Um dos mais famosos presídios do mundo, Alcatraz foi o tema central de um dos mais conhecidos filmes de Clint Eastwood, "Alcatraz, fuga impossível", de 1979. Considerado um dos presídios mais seguros do planeta, localizado em uma ilha perto de San Francisco e construída em 1934 (sobreviveu como instituição penal até 1963), Alcatraz passou, ao menos na sétima arte, de cenário a personagem. Em "Assassinato em primeiro grau", ele foi, inclusive, acusado de cumplicidade em um homicídio. Baseado em uma história real, o filme de Marc Rocco - que ficou com um projeto inicialmente pensado para Oliver Stone - tem boas intenções (denunciar o sistema penitenciário e a violação de direitos humanos), mas esbarra na total falta de sutileza de seu diretor.
Nos anos 30, quando Alcatraz estava no auge de sua fama como um local de fuga impossível, o jovem Henry Young (Kevin Bacon) tenta escapar, em companhia de outros presidiários. Capturado em seguida, ele é mandado para a solitária, ficando sem sol, sem luz e sem contato com quaisquer seres humanos pelo absurdo prazo de 3 anos e 2 meses - sendo que o máximo permitido por lei para tal castigo é de apenas 19 dias. Brutalizado pelo superindentente do lugar, o frio Milton Glenn (Gary Oldman), ele sai do buraco onde esteve encarcerado e tenta voltar à vida normal de condenado. No entanto, ele mata violentamente o delator de seu plano de fuga e volta ao banco dos réus, sob risco de ser condenado à morte - sendo que foi preso pela primeira vez por roubar 5 dólares de um posto de correio. Para defendê-lo, é designado o jovem e idealista James Stamphill (Christian Slater), que surpreende a audiência ao afirmar que o principal culpado do crime não é Young, e sim o sistema carcerário de Alcatraz.
Como convém a um filme com pretensões comerciais, "Assassinato em primeiro grau" toma algumas liberdades poéticas para contar sua história, a principal delas em relação a um de seus protagonistas, o apenado Henry Young. Retratado no roteiro de Dan Gordon como uma vítima absoluta do sistema e da sociedade (como normalmente acontece com filmes com intenções de provocar discussões), o verdadeiro Young não era tão desprovido de maldade e nem tão puro assim, tendo cometido roubo a banco, violência contra um refém e até mesmo um assassinato ANTES de ser encarcerado em Alcatraz. Não justifica nenhuma violência cometida contra ele, é claro, mas é um truque um tanto sujo dos produtores, que forçam assim uma empatia óbvia com ele. E talvez seja justamente nesse ponto que a receita desanda.
Dirigindo com mão pesada uma história por si só trágica e absurda, Marc Rocco - que não assinou mais nenhum filme desde então - peca principalmente por não permitir ao público as discussões que tenta suscitar. Não há espaço para argumentos, uma vez que, no maniqueísta roteiro, o bem e o mal estão claramente delineados. Henry Young é puro, virgem, injustiçado e torna-se um herói involuntário da mídia. James Stamphill é idealista, íntegro e corajoso, capaz de lutar contra todo o sistema apenas para ver a justiça prevalecer. E Milton Glenn, que dirige o presídio, é frio, cruel, arrogante e incapaz de um sentimento nobre. Essa pobreza de nuances é o calcanhar de Aquiles do projeto, que se salva da mediocridade graças a seu elenco.
Apesar de Christian Slater ser sempre o mesmo, ele divide a cena com dois atores que, de maneiras diferentes, atigem seus objetivos. Enquanto Kevin Bacon luta claramente para dar credibilidade a seu Henry Young, mesmo caindo na armadilha do exagero em alguns momentos (sua entrega ao papel é louvável), Gary Oldman não parece precisar de muito esforço para sobressair-se. Seu olhar impenetrável, seu tom monocórdio e sua expressão de rocha dizem muito mais do que a trilha sonora exagerada e os diálogos empolados e repleto de frases de efeito do roteiro. Nem mesmo a fotografia - aparentemente claustrofóbica mas na verdade apenas escura e sem criatividade - chama a atenção, sendo tão comum quanto o resultado final do filme.
A história de "Assassinato em primeiro grau" é interessante. O elenco convence. Mas o filme é desnecessariamente longo e aborrecido. Um diretor mais talentoso talvez o salvasse de ser tão comum e tão historicamente discutível!
5 comentários:
Assisti esse filme muitos anos atrás. Na época não achei ruim, nem espetacular.
Acho que preciso rever, depois de tanto tempo, para fazer uma nova análise.
Bom comentário, realmente o filme não é muito bom.
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