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sexta-feira
OS INTOCÁVEIS
OS INTOCÁVEIS (The untouchables, 1987, Paramount Pictures, 119min) Direção: Brian De Palma. Roteiro: David Mamet, inspirado em livro de Oscar Fraley, Eliot Ness. Fotografia: Stephen H. Burum. Montagem: Jerry Greenberg, Bill Pankow. Música: Ennio Morricone. Figurino: Marilyn Vance-Straker. Direção de arte/cenários: William A. Elliott/Hal Gausman. Casting: Mali Finn. Produção: Art Linson. Elenco: Kevin Costner, Robert DeNiro, Sean Connery, Andy Garcia, Charles Martin Smith, Billy Drago, Patricia Clarkson, Richard Bradford. Estreia: 03/6/87
4 indicações ao Oscar: Ator Coadjuvante (Sean Connery), Trilha Sonora, Figurino, Direção de arte/cenários
Vencedor do Oscar de Ator Coadjuvante (Sean Connery)
Vencedor do Golden Globe de Ator Coadjuvante (Sean Connery)
Quatro anos depois do violento “Scarface”, Brian de Palma voltou a lidar com o tema do gangsterismo, dessa vez contando uma história mezzo verdadeira mezzo ficção. Baseado na extinta série de TV dos anos 60, “Os intocáveis” é diversão de primeira grandeza e ainda provou uma expressiva maturidade de seu diretor.
Sem deixar muito espaço para tramas paralelas, o que enfraqueceu “Scarface”, o roteiro do dramaturgo David Mamet parte logo pro assunto, mostrando a que veio: na Chicago dos anos 20, em pleno vigor da Lei Seca, o chefão do crime organizado, Al Capone (em mais uma caracterização impecável de Robert De Niro) manda e desmanda na cidade, utilizando de violência sempre que lhe é conveniente. Para tentar acabar com seus desmandos, surge Eliott Ness (um Kevin Costner jovial e promissor), que, como bom chefe de família incorruptível e honesto, resolve formar uma brigada em prol de sua prisão. Para isso une-se ao veterano policial Jim Malone (Sean Connery), o ambicioso George Stone(Andy Garcia) e o contador Oscar Wallace (Charles Martin Smith), que é quem tem a ideia mais eficaz contra o criminoso: processá-lo por sonegação do imposto de renda.
A luta travada entre Capone – capaz de comprar um corpo de jurados inteiro – e Ness e seus asseclas, os “intocáveis” do título faz do filme de De Palma o que ele é: um impactante e empolgante filme de gângster, com lados bem divididos e claros, com mocinhos de um lado e bandidos de outro. Com uma edição enxuta e ágil e uma reconstituição de época brilhante, além de uma das mais marcantes trilhas sonoras de Enio Morricone, “Os intocáveis” consegue o que parecia impossível: superar sua origem, desatacando seu quase maniqueísmo e louvando-o como uma qualidade. Em tempos cínicos nada como um pouco de nostalgia, é o que parece gritar cada fotograma de Stephen H. Burum. Sequências de uma beleza plástica inegáveis caminham lado a lado com uma violência muitas vezes inesperadas.
E nostalgia é o que não falta a “Os intocáveis”, uma vez que De Palma consegue arrumar espaço inclusive para uma bela e justa homenagem a uma das seqüências mais memoráveis da história do cinema. Praticamente copiando quadro a quadro a cena da escadaria de Odessa do alemão “Outubro”, de Serguei Eisenstein, o cineasta criou um dos mais tensos e exemplares momentos do cinema de ação dos últimos anos, que deixa a platéia com a respiração suspensa por alguns dos minutos mais recompensadores das suas duas horas de projeção.
E se Kevin Costner é o herói e Robert De Niro o vilão não pode-se deixar de notar o elenco coadjuvante. O cubano Andy Garcia parece sempre prestes a roubar as cenas de que participa e o baixinho Charles Martin Smith dá o tom cômico sem exageros. Mas foi Sean Connery, o eterno James Bond quem mais chamou a atenção da crítica. Deixando para trás a maldição de um único papel, ele chegou a levar o Oscar de coadjuvante por seu trabalho em um papel feito sob medida: na pele do policial irlandês Malone, Connery injeta humanidade e experiência a um projeto elegante e adulto. Um filme como poucos!
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