Indicado ao Oscar de Efeitos Visuais
Vencedor do Golden Globe de Melhor Atriz Comédia/Musical (Jamie Lee Curtis)
Em 1994 a carreira de Arnold Schwarzenegger estava por um fio. O fracasso comercial de "O último grande herói", em que ele brincava com sua imagem de astro de filmes de ação o havia colocado em uma situação delicada dentro de uma indústria onde tudo é medido por dólares. Para recuperar seu prestígio - e uma bilheteria respeitável - ele reuniu-se ao cineasta que melhor havia sabido lidar com seu talento dramático limitado em seus maiores êxitos financeiros, os dois capítulos iniciais de "O exterminador do futuro". Com James Cameron na direção e Schwarza na liderança do elenco não havia como "True lies" dar errado. E não deu. Mesmo com um orçamento de 120 milhões de dólares, a refilmagem da desconhecida comédia francesa "La totale" - obviamente inchada com efeitos visuais de primeira qualidade - devolveu ao ator seu status de grande herói das telas, além de ter brindado o público com um dos mais divertidos filmes de sua carreira.
Brincando de James Bond, Schwarzenegger tem em "True lies" seu melhor papel, no qual ele consegue ultrapassar suas limitações e atingir um patamar inédito em sua carreira. Como Harry Tasker, um agente secreto do governo americano envolvido em uma perigosa trama de terrorismo nuclear, o monossilábico Exterminador não apenas explode automóveis, mas anda a cavalo pelo Central Park (e dentro de um elevador), pilota um avião de caça, fala árabe e dança tango. Tudo enquanto tenta salvar seu casamento.
Tasker é um agente do governo americano que esconde até mesmo da família sua verdadeira profissão. Sob o disfarce de um tedioso vendedor de computadores, ele leva uma vida repleta de adrenalina enquanto sua esposa, Helen (Jamie Lee Curtis) acredita que ele é um burocrata sonolento. Durante um de seus perigosos trabalhos, no entanto, Harry descobre que sua mulher está se envolvendo com outro homem, em busca de mais emoção para sua vida. Para salvar seu casamento, ele inventa uma missão para ela, mas eles acabam tendo que lidar de verdade com uma ameaça de terroristas árabes.
"True lies" é tudo que o cinema de entretenimento holywoodiano pode oferecer. É divertido do início ao fim, equilibrando com maestria sequências de ação realmente empolgantes com momentos extremamente engraçados. Jamie Lee Curtis - merecidamente premiada com o Golden Globe de melhor atriz em comédia ou musical - rouba a cena descaradamente, explorando cada diálogo e cada possibilidade de sua personagem. A cena em que Helen precisa forjar um striptease, por exemplo, é um primor de bom humor e tanto Curtis quanto Schwarzenegger deitam e rolam na pele de personagens que parecem feitos sob medida. Tom Arnold e Bill Paxton, em papéis coadjuvantes, também colaboram para o alto astral do filme que, mesmo falando sobre assuntos um tanto polêmicos jamais deixa de ser o que se propõe: uma aventura delirante, alucinante e muito, muito cara.
O orçamento milionário de "True lies", ao contrário do que acontece em muitos filmes, é plenamente justificável quando se assiste a cada uma de suas cenas. Cada centavo gasto por Cameron - um cineasta com grande tendência à megalomania - é visível nas telas. Os 120 milhões gastos - que dariam para produzir quase quatro filmes como "Velocidade máxima" - nunca parecem supérfluos nas mãos de Cameron, que cuida de cada detalhe com mão de ferro. Pode ser um inferno para quem trabalha com ele, mas para o público que assiste a seus filmes, esse detalhismo todo faz toda a diferença.
É impossível não gostar de "True lies". Quem procura uma comédia irá dar altas gargalhadas com as desventuras do casal Tasker. Quem busca um filme de ação ficará grudado na poltrona ao assistir sequências criativas e aparentemente impossíveis. E quem gosta de esquecer dos problemas por duas horas de duração vai ter 140 minutos da diversão mais competente que o dinheiro pode comprar. Se todos os filmes de ação fossem como "True lies" o mundo seria um lugar mais inteligente.
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