EMMA (Emma, 1996, Miramax Films, 121min) Direção: Douglas McGrath. Roteiro: Douglas McGrath, romance de Jane Austen. Fotografia: Ian Wilson. Montagem: Lesley Walker. Música: Rachel Portman. Figurino: Ruth Myers. Direção de arte/cenários: Michael Howells/Totty Whately. Produção executiva: Donna Gigliotti, Bob Weinstein, Harvey Weinstein. Produção: Steven Haft. Elenco: Gwyneth Paltrow, Jeremy Northam, Ewan McGregor, Greta Scaachi, Toni Colette, Alan Cumming, Polly Walker, Juliet Stevenson, Phyllida Law. Estreia: 02/8/96
2 indicações ao Oscar: Trilha Sonora Original/Comédia ou Musical, Figurino
Vencedor do Oscar de Melhor Trilha Sonora Original/Comédia ou Musical
"Não há nada no mundo mais bonito do que um casal bem formado." Com essa afirmação no mínimo questionável começa "Emma", mais uma adaptação de Jane Austen lançada na década de 90, logo após o sucesso de "Razão e sensibilidade". Adaptado e dirigido por Douglas McGrath - que não passa nem perto do talento de Ang Lee, diretor da produção estrelada por Emma Thompson e Kate Winslet - "Emma" fez uma bilheteria bastante razoável - principalmente se for considerado seu orçamento pequeno - e serviu basicamente para dar a primeira grande chance a Gwyneth Paltrow, que, a despeito de seus detratores, sai-se muito bem no papel-título, uma jovem e simpática alcoviteira que não percebe o amor que está debaixo do seu nariz.
A versão fiel do romance "Emma" - publicado em 1815 - chegou às telas americanas quase um ano depois que sua adaptação modernizada, "As patricinhas de Beverly Hills", alçou Alicia Silverstone à categoria de ídolo adolescente. Bem mais formal e clássico, o filme de McGrath tem um público-alvo mais sofisticado, deixando de lado os modernismos do cinema à MTV para concentrar-se basicamente na história a ser contada. Sua falta de ousadia combina com a suavidade da obra de Jane Austen, mas faz falta o senso delicado de humor de Ang Lee e da roteirista Emma Thompson, que emularam com perfeição a ironia e o sarcasmo adjacentes nos livros da escritora inglesa. "Emma" é bastante fiel ao livro que lhe deu origem, mas, apesar de ser bastante competente, não encanta como "Razão e sensibilidade".
Noiva de Brad Pitt à época das filmagens, Gwyneth Paltrow vive Emma Woodhouse, uma jovem bem-nascida, inteligente e de bom coração que tem como hobby juntar os corações solitários que a rodeiam. Sua principal missão é encontrar o par perfeito para sua amiga Harriet Smith (Toni Collette), que não tem seu mesmo nível financeiro e intelectual. Depois da frustrada tentativa de uní-la ao Reverendo Elton (Alan Cumming), ela insiste em sua busca através das pessoas de seu círculo social, sem perceber que isso a impede de achar um amor para si mesma. Quando a jovem demonstra interesse em um surpreendente pretendente é que Emma descobre que já está apaixonada por ele.
Quem leu o livro de Austen ou assistiu à comédia de Amy Heckerling sabe o desfecho de "Emma". Isso, porém, não impede o espectador de apreciar as inúmeras qualidades do filme de McGrath, que vão desde a belíssima fotografia de Ian Wilson à precisa reconstituição de época - sem contar a trilha sonora vencedora do Oscar. É um filme delicado e sensível, com diálogos engraçados e um elenco notável. Paltrow demonstra uma segurança ímpar no papel central e é cercada de atores que parecem prontos a roubar a cena a qualquer momento. Toni Colette está a quilômetros de distância de seu famoso papel de estreia na comédia dramática "O casamento de Muriel", Ewan McGregor - em vias de tornar-se astro por causa de "Trainspotting" - exercita um lado romântico sedutor inédito em sua carreira e Jeremy Northam abandona a persona cafajeste que vinha demonstrando em uma atuação sutil e encantadora. E seria injusto não citar a química excepcional entre Phylida Law e Juliet Stevenson - mãe e irmã de Emma Thompson na vida real - nos papéis de mãe e filha: enquanto a mãe não fala absolutamente nada o filme todo, a filha é uma matraca incurável e responsável por uma das cenas mais tocantes do longa.
"Emma" é uma deliciosa e fiel adaptação de um dos romances mais queridos da literatura inglesa, que mantém seu frescor até mesmo nos cínicos anos do século XXI. Estrelado por uma Gwyneth Paltrow cuja carreira ascenderia a ponto de lhe dar um Oscar quase inexplicável poucos anos depois, é também um filme capaz de agradar justamente por sua falta de ambições maiores do que simplesmente contar uma bela história de amor.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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3 comentários:
Só vi a versão moderninha deste 'livro' da Austen. Esse filme com a Paltrow ainda não tive a chance de conferir. Talvez um dia eu veja. Mas também sem pressa...
Li o livro esses dias e logo depois vi o filme. E concordo com vc, apesar das qualidades, faltou mais aprimoramento suave no filme.
E esse comentário aí de cima? 'Livro'? oO
Parabes pelo blog maravilhoso!
Grande beijo!
Estou curiosa para ler mais esta obra da Jane Austen e depois ver o filme.
Quando estou curiosa para saber sobre algum filme sempre dou uma olhadinha aqui, por uma sinopse simplificada e principalmente pela sua opinião.
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