O CLIENTE (The client, 1994, Warner Bros, 119min) Direção: Joel Schumacher. Roteiro: Akiva Goldsman, Robert Getchel, romance de John Grisham. Fotografia: Tony Pierce-Roberts. Montagem: Robert Brown. Música: Howard Shore. Figurino: Ingrid Ferrin. Direção de arte/cenários: Bruno Rubeo/Anne D. McCulley. Produção: Arnon Milchan, Steven Reuther. Elenco: Susan Sarandon, Tommy Lee Jones, Brad Renfro, Anthony LaPaglia, Mary-Louise Parker, Will Patton, William H. Macy, Anthony Edwards, Anthony Heald, Bradley Whitford. Estreia: 20/7/94. Bilheteria EUA: U$ 92.115.211
Indicado ao Oscar de Melhor Atriz (Susan Sarandon)
Do alto de seu prestígio como um dos mais bem-sucedidos escritores de ficção do início dos anos 90, John Grisham tinha o poder de dar a palavra final a respeito do elenco das adaptações cinematográficas de suas obras e, ao contrário do que se poderia supor, tinha certo talento para isso. Recusando-se terminantemente a aceitar qualquer criança-prodígio para protagonizar "O cliente" - por achar que minaria a credibilidade da trama - ele obrigou o diretor Joel Schumacher a realizar centenas de testes antes de escolher Brad Renfro, então com 10 anos de idade. A escolha não poderia ter sido melhor. Renfro demonstrou, logo em sua estreia, uma segurança ímpar, que o fez contracenar, sem medo, com nomes consagrados como Susan Sarandon e Tommy Lee Jones. Sua morte, aos 25 anos, em janeiro de 2008, não deixa de ter sido uma lamentável perda, ainda que ele estivesse longe de ter se tornado o astro que poderia ter sido.
Em "O cliente", Renfro vive Mark Sway, um menino que mora em um trailer ao lado da mãe constantemente desempregada e sem maiores talentos para a ternura (Mary-Louise Parker) e do irmão caçula. Uma tarde, ao sair para fumar escondido, ele testemunha o suicídio de um mau-encarado advogado que, antes de dar um tiro na boca, revela a ele a localização do corpo de um senador, assassinado por seu cliente, o mafioso Barry Muldano (Anthony LaPaglia). Pressionado pelo FBI - na figura do excêntrico Roy Foltrigg (Tommy Lee Jones) - que tem a alcunha de Reverendo por citar a Bíblia nos tribunais - o menino procura a ajuda da advogada Reggie Love (Susan Sarandon), a quem confunde, pelo nome, com um homem. A princípio hesitante em confiar em uma mulher, ele aos poucos passa a confiar na advogada - que teve problemas com a bebida e perdeu a guarda do filho por causa disso. Enquanto luta para defender o garoto dos interesses perigosos do FBI e da própria máfia, ela vê nele a possibilidade de dar o amor que é impedida de dar ao filho verdadeiro. Surge então, entre elas, uma delicada relação materna.
Vindo das melhores críticas de sua carreira graças ao filme "Um dia de fúria", aqui Joel Schumacher assume quase que um papel de testemunha silenciosa, deixando que a história fale por si mesma. Discreta e fluente, sua condução da trama permite que tudo se desenvolva de maneira tranquila, proporcionando a Sarandon e Renfro que brilhem em atuações extremamente eficientes. Sarandon, inclusive, concorreu ao Oscar por seu desempenho, uma prova do prestígio que desfrutava então junto à Academia - prestígio esse que converteu-se em uma merecida estatueta no ano seguinte, pelo contundente "Os últimos passos de um homem". O trabalho inteligente e repleto de nuances de Sarandon encontra, porém, na atuação de Tommy Lee Jones um empecilho: com maneirismos e exageros que se avolumariam com o tempo - em "Assassinos por natureza", por exemplo, seriam quase insuportáveis - Lee Jones foge do tom naturalista imposto pelo diretor entregando uma atuação bastante fraca. Felizmente o roteiro de Akiva Goldsman e Robert Getchel dá preferência à história de identificação entre Reggie Love e Mark Sway, deixando toda a batida trama de máfia vs FBI em um segundo plano que só assume a protagonização de verdade no terceiro e último ato.
O final de "O cliente", aliás, é o mais excitante dentre as adaptações da obra de Grisham até então - depois do correto "A firma" e do chatinho "O dossiê Pelicano". Mesmo que Joel Schumacher não seja um diretor dos mais inspirados em cenas de ação - que o digam suas versões vexatórias de Batman lançadas poucos anos depois - ele não chega a estragar o clímax do livro, entregando à plateia um desfecho coerente e redondo, ainda que um tanto previsível. A renda de mais de 90 milhões de dólares provou que as escolhas realmente foram acertadas.
"O cliente" pode não ser a melhor adaptação de um livro de John Grisham - título que "Tempo de matar", dirigido pelo mesmo Joel Schumacher adquiriu, um ano depois - mas é interessante, bem interpretado e com a dose certa de emoção e sensibilidade, além de ser extremamente fiel à sua origem literária. E Susan Sarandon sempre vale uma bela espiada.
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terça-feira
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5 comentários:
As adaptações de Grisham para o cinema na maioria das vezes deixam a desejar, parece faltar um climax.
Este "O Cliente" é com certeza é uma das melhores.
Abraço
Assisti o filme muitos anos atrás e lembro de ter apreciado. Mas, depois do que o diretor fez na série Batman, como você mesmo disse, foi tão vexatório, que seus trabalhos não merecem, na minha humilde opinião serem revistos.
Errar é humano. Mas, o que ele fez com Batman foi patético, inadequado e anti-profissional.
Porém, lembro que O Cliente me agradou demais. Pena foi a morte de ator tão talentoso de forma prematura, gostei muito de Brad em O Aprendiz.
Gostaria de assistir esse filme e não Consigo, tem como me ajudar... ficarei grato
gostaria de assistir esse filme mas não estou conseguindo tem como vc me ajudar,ficai bastante grato ...
A relação entre a advogada e o garoto é sensível e bem explorada. Gostei do filme.
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