TWISTER (Twister, 1996, Warner Bros/Universal Pictures/Amblin
Entertainment, 118min) Direção: Jan De Bont. Roteiro: Michael Chrichton,
Anne-Marie Martin. Fotografia: Jack N. Green. Montagem: Michael Kahn.
Música: Mark Mancina. Figurino: Ellen Mirojnick. Direção de
arte/cenários: Joseph Nemec III/Ron Reiss. Produção executiva: Laurie
MacDonald, Gerald R. Molen, Walter Parkes, Steven Spielberg. Produção:
Ian Bryce, Michael Chrichton, Kathleen Kennedy. Elenco: Helen Hunt, Bill
Paxton, Cary Elwes, Jami Gertz, Philip Seymour Hoffman, Lois Smith,
Alan Ruck, Todd Field, Abraham Benrubi. Estreia: 10/5/96
2 indicações ao Oscar: Melhor Som, Melhores Efeitos Visuais
Steven Spielberg é apenas o produtor executivo - através de sua Amblin Entertainment - mas é impossível assistir-se a "Twister" sem ver seu dedo em cada detalhe. Os efeitos visuais caprichados, a trama familiar de razoável importância no contexto dramático, a violência extremamente comedida para não chocar o espectador e o ritmo acelerado, sem tempos mortos, são características que fizeram de seus filmes sucessos inegáveis de crítica e bilheteria, e todas elas estão presentes no segundo filme de Jan De Bont - diretor de fotografia alçado à condição de cineasta bem-sucedido depois do inesperado êxito de seu "Velocidade máxima" (94). Mergulhando a plateia em uma montanha-russa divertida e desprovida de quaisquer elocubrações intelectuais, De Bont acertou novamente, proporcionando à audiência duas horas de um delicioso cinema-pipoca.
A trama, como convém a esse tipo de filme, é simples e direta (apesar de um dos roteiristas ser o escritor de ficção científica Michael Chrichton): um grupo de cientistas, liderado pela decidida Jo Harding (Helen Hunt), tem como objetivo perseguir uma série de tornados que vem castigando a região de Oklahoma para colocar, dentro de um deles, um dispositivo que irá permitir que sejam estudados e, por consequência, previstos a tempo de avisar suas possíveis vítimas. Traumatizada por ter testemunhado a morte do pai em um ataque do mais violento dos tornados, Jo é obcecada em atingir sua meta profissional, mas justamente quando está em vias de conseguir sucesso - várias violentas tempestades estão em seu caminho - ela reencontra seu ex-marido, Bill (Bill Paxton), que deseja que ela assine os documentos de seu divórcio. Não bastasse isso, seu maior rival e ex-colega de trabalho, Jonas Miller (Cary Elwes) - que roubou a ideia de sua invenção - também está disposto a chamar para si o êxito da tarefa.
Temperado com efeitos visuais ainda hoje impressionantes - que perderam o Oscar para o previsível "Independence day" - e uma química perfeita entre seus protagonistas (Hunt ainda não havia ganho o Oscar por "Melhor é impossível" e Paxton já era um dos atores preferidos de James Cameron), "Twister" diverte justamente por saber equilibrar com perfeição todos os ingredientes que sempre fizeram o sucesso dos filmes de Spielberg. Sabendo que grande parte de seu público seria de adolescentes e jovens, o roteiro evita ao máximo qualquer tipo de violência gráfica, por mais que seja difícil imaginar um filme sobre tornados sem destruição em massa e mortes a granel. Sendo assim, que não se espere realismo nesse particular do filme: por mais que os ciclones sejam apavorantemente reais, suas consequências são mostradas de forma discreta e nenhuma morte chocante é exposta aos olhos da plateia: assim como em "Jurassic Park" (sintomaticamente dirigido por Spielberg) o perigo é sempre barrado pelos limites do cinema: todos sofrem de tensão e nervosismo, mas com a certeza aconchegante de que nada irá ultrapassar as telas.
É esse o tipo de filme que "Twister" é: um entretenimento direto e eficaz, daqueles que fazem o espectador torcer pelos protagonistas, se abismar com os efeitos de última geração e, no caso, reconhecer, no elenco coadjuvante, nomes que se tornariam famosos pouco tempo depois, como Philip Seymour Hoffman, ou que conheceram o gostinho da fama nos anos 80 antes de desaparecerem em filmes menores (como Alan Ruck, o melhor amigo de Matthew Broderick em "Curtindo a vida adoidado" e Jami Gertz, a mocinha de "Garotos perdidos"). "Twister" é um filme com a marca de Spielberg, com tudo que isso tem de positivo e negativo. Mas é, acima de tudo, um filme que cumpre o que promete: duas horas de diversão pura e quase ingênua.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
terça-feira
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