O HOMEM QUE FAZIA CHOVER (The rainmaker, 1997, American Zoetrope/Constellation Entertainment/Douglas/Reuther Productions, 135min) Direção: Francis Ford Coppola. Roteiro: Francis Ford Coppola, Michael Herr, romance de John Grisham. Fotografia: John Toll. Montagem: Barry Malkin. Música: Elmer Bernstein. Figurino: Aggie Guerard Rodgers. Direção de arte/cenários: Howard Cummings/Barbara Munch. Produção: Michael Douglas, Fred Fuchs, Steven Reuther. Elenco: Matt Damon, Claire Danes, Danny DeVito, Mickey Rourke, Roy Scheider, Virginia Madsen, Mary Kay Place, Jon Voight, Dean Stockwell, Teresa Wright. Estreia: 18/11/97
Francis Ford Coppola é um cineasta de extremos. Ou tem lapsos da mais absoluta genialidade e produz filmes definitivos como "O poderoso chefão" e "Apocalypse now" ou assina fracassos estrondosos como "O fundo do coração" e "Tucker, um homem e seu sonho" (que, a despeito de sua qualidade fazem parte de uma nada lisonjeira lista de prejuízos absolutos). Por isso, não deixa de ser estranho ver seu nome estampado nos créditos de "O homem que fazia chover", mais uma adaptação para o cinema de um livro de John Grisham. Não que o filme tenha sido um erro total ou um furo comercial - mas porque em nenhum momento dos seus longos 135 minutos se percebe o talento visionário e a paixão que imprimiu em seus melhores trabalhos. "O homem que fazia chover" é um ótimo drama de tribunal - que felizmente não se resume somente às cenas do julgamento em si - mas, se é uma das melhores recriações da obra de Grisham para as telas, é apenas um filme correto dentro da filmografia genial de seu diretor.
Como sempre acontece nas histórias de Grisham, o protagonista é um advogado o jovem Rudy Baylor (Matt Damon) acaba de formar-se em Direito e, antes mesmo de passar no exame da Ordem, é contratado pela firma do misterioso Bruiser Stone (Mickey Rourke), para onde leva dois casos dos quais já cuidava; o testamento da velha senhora Birdie (Teresa Wright) - em cujo apartamento dos fundos ele mora, e um importante caso contra uma empresa de planos de saúde, que se recusa a pagar o tratamento de leucemia do jovem Donny Ray Black (Johnny Whitworth). Enquanto tenta levar o poderoso à julgamento - contando com a ajuda do colega Deck Shifflet (Danny DeVito),cujo maior talento é aliciar possíveis clientes em hospitais e delegacias - Baylor se apaixona por Kelly Riker (Claire Danes), uma jovem vítima de um marido abusivo.
O que há de melhor em "O homem que fazia chover" é a sua narrativa clássica e linear. Diferentemente do que fez em "Drácula de Bram Stoker", quando abusou de sua veia criativa em sequência de poesia ímpar que expandiam a trama criada pelo autor irlandês, aqui o cineasta se atém a contar a história imaginada por Grisham, sem apelar para efeitos de luz e sombra ou subterfúgios outros. O público que se dispor a assistir ao filme é presenteado com uma história simples de bem contra o mal - um tanto maniqueísta, sim, mas interessante o suficiente para manter a atenção até o final. E é fundamental para que a audiência torça por seu protagonista que ele seja vivido por um ator como Matt Damon. Em vias de tornar-se queridinho de Hollywood por "Gênio indomável" - que lhe deu um Oscar de roteiro original - Damon é a perfeita encarnação do rapaz boa-pinta, de bom coração e sensível com que a plateia pode (e deve) identificar-se. Sua escalação, um golpe de mestre de Coppola, dá o tom exato do que é "O homem que fazia chover": um filme simples, sem maiores sofisticações.
Mas por simples que não se entenda simplório. Apesar de não buscar soluções inéditas ou enquadramentos mirabolantes de câmera, Coppola não se descuida do roteiro - que ele mesmo adaptou. Ainda que as personagens não sejam exatamente multidimensionais, elas proporcionam a seus atores boas oportunidades de demonstrar seu talento. Mary Kay Place dá o tom exato a sua Dot Black, a mãe do jovem Donny Ray, uma mulher determinada a não deixar que o sofrimento de seu filho passe em branco. Danny DeVito brilha como o divertido Deck Shifflet e até mesmo coadjuvantes rápidos - como Dean Stockwell e Virginia Madsen - estão em momentos bastante inspirados. Talvez nesse cuidado com a direção de atores esteja mais claro o envolvimento do cineasta com o projeto, cujo resultado final recebeu a total aprovação de seu criador. De todas as adaptações de livros seus feitos por Hollywood, "O homem que fazia chover" é a preferida de John Grisham.
"O homem que fazia chover" é competente, é extremamente bem feito e tem um elenco exemplar. Não é nem de longe o melhor Francis Ford Coppola da história, mas é entretenimento de primeira linha e é bem capaz de empolgar os fãs do gênero.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
terça-feira
O HOMEM QUE FAZIA CHOVER
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Um comentário:
Você disse tudo no começo o diretor é capa de ser chamado de Bestial....porém, depois merece o título de besta.
Gosto dos clássicos (inclusive Drácula) e odeio os fracassos
(Tucker).
Esse ainda esta na lista.
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