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segunda-feira
MANHATTAN
MANHATTAN (Manhattan, 1979, United Artists, 96min ) Direção: Woody Allen. Roteiro: Woody Allen, Marshall Brickman. Fotografia: Gordon Willis. Montagem: Susan E. Morse. Figurino: Albert Wolsky. Direção de arte/cenários: Mel Bourne/Robert Drumheller. Casting: Juliet Taylor. Produção executiva: Robert Greenhut. Produção: Charles H. Joffe, Jack Rollins. Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, Michael Murphy, Mariel Hemingway, Meryl Streep, Anne Byrne. Estreia: 25/4/79
2 indicações ao Oscar: Atriz Coadjuvante (Mariel Hemingway), Roteiro Original
Por incrível que pareça, um dos produtos mais bem-acabados da carreira do ator, roteirista e diretor Woody Allen é um do qual ele gosta tão pouco que chegou a sugerir à United Artists que nunca o lançasse, propondo inclusive dirigir um filme totalmente de graça para que isso acontecesse. Felizmente, o estúdio nem cogitou a possibilidade e proporcionou ao público um dos filmes mais queridos da carreira de Allen. Mesmo já tendo Oscar em casa por “Noivo neurótico, noiva nervosa”, é em “Manhattan” que ele demonstra a maturidade e o equilíbrio que marcariam os melhores momentos de sua trajetória como um dos mais íntegros e coerentes cineastas de sua geração. Filmado quase como uma declaração de amor à Nova York – a primeira de várias que se seguiriam -, “Manhattan” apresenta uma gloriosa fotografia de Gordon Willis como pano de fundo para a história de um quadrilátero amoroso encenado sob uma trilha sonora impecável, recheada de standards de um jazz da mais alta qualidade, em especial Gershwin.
Assim como em “Noivo neurótico”, Allen é quem lidera o elenco, na pele de Isaac Davis, um escritor de programas de televisão que não nutre exatamente um grande amor pela profissão. Na verdade, ele passa por uma crise, uma vez que foi abandonado pela esposa (Meryl Streep em uma participação pequena mas fundamental), que, além de trocá-lo por outra mulher ainda está terminando de escrever um livro contando detalhes de sua intimidade. Só quem o salva de seus problemas é seu namoro com a bela Tracy (Mariel Hemingway), uma jovem estudante de apenas 17 anos de idade e sua amizade com o professor universitário Yale (Michael Murphy), que tem um caso extra-conjugal com Mary (Diane Keaton). Enquanto dá apoio à bela e cultíssima Mary, que sofre com as dificuldades de seu romance impossível, Isaac acaba se apaixonando por ela, deixando de lado seu relacionamento com quem ele considera jovem demais.
Apesar de conter todas as características que definiriam o “estilo Woody Allen” para todo o sempre, “Manhattan” pode e deve ser visto como um romance à moda antiga, vestido com uma roupagem ainda moderna. Sim, os diálogos repletos de referências eruditas estão presentes, assim como o senso de humor neurótico e judeu. Mas poucas vezes o roteirista/diretor criou personagens tão densos e reais como os criados aqui, defendidos com unhas e dentes por atores excepcionais. Curiosamente, a mais fraca intérprete do elenco, Mariel Hemingway (em um papel que quase ficou com Jodie Foster) foi quem recebeu uma indicação ao Oscar de atriz coadjuvante – perdido para sua colega de elenco Meryl Streep, por sua atuação em “Kramer X Kramer”. Sua fragilidade como atriz fica ainda mais evidente na última cena do filme, de uma sensibilidade e uma preciosidade ímpares, que entraria certamente em qualquer antologia romântica caso tivesse uma atriz de verdade. Bela ela realmente era - a ponto de ser citada na lista que Isaac faz dos motivos pelos quais vale a pena viver - mas como atriz faltava-lhe substância.
“Manhattan” ainda é uma pequena obra-prima de um artista acostumado a criá-las. Para entrar na lista dos preferidos do diretor.
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Um comentário:
Oi Clênio,
em matéria de Woody Allen, MANHATTAN é o filme que mais ilustra a sua paixão pela cidade num magnífico celuloide em preto e branco.
Parabéns pelo texto.
Abs,
Rodrigo
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