Depois do acachapante sucesso de "X-Men" e "Homem-aranha" qualquer herói de HQ que se preze começou a sonhar em virar protagonista de um filme bem-sucedido. Até mesmo personagens mais cultuados que populares entraram na fila e o resultado é "Constantine", adaptação de um comic book inglês que já chegou às telas debaixo de uma saraivada de críticas dos fãs, que foram principalmente contra a escalação do americano e moreno Keanu Reeves para encarnar a personagem principal, que na versão em papel é britânico e louro. No entanto, como boa parte do público nem sabia que existia a personagem antes que o filme estreasse, a obra de Francis Lawrence não ligou para esses detalhes e acabou se tornando apenas mais um produto de entretenimento bem embalado por efeitos visuais e um orçamento generoso que serve como um eficiente passatempo.
E é como um
passatempo que “Constantine” deve ser encarado. Keanu Reeves continua o mesmo
apático de sempre na pele do protagonista John Constantine, que segundo o
roteiro, tem o dom de se comunicar com seres de outro mundo – no caso, anjos,
demônios e afins. Sabendo que está com os dias contados devido a um câncer de
pulmão, ele é procurado pela policial Ângela Doodson (Rachel Weisz, menos
canastra do que o normal), cuja irmã gêmea acaba de cometer suicídio. Ela pede
sua ajuda para provar que algo mais complexo do que o corriqueiro empurrou sua
irmã para a morte e os dois acabam se envolvendo em uma trama que envolve a
tentativa do filho do próprio demônio de subir à Terra.
Apesar de algumas ideias bastante interessantes – como a
escalação de Tilda Swinton como o anjo Gabriel – e um visual sujo o bastante
para transmitir a sensação de desesperança dos protagonistas, o filme de
Lawrence carece principalmente de empatia. Da forma que é interpretado por
Keanu Reeves, o herói John Constantine nunca chega a convencer plenamente, seja
como detetiva seja com ser humano, mostrando mais uma vez as flagrantes falhas
de Reeves como ator. É de se pensar se com outro ator mais talentoso em seu
lugar o resultado não teria sido bem mais forte e marcante. Até mesmo o senso
de humor negro que o roteiro tenta apresentar sofre com a apatia de seu
protagonista.
“Constantine” funciona – e bem – como entretenimento. É bem
realizado, tem uma história suficientemente interessante e uma fotografia
caprichada – cortesia do veterano oscarizado Phillippe Rousselot. Mas perde a
oportunidade tanto de ser um filme inesquecível quanto de começar uma franquia
de grandes possibilidades financeiras. Talvez os fãs dos quadrinhos realmente
tenham razão quanto à ira despertada pela escalação de Keanu Reeves.
2 comentários:
Já tentei ver 1 milhão de vezes, mas eu não posso da primeira cena.
Gostei desse filme, mas acho que deixa a desejar em alguns pontos.
Por exemplo, o confronto entre Gabriel e o diabo eu achei muito rápido. Podia ter sido mais trabalhado.
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