ARQUIVO X, O FILME (The X Files - Fight the future, 1998, 20th Century Fox, 121min) Direção: Rob Bowman. Roteiro: Chris Carter, história de Chris Carter e Frank Spotnitz. Fotografia: Ward Russell. Montagem: Stephen Mark. Música: Mark Snow. Figurino: Marlene Stewart. Direção de arte/cenários: Christopher Nowak/Jackie Carr. Produção executiva: Lata Ryan. Produção: Chris Carter, Daniel Sackheim. Elenco: David Duchovny, Gillian Andersen, John Neville, Martin Landau, William B. Davis, Armin Mueller-Stahl, Mitch Pilleggi, Blythe Danner, Terry O'Quinn, Lucas Black, Glenne Headly. Estreia: 19/6/98
Em 1993, antes que os seriados televisivos alcançassem o status de entretenimento de qualidade, um programa a respeito de conspirações governamentais, abduções alienígenas, monstros misteriosos e fenômenos inexplicáveis virou febre entre os espectadores. Criado por Chris Carter, "Arquivo X" não demorou muito a cair no gosto do público e da crítica, amealhando prêmios, prestígio e muito sucesso de audiência. Uma versão para o cinema, então, tornou-se questão de tempo e, depois do final da quinta temporada, na metade de 1998, finalmente "Arquivo X, o filme" chegou às telas americanas, cercado de grande expectativa. Contando com um roteiro escrito pelo próprio criador da série, a aventura dos agentes do FBI Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Andersen) não decepcionou nem o estúdio - mais de 80 milhões de dólares arrecadados somente nos EUA - nem tampouco os devotos fãs: é um filme que respeita a audiência do programa e não confunde nem aborrece os espectadores ocasionais.
Para quem não sabe, o Arquivo X da série (e do filme, consequentemente) é uma divisão dentro do FBI responsável pela investigação de acontecimentos inexplicáveis (leia-se sobrenaturais). No início da série, a médica patologista Dan Scully é escalada por seus superiores da agência a unir-se ao detetive Fox Mulder, não muito benquisto, para, com sua racionalidade científica, desacreditar suas conclusões tidas como absurdas. Depois dos cinco primeiros anos do programa, após ter testemunhado inúmeras situações bizarras e ter sido ela mesma vítima de uma estranha, Scully aproximou-se de Mulder a ponto de quase compactuar com suas teorias. No final da quinta temporada, a divisão é fechada (por motivos que não vem ao caso contar para não estragar o prazer de quem ainda nunca assistiu às aventuras da dupla) e os dois detetives são relegados a um nível inferior de investigação. E é aí que começa a versão para o cinema.
Como normalmente acontece na televisão, a primeira cena não conta com os protagonistas. O público é levado para o período pré-histórico, onde um homem, ainda em seu caminho para a evolução, é violentamente atacado por um ser alienígena. O roteiro dá um salto para o Texas de 1998, onde um pré-adolescente é atacado pela mesma substância que vitimou seu antepassado. Logo em seguida, Mulder e Scully testemunham a explosão de uma bomba que destrói um prédio do governo, em Dallas. Aparentemente sem conexão alguma, esses dois fatos passam a se ligar quando o detetive é procurado pelo misterioso cientista Alvin Kurtzweil (Martin Landau), que tem informações a respeito de uma conspiração governamental que utilizou a explosão para encobrir o que realmente aconteceu com o jovem morto. A partir daí, a dupla de policiais inicia uma procura incessante pela verdade, que os leva até a Antártida.
Para quem não é assíduo espectador, "Arquivo X" é um filme de ficção científica acima da média, com uma trama bem armada e intrigante, além de efeitos de maquiagem eficientes. Mas é impossível negar que existe um gostinho extra para aqueles que passavam uma hora por semana acompanhando as aventuras de Mulder e Scully na televisão. A tensão sexual entre as personagens (que chega ao ápice em uma cena de quase beijo mais aterrorizante, para os fãs, do que qualquer extraterrestre) soa como um romance descartável para o público em geral e eles também ficarão sem saber a importância, dentro da história, de personagens cruciais para a mitologia da série, como o misterioso Homem das Unhas Bem Feitas (vivido por John Neville). Porém, Chris Carter sabe muitíssimo bem como envolver a plateia com um roteiro cuidadoso e detalhista que não decepcionará ninguém.
Faz sentido dizer que "Arquivo X, o filme" é um episódio estendido da série. Assim acontece com todos os programas de TV que passaram à tela grande posterioremente e não chega a ser um demérito, mesmo porque, dos anos 90 em diante, a televisão americana apresentou produtos de extrema qualidade. Mas é preciso também que se reconheça que poucos filmes de ficção científica são tão sérios e interessantes quanto a obra de Chris Carter e companhia.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
quinta-feira
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3 comentários:
Não sou doido de não saber a importância de Arquivo X para a televisão americana e mundial. Dou meus parabéns a série.
Mas, o único episódio que assisti não me cativou, pelo contrário, me afastou.
Agora, talvez, mais velho e fã número 1 de Lost eu consiga entender a profundidade e filosofia de Arquivo X.
Vou tentar.
O filme foi beeeeem mediano.
Nada mais do que isso.
Um filme cansativo.
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