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A QUALQUER PREÇO

A QUALQUER PREÇO (A civil action, 1998, Touchstone Pictures/Paramount Pictures/Wildwood Enterprises, 115min) Direção: Steven Zaillian. Roteiro: Steven Zaillian, romance de Jonathan Harr. Fotografia: Conrad L. Hall. Montagem: Wayne Wahrman. Música: Danny Elfman. Figurino: Shay Cunliffe. Direção de arte/cenários: David Gropman/Tracey A. Doyle. Produção executiva: David Wisnievitz, Steven Zaillian. Produção: Rachel Pfeffer, Robert Redford, Scott Rudin. Elenco: John Travolta, Robert Duvall, Tony Shalhoub, William H. Macy, Zeljko Ivanek, John Lithgow, Kathleen Quinlan, James Gandolfini, Dan Hedaya, Stephen Fry, Sydney Pollack. Estreia: 25/12/98

2 indicações ao Oscar: Ator Coadjuvante (Robert Duvall), Fotografia
Vencedor do Screen Actors Guild: Ator Coadjuvante (Robert Duvall)

Cerca de dois anos antes que Julia Roberts ganhasse o Oscar por seu trabalho em "Erin Brokovich, uma mulher de talento", uma história semelhante já havia sido levada às telas, sob a competente direção de Steven Zaillian, premiado pela Academia pelo roteiro de "A lista de Schindler". Baseado em um livro de Jonathan Harr - por sua vez inspirado em um fato real - "A qualquer preço" é um eficiente drama de tribunal, que compensa sua falta de maiores emoções por uma narrativa enxuta e sóbria, valorizada pela bela fotografia do veterano Conrad L. Hall e pelo trabalho sutil de John Travolta.

Tentando manter a boa fase da carreira - fase essa que começou com a indicação ao Oscar por "Pulp fiction" - Travolta tem uma atuação discreta como Jan Schlichtmann, um advogado bem-sucedido de Boston que vê cair em suas mãos um caso que pode lhe dar fama e dinheiro: oito famílias o procuram com o objetivo de processar um curtume responsável por poluir um rio que lhes proporciona a água potável que consomem. Dessas famílias, crianças morreram de leucemia e, através de uma das mães, Anne Anderson (Kathleen Quinlan), ele toma contato com todos os problemas causados pela empresa (na figura de seu dono, vivido por um perfeito Dan Hedaya). Indo para os tribunais, Jan enfrenta o advogado Jerome Facher (Robert Duvall) e fica meses a fio em um julgamento complicado que acaba com todo o dinheiro de sua firma. Mesmo falido, ele transforma o caso em uma espécie de obsessão.


O roteiro, escrito pelo próprio Zaillian, foge como o diabo da cruz das armadilhas de transformar o filme em um drama lacrimoso - assim como o fez Francis Ford Coppola em "O homem que fazia chover" - e prefere centrar seu foco nos problemas financeiros de seu protagonista, mais um exemplar de personagem que sofre uma transformação ética no decorrer do processo. John Travolta segura bem a gradual mudança na personalidade de Schlichtmann, nunca ultrapassando os limites da discrição. Seu trabalho encontra eco em William H. Macy (como seu contador) e Kathleen Quinlan, que também se destaca pelo minimalismo, apesar do fato de apenas Robert Duvall ter sido lembrado pelas cerimônias de premiação (o veterano ator chegou a ser indicado ao Oscar). Em um filme que dá mais importância a seus atores do que a qualquer outro quesito, "A qualquer preço" encontra em seu elenco o maior trunfo.

Pecando por evitar maiores reviravoltas ou grandes cenas dramáticas que fazem a glória dos filmes de tribunal, "A qualquer preço" é um programa que agrada aos fãs do gênero justamente por evitar seus maiores clichês. É um tanto longo demais, mas vale uma conferida.

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