O EXORCISMO DE EMILY ROSE (The exorcism of Emily Rose, 2005, Screen Gems, 119min) Direção: Scott Derrikson. Roteiro: Paul Harris Boardman, Scott Derrikson. Fotografia: Tom Stern. Montagem: Jeff Betancourt. Música: Christopher Young. Figurino: Tish Monaghan. Direção de arte/cenários: David Brisbin/Lesley Beale. Produção executiva: Andre Lamal, David McIlvan, Terry McKay, Julie Yorn. Produção: Paul Harris Boardman, Beau Flynn, Gary Lucchesi, Tom Rosenberg, Tripp Vinson. Elenco: Laura Linney, Tom Wilkinson, Jennifer Carpenter, Campbell Scott, Colm Feore, Joshua Close, Kenneth Welsh, Henry Czerny, Shoreh Aghdashloo, Mary Beth Hurt. Estreia: 01/9/05 (Festival de Veneza)
Na metade dos anos 70, na Alemanha, uma jovem de 23 anos chamada Anneliese Michel, diagnosticada como epilética, morreu de subnutrição e desidratação depois de ter sido submetida a 67 (!!) tentativas de exorcismo. O caso levou os pais da jovem e os dois padres responsáveis pelas cerimônias aos tribunais, acusados de negligência - e ao lançamento de um livro que contava sua trágica história, chamado "The exorcism of Anneliese Michel" e escrito pela antropóloga Felicitas D. Goodman. Com base nesse drama - que pedia desesperadamente por uma adaptação para o cinema - os dois jovens roteiristas Paul Harris Boardman e Scott Derrikson criaram um filme único, que mistura com inteligência dois gêneros bastante caros à indústria de Hollywood (filmes de terror e filmes de tribunal) e que surpreendeu por jamais subestimar a inteligência de sua plateia. Realizado com cerca de 20 milhões de dólares, "O exorcismo de Emily Rose" coletou mais de 140 milhões pelo mundo. A melhor notícia? Mereceu cada centavo.
Para efeitos dramáticos, o roteiro de Boardman e Derrikson precisou fazer alterações na história original, todas elas responsáveis por deixar o ritmo e a narrativa mais ricos e palatáveis à audiência média - e que, por definição, é quem decide a sorte de um filme nas bilheterias. Sendo assim, a protagonista alemã cede lugar a uma estudante americana, a dedicada e esforçada Emily Rose (em uma performance aterradora de Jennifer Carpenter, que mais tarde se tornaria a irmã da personagem-título da série "Dexter"). Quando o filme começa, Rose já está morta e a competente advogada Erin Bruner (Laura Linney) é chamada para defender o padre Richard Moore (Tom Wilkinson), acusado de ter causado sua morte durante um exorcismo. A ambição da advogada é subir na firma onde trabalha, e ela esbarra na ferrenha ideia do sacerdote, que insiste em contar toda a história da jovem em pleno tribunal. Batendo de frente com o promotor Ethan Thomas (Campbell Scott), Bruner começa a investigar a fundo todos os acontecimentos que levaram à morte de Emily - que foi diagnosticada como epilética e psicótica. Segundo Thomas, o padre é culpado por ter impedido a vítima de ter um acompanhamento médico e cabe a ela provar - mesmo sendo totalmente cética - que Rose estava possuída por uma legião de demônios.
O melhor de "O exorcismo de Emily Rose" é que ele funciona em todos os níveis nos quais se propõe. Como drama de tribunal, é capaz de prender o espectador na poltrona como se estivesse nos melhores livros de John Grisham, com o drama na medida certa e dando oportunidades raras para seu elenco coadjuvante - que inclui a ótima Shohreh Aghdashloo, Colm Feore e Henry Czerny. Como suspense é aterrorizante, tenso e dramaticamente consistente, dando ao público momentos assustadores e revelando o talento intenso da jovem Jennifer Carpenter. E como drama religioso é capaz de emocionar sem apelar para clichês católicos - ou de qualquer outra doutrina. Tal equilíbrio só é possível devido ao talento de seus diretores/roteiristas, que nunca caem na tentação de privilegiar uma ou outra linha narrativa, intercalando-as de forma inteligente e intrigante - e que só dá uma resposta ao público nos comoventes momentos finais.
Quem procura um bom filme de tribunal ou um filme de terror adulto e que foge da sanguinolência habitual no gênero só tem a ganhar com uma sessão de "O exorcismo de Emily Rose". É o filme de terror mais arrepiante de sua época. No bom sentido!
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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2 comentários:
Parabéns pelo Blog, estou adorando...ótimas críticas!!
Deveria ter um novo filme só com a filha deles em um pequeno descuido dos pais já de idade são possuídos e a filha a única salvação deles.e sendo um filme dedicado a esperança é a única que morre
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