Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro
Desde que a quinta geração do cinema chinês aportou no Ocidente, no início dos anos 90, alguns nomes imediatamente tornaram-se reconhecíveis pelo público antenado. Um deles, Zhang Yimou, chamava a atenção principalmente pelo visual impecável de seus trabalhos, todos eles com um cuidado primoroso com a fotografia e a direção de arte. Mostrando que essa característica é uma constante em sua obra, Yimou deixou o mundo de queixo caído com a exuberância de seu deslumbrante “Herói”. Seguindo a tendência do megasucesso “O tigre e o dragão” – artes marciais coreografadas como balé diante de um visual estonteante – o longa do cineasta que assinou o belo “Lanternas vermelhas” conquistou público e crítica, além de ter arrebatado uma indicação ao Oscar de filme estrangeiro.
Tudo acontece na China feudal, quando o Rei de Qin, tencionando tornar-se o mais poderoso monarca de todo o território, se transforma no alvo de três perigosos assassinos. Seus temores de morrer violentamente acabam quando surge a notícia de que todos eles foram eliminados pelo mesmo homem, um misterioso guerreiro sem nome (vivido por um silencioso Jet Li). Impressionado, o rei chama a seu palácio o herói, que lhe conta, então, como deu fim aos inimigos de suas ambições políticas.
A história de “Herói”, no fim das contas, é o que menos interessa. O que mais chama a atenção no filme é sua deslumbrante concepção visual. Cada episódio de seu filme conta com a predominância de uma cor específica, dando o tom e o clima adequados. A fotografia abismal de Christopher Doyle transforma cada cena em uma pintura, enchendo os olhos do espectador a tal ponto de fazê-lo esquecer que, em determinados momentos, o roteiro tem sérios problemas de ritmo (e talvez seja um tanto superficial) – problemas estes que Yimou resolveria em seu trabalho seguinte, o igualmente belo “O clã das adagas voadoras”.
É impossível não se deixar seduzir pela beleza pictória de
“Herói”. Desde a primeira cena até seu final surpreendente, a história
prende a audiência por seu cuidado em jamais fugir de seus conceitos estéticos
e por envolvê-la em uma trama que versa sobre heroísmo, lealdade e idealismo. O
filme é um marco absoluto do cinema chinês do início do século XXI, imperdível
tanto por suas qualidades técnicas por sua sensibilidade.
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