quarta-feira

O CHAMADO

O CHAMADO (The ring, 2002, Dreamworks SKG, 115min) Direção: Gore Verbinski. Roteiro: Ehren Kruger, romance de Koji Suzuki, roteiro original de Hiroshi Takahashi. Fotografia: Bojan Bazelli. Montagem: Craig Wood. Música: Hans Zimmer. Figurino: Julie Weiss. Direção de arte/cenários: Tom Duffield/Rosemary Brandenburg. Produção executiva: Doug Davison, Roy Lee, Mike Macari, Michele Weisler. Produção: Laurie MacDonald, Walter F. Parkes. Elenco: Naomi Watts, Martin Henderson, David Dorfman, Brian Cox, Jane Alexander, Daveigh Chase. Estreia: 18/10/02

No início dos anos 2000, Hollywood, dando mais uma prova de sua crônica falta de criatividade, passou a buscar nos filmes de terror orientais a matéria-prima para alguns de seus maiores sucessos do gênero. O responsável por tal tendência - e que acabou tornando-se vítima dela quando gerou uma continuação desnecessária - foi "O chamado", remake que, por incrível que pareça, melhorou bastante seu original, dirigido por Hideo Nakata (por sua vez, baseado em um romance de Kôji Suzuki). Comandada por Gore Verbinski (em alta pelo sucesso de sua versão cinematográfica de "Piratas do Caribe"), a versão ianque consegue ter clima apropriado, um elenco afiado e, melhor ainda, mantém o suspense em alta até suas cenas finais.

O remake americano de "O chamado" é bastante fiel a sua origem japonesa, seguindo quase à risca o roteiro do filme de Nakata. Naomi Watts (recém saída dos elogios por "Cidade dos sonhos", de David Lynch) é a protagonista, a jornalista Rachel Keller, mãe solteira do precoce Aidan (David Dorfman). Dedicada à profissão (e curiosa como uma boa repórter deve ser), Rachel inicia uma investigação inusitada depois da morte inesperada da sobrinha adolescente: ela segue os rastros de uma fita de vídeo que, segundo consta, mata quem a assiste, depois de sete dias. Após assistir à tal fita (que encontra na pousada onde sua sobrinha passou seu último fim de semana), Rachel começa uma corrida contra o tempo para evitar sua morte e a do filho, que também assistiu às desconexas imagens. Com a ajuda do ex-namorado Noah (Martin Henderson), ela tenta descobrir as razões por trás do filme e descobre, aterrorizada, uma trágica história familiar com fim trágico.



Fotografado com competência por Bojan Bazelli - que mistura o tom sombrio da história com a umidade constante de Seattle, cenário da trama - "O chamado" tem a seu favor, também, a direção competente de Verbinski, que, mesmo que esteja longe de ser um cineasta original ou ousado, narra com correção e seriedade um filme que inteligentemente foge da tendência de apelar para o humor (característica esta que marcou uma fase do gênero terror no final dos anos 90). Para o bem do espectador que gosta de sentir medo (e assustar-se), o cineasta mantém sempre a sensação de perigo constante e chega ao luxo de enganar a plateia, aparentemente terminando a história para então apresentar seu desfecho pessimista. Ainda que não chegue a ser exatamente surpreendente (sempre é bom deixar um gancho para uma sequência, ensinam os executivos de Hollywood), essa opção encerra o filme com coerência e elegância.

Apesar das explicações meio capengas para mostrar os motivos que levaram a vilã Samara Morgan (interpretada pela pequena e assustadora Daveigh Chase) a tornar-se vingativa - culpa mais da história original em si do que de seu remake - "O chamado" é um dos mais decentes filmes de terror dos anos 2000, dando a chance a Naomi Watts de comprovar o talento mostrado em seu inesquecível trabalho em "Cidade dos sonhos". Um filme imperdível para os fãs do gênero!

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