THELMA & LOUISE (Thelma & Louise, 1991, MGM Pictures, 130min) Direção: Ridley Scott. Roteiro: Callie Khouri. Fotografia: Adrian Biddle. Montagem: Thom Noble. Música: Hans Zimmer. Figurino: Elizabeth McBride. Direção de arte/cenários: Norris Spencer/Anne Ahrens. Casting: Louis Di Giaimo. Produção: Mimi Polk, Ridley Scott. Elenco: Susan Sarandon, Geena Davis, Harvey Keitel, Michael Madsen, Christopher McDonald, Brad Pitt, Stephen Tobolowsky. Estreia: 24/5/91
6 indicações ao Oscar: Diretor (Ridley Scott), Atriz (Geena Davis, Susan Sarandon), Roteiro Original, Fotografia, Montagem
Vencedor do Oscar de Roteiro Original
Vencedor do Golden Globe de Roteiro
Em uma das cenas de "Thelma & Louise" - excepcional filme de Ridley Scott indicado a 6 Oscar - uma possível testemunha de um violento assassinato faz a seguinte declaração: "Eu sou uma garçonete. Se isso não faz de mim uma especialista na natureza humana então não sei de nada." Pode até parecer uma declaração um tanto exagerada, mas se levarmos em consideração que o roteiro do filme - premiado com uma merecidíssima estatueta - foi escrita por Callie Khouri, uma ex-garçonete, é impossível não deixar de concordar com sua afirmação. Afinal, se há uma qualidade que se destaca no filme de Scott - repleto delas, diga-se de passagem - é a extrema humanidade que emana em cada uma das personagens que desfila pela tela, sejam elas de destaque ou não.
O roteiro de "Thelma & Louise" é, definitivamente, um primor de concisão, ritmo e - pasmem! - bom-humor. Apesar da premissa um tanto barra-pesada, a história criada por Khouri - que nunca mais teve a mesma sorte em seus projetos posteriores - tem o bom-senso de nunca deixar que tudo caia no depressivo ou no desnecessariamente trágico. Mesmo quando estão nos piores momentos de sua vida, as protagonistas jamais caem na armadilha da auto-compaixão: responsabilidade do script esperto, da trilha sonora marcante de Hans Zimmer, da edição ágil e da direção perfeita de Ridley Scott - que se viu disputando o Oscar com Oliver Stone (por "JFK") e Jonathan Demme (por "O silêncio dos inocentes"). Saiu sem o prêmio nas mãos, mas muitos elogios da crítica e do público: "Thelma & Louise" é um clássico absoluto desde sua estreia, uma espécie de "Butch Cassidy & Sundance Kid" pós-feminista e um dos melhores filmes da década de 90.
Louise (Susan Sarandon, excepcional) é uma garçonete que vive uma relação aberta com Jimmy (Michael Madsen), um músico itinerante. Thelma (Geena Davis no melhor momento de sua carreira) é uma dona-de-casa frustrada e dominada pelo marido troglodita Darryl (Christopher MacDonald, tirando o máximo do potencial cômico de sua personagem). Amigas de longa data, as duas resolvem passar um fim-de-semana na casa de campo de um dos chefes de Louise e partem com o franco objetivo de esquecer, por um mínimo de tempo, suas vidas um tanto tediosas. Sua viagem, que era para ser divertida, esbarra em um grande problema, porém: em sua primeira parada em um bar, Thelma bebe demais e só escapa de ser estuprada quando Louise mata o agressor com um tiro. Apavoradas, elas decidem não recorrer à polícia - por motivos óbvios - e as circunstâncias acabam levando-as a optar para uma fuga para o México. A única pessoa que tenta ajudá-las é o experiente policial Hal (Harvey Keitel).
"Thelma & Louise" é, em seu formato, um road-movie dos melhores. A belíssima fotografia de Adrian Biddle aproveita a beleza árida do Colorado para reiterar a vida deserta das protagonistas, que encontram sentido em sua existência somente quando são obrigadas a embarcar em uma aventura inesperada. Em seu caminho rumo à liberdade (física e interna), a madura Louise e a ingênua Thelma tomam contato com todas as formas possíveis de seres humanos e até mesmo com seus próprios corpos - Thelma chega a envolver-se em uma rápida aventura sexual com um caroneiro mau-caráter, vivido por Brad Pitt estreando no cinema com o pé direito. Apesar de alguns exageros na construção de estereótipos masculinos - que nunca deixam de ser bastante verossímeis, aliás - o roteiro de Callie Khouri encanta também pela ousadia de seu final agridoce - um final que Susan Sarandon exigiu que se mantivesse mesmo com a pressão do estúdio para que fosse alterado.
Mas "Thelma & Louise" é, acima de tudo, Susan Sarandon e Geena Davis. Apesar da extensa lista de atrizes cotadas para viver as personagens em seus vários anos de pré-produção, é impossível imaginar quem traduziria melhor que as duas a gama imensa de sentimentos das protagonistas. Indicadas ao Oscar - que perderam para Jodie Foster - elas são inesquecíveis com suas atuações extraordinárias, carismáticas e poderosas. Seria inconcebível premiar uma em detrimento da outra - ainda que o trabalho de Sarandon seja menos óbvio - mas sem dúvida nenhuma qualquer espectador que tenha tido a oportunidade de assistir ao filme - e foram muitos - sabe que um prêmio é desnecessário nesse caso. O que importa é o sentimento de imortalidade que as duas forjaram em suas inseparáveis e corajosas amigas.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
quinta-feira
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3 comentários:
Esse sim é um filme de garotas feita para garotos gostarem.kkkk. Amo esse filme.
Um dos meus filmes de cabeceira! eu gosto muito, acho divertido e emocional, na medida certa. O final é antológico!
Eu amo esse filme! Sempre choro...rs Mas eu sou uma manteiga derretida mesmo, fazer o que?rs
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