DEIXE-ME VIVER (White oleander, 2002, Warner Bros, 109min) Direção: Peter Kosminsky. Roteiro: Mary Agnes Donoghue, romance de Janet Fitch. Fotografia: Elliott Davis. Montagem: Chris Risdale. Música: Thomas Newman. Figurino: Susie DeSanto. Direção de arte/cenários: Donald Graham Burt/Bryony Foster. Produção executiva: Stacy Cohen, E.K. Gaylord II, Kristin Harms, Patrick Markey. Produção: Hunt Lowry, John Wells. Elenco: Michelle Pfeiffer, Alison Lohmann, Renée Zellweger, Robin Wright-Penn, Patrick Fugit, Noah Wyle, Cole Hauser. Estreia: 11/10/02
Em 2002, a incansável máquina de fabricar novas estrelas que Hollywood jamais abandona encontrou um novo nome a ser explorado: com meros 13 anos de idade (mas trabalhando como atriz desde a mais tenra infância), a delicada Alison Lohman conquistou a simpatia do público e da crítica no papel de uma frágil pré-adolescente lutando para fugir do jugo de uma mãe dominadora condenada por homicídio. Depois de sua convincente atuação em "Deixe-me viver", adaptado de um romance de Janet Fitch, a jovem Lohman pavimentou seu caminho para trabalhar com diretores do porte de Ridley Scott e Tim Burton - e foi mais um exemplo de que pouca idade não é desculpa para falta de talento: mesmo bastante jovem, ela enfrentou sem medo o desafio de atuar com atrizes consagradas já em seu primeiro filme de grande visibilidade.
Aliás, grande visibilidade em termos. Aposta certeira para a temporada de prêmios - em especial era considerada certeza a indicação de Michelle Pfeiffer ao Oscar de coadjuvante - o filme de Peter Kosminsky acabou morrendo na praia, sem tornar-se nem um êxito de crítica nem o sucesso comercial que se esperava. Porém, a despeito dessa frustrada ambição por estatuetas, "Deixe-me viver" é um filme com belas qualidades. E a maior delas já está estampada no cartaz: o elenco feminino acima de qualquer suspeita.
Em uma interpretação surpreendente, Michelle Pfeiffer vive Ingrid Magnussen, uma artista plástica tão talentosa quanto temperamental que vê sua vida virar de cabeça pra baixo quando mata um ex-amante que a trocou por outra mulher. Condenada à prisão, ela perde a guarda da filha única, Astrid, uma adolescente introvertida que tinha na imagem materna um exemplo a ser seguido. A falta de referências da jovem aumenta ainda mais quando ela passa a viver em consecutivos lares provisórios, tomando contato com realidades distintas da que vivia até então. É assim que ela vai morar, entre outras, com Starr (a excelente Robin Wright), uma mulher que se diz religiosa mas não concebe sua vida sem estar atrelada a um homem e com Claire Richards (Renee Zelwegger), uma atriz decadente com o casamento em frangalhos. Enquanto tenta manter um equilíbrio em seu mundo já bastante bagunçado, Astrid ainda precisa lidar com o fato de não conseguir fugir dos domínios de sua mãe, uma mulher ardilosa e inteligente que tem na filha o único contato com o mundo exterior.
Não se pode dizer que "Deixe-me viver" seja psicologicamente acurado ou tenha personagens brilhantemente desenhados. Seu formato episódico de certa forma prejudica o envolvimento do espectador com suas personagens, que poderiam ser melhor desenvolvidas. É lamentável, por exemplo, que Robin Wright-Penn, uma atriz tão sensacional, fique tão pouco tempo em cena. Mas o roteiro consegue fazer com que a história nunca perca seu interesse e seu foco central (a relação entre Astrid e sua mãe) e, além de tudo, não caia nos exageros melodramáticos que a história fatalmente poderia apresentar devido ao tema. Essa opção por não cair no piegas valoriza o resultado final, ainda que não o torne especialmente marcante. Ainda assim, é um drama competente e que apresentou uma jovem atriz ao mundo. Já está de bom tamanho!
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
terça-feira
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2 comentários:
Gostei muito tanto do filme quanto do livro.
Recomendo!
Ótimo blog, fantástico!
Assisti este filme neste sábado. Chorei muito. Ótimo filme, bem equilibrado, sem exageros, focando realidades de conflitos em relacionamentos. Gostei muito deste blog. suas críticas são fantásticas!
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