/Drama (Hilary Swank)
Vencedor de 2 Screen Actors Guild Awards: Atriz (Hilary Swank), Ator Coadjuvante (Morgan Freeman)
No mesmo ano em que "O aviador" - mastodôntica produção sobre o milionário Howard Hughes, dirigida por Martin Scorsese e protagonizada por Leonardo DiCaprio - surgiu como favorito ao Oscar devido a seu tamanho e imponência, um filme de orçamento pequeno e estrelado por uma atriz que tentava a volta por cima depois de uma inesperada estatueta da Academia e produções fracassadas apareceu do nada e, surpreendendo a todos foi o grande vitorioso na cerimônia do Oscar de 2005. Dirigido e estrelado pelo veterano Clint Eastwood, o emocionante "Menina de ouro" pode ter custado muito menos do que "O aviador" e não ter tido a mesma divulgação que o projeto de Scorsese, mas tem algo que seu maior rival não mostrou ter: um coração. A trágica história da amizade entre uma garçonete em busca do sonho de tornar-se boxeadora e seu treinador alquebrado pelo tempo e por decepções constantes comoveu milhares de pessoas pelo mundo e principalmente os eleitores da Academia, que o presentearam com quatro estatuetas: filme, diretor, atriz e ator coadjuvante, para o sempre competente Morgan Freeman.
Baseado em contos do livro do escritor F.X. Toole - todos eles versando sobre o universo do boxe - o roteiro escrito por Paul Haggis - que no ano seguinte chegaria novamente ao Oscar com "Crash, no limite" - narra a história de Maggie Fitzgerald (uma assombrosa Hilary Swank, merecidamente premiada com uma segunda estatueta), uma garçonete solitária e batalhadora que sonha vencer no mundo do boxe. Apesar de não estar mais na idade de começar um treinamento, ela convence o experiente Frank Dunning (Clint Eastwood), dono de uma academia, a lhe ajudar a realizar seu sonho. Decepcionado com seu último pupilo - que o deixou por um treinador mais agressivo e ambicioso - Dunning torna-se o mestre da garota, que em pouco tempo começa a demonstrar que merece sua dedicação e confiança. No entanto, um acidente durante uma importante luta internacional põe em cheque a força e a amizade entre mestre e discípula.
Na verdade, "Menina de ouro" surpreende seu público por levar a trama por caminhos inesperados, distantes do que seu início pressupõe. Ao contrário do que se poderia imaginar, a trajetória de Maggie rumo à fama não se dá como em "Rocky, um lutador": a fábula da vitória do mais fraco contra as convenções não tem lugar no mundo criado por Eastwood e companhia. A melancolia e a sensação de fracasso que permeiam o filme acentuam-se a cada cena e o final feliz parece mais distante do que nunca quando a saúde da protagonista torna-se mais e mais frágil, até o avassalador desfecho, de arrancar lágrimas de pedra.
O tom de tristeza adotado por Eastwood - e que sua delicade e sutil trilha sonora corrobora acertadamente - fica claro na narração de Morgan Freeman, na pele de um lutador aposentado, cego de um olho, que acompanha a evolução da relação entre Maggie e Dunning - um homem amargo, com um relacionamento problemático com a única filha e um ateu convicto que se diverte provocando o pároco local com discussões teológicas - como um espectador privilegiado. Dunning encontra na solitária e carente garçonete uma substituta para sua filha, e a moça vê nele um pai, uma imagem familiar bem diferente daquela que ela tem e que a decepciona constantemente.
Difícil não gostar de "Menina de ouro", uma pequena obra-prima construída com sangue, suor e sentimentos e realizada com uma paixão que salta aos olhos. As lágrimas são inevitáveis, mas esquecer da saga de Maggie Fitzgerald é tarefa das mais inglórias.
3 comentários:
Eu nunca chorei tanto em um filme como em "A Menina de Ouro".
Espetacular. Espetacular.
Um dos grandes trabalhos de Clint, com ótimas atuações do trio principal e um final de quebrar o coração.
Abraço
Grande filme.
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