quinta-feira

A ROSA


A ROSA (The rose, 1979, 20th Century Fox, 125min) Direção: Mark Rydell. Roteiro: Bo Goldman, Bill Kerby, história de Bill Kerby. Fotografia: Vilmos Zsigmond. Montagem: C. Timothy O'Meara, Robert L. Wolfe. Música: Paul A. Rotchild. Figurino: Theoni V. Aldredge. Direção de arte/cenários: Richard Macdonald/Bruce Weintraub. Casting: Lynn Stalmaster. Produção executiva: Tony Ray. Produção: Aaron Russo, Marvin Worth. Elenco: Bette Midler, Alan Bates, Frederic Forrest, Harry Dean Stanton. Estreia: 07/11/79

4 indicações ao Oscar: Atriz (Bette Midler), Ator Coadjuvante (Frederic Forrest), Montagem, Som
Vencedor de 3 Golden Globes: Melhor Atriz/Comédia ou Musical (Bette Midler), Canção ("The rose"), Estreia Feminina (Bette Midler)


Antes de consagrar-se nos anos 80 como humorista, em comédias como "Por favor, matem minha mulher" e "Cuidado com as gêmeas", Bette Midler foi levada muito a sério como intérprete dramática. Por sua atuação no drama musical "A rosa" ela recebeu um Golden Globe e foi indicada pela primeira vez ao Oscar de melhor atriz. Dirigida pelo mesmo Mark Rydell que em 1991 comandaria o fracasso de bilheteria "Para eles, com muito amor" - que lhe deu sua segunda indicação ao prêmio da Academia - "A rosa" é uma versão romanceada e bem disfarçada da vida da cantora Janis Joplin - ou pelo menos era pra ser assim na primeira versão do roteiro.

Quando Midler foi convidada para protagonizar o filme - uma condição imposta por Rydell - a trama ainda se chamava "The pearl" e era bastante baseada na vida desregrada e na morte de Joplin (falecida em 1970 de overdose de heroína). Acreditando que ainda era muito cedo para que a cantora tivesse um filme inspirado em sua vida, a atriz (ainda desconhecida do grande público e que cantava em bares) insistiu em que o roteiro fosse mudado. Aos poucos, a trama de "The pearl" transformou-se em "A rosa" e marcou o início do sucesso de Bette Midler em Hollywood.

Ela vive Mary Rose Foster, também conhecida como "a rosa", uma cantora de rock que não sabe lidar com o sucesso que faz. Explorada pelo empresário (Alan Bates), viciada em barbitúricos e carente ao extremo, ela tem como maior orgulho de sua vida ter saído da pequena cidade onde nasceu - e onde pretende encerrar a maior turné de sua carreira. Auto-destrutiva, agressiva e emocionalmente instável, ela vê a chance de voltar a ser feliz quando conhece o jovem Huston Dyer (Frederic Forrest), mas a sua própria personalidade bipolar ameaça afastá-la dele.


Apesar de não apresentar novidades ao gênero "biografia musical" (ainda que fictícia), o roteiro de "A rosa" tampouco deixa de oferecer o que se espera de um filme com suas pretensões. Os números musicais são extremamente eficientes (cortesia de uma inspirada fotografia de Vilmos Zsigmond) e os dramas existencias de sua protagonista, ainda que soem verossímeis, nunca chegam a incomodar o público médio - leia-se "nada de exageros nas cenas de uso de drogas nem muito menos na linguagem e nas cenas de sexo". Não deixa de ser um paradoxo um filme sobre uma roqueira que tenta fugir dos padrões seja tão quadrado, mas toda e qualquer frustração a respeito de sua censura quase livre fica bem menor ao testemunhar-se a performance de Midler.

Na pele da protagonista absoluta de "A rosa", Bette Midler justifica plenamente os prêmios que abocanhou na temporada 1979. Sua entrega à complexa personalidade de Rose é a melhor e mais arrebatadora surpresa do filme de Rydell. Tanto nas cenas mais dramáticas quanto nas performances musicais, Midler extravasa um talento inquestionável e seduz a audiência com um trabalho fabuloso que apenas comprova o seu talento hoje em dia relegado a um quase anonimato. Coisas de Hollywood!

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