quarta-feira

O PACIFICADOR

O PACIFICADOR (The Peacemaker, 1997, Dreamworks SKG, 124min) Direção: Mimi Leder. Roteiro: Michael Schiffer, artigo de Leslie Cockburn, Andrew Cockburn. Fotografia: Dietrich Lohmann. Montagem: David Rosenbloom. Música: Hans Zimmer. Figurino: Shelley Komarov. Direção de arte/cenários: Leslie Dilley/Rosemary Brandenburg. Produção executiva: Michael Grillo, Laurie Macdonald. Produção: Branko Lustig, Walter Parkes. Elenco: Nicole Kidman, George Clooney, Armin Mueller-Stahl, Marcel Iures, Aleksandr Baluev, Goran Visnjic. Estreia: 26/9/97

Uma mulher dirigir um filme de ação é algo tão raro que, quando acontece, é visto com olhos atentos por todo mundo. No entanto, isso não aconteceu como deveria com "O pacificador", filme de estreia do estúdio DreamWorks SKG - de propriedade de Steven Spielberg, Jeffrey Katzenberg e David Geffen. Dirigido por Mimi Leder, que comandou vários episódios da série de TV "Plantão médico" - produzido por Spielberg - o filme estrelado por George Clooney e Nicole Kidman não fez o barulho esperado nas bilheterias americanas, apesar de suas qualidades. Diferentemente de outros filmes do gênero, que dão mais valor às cenas de explosões e tiroteios, o trabalho de Leder se concentra também na história e nas personagens, o que desacelera seu ritmo. Quem prefere um pouco de inteligência em vez de pura correria, no entanto, não tem do que reclamar. "O pacificador" é um filme de ação com cérebro.

Dois acontecimentos aparentemente sem conexão alguma dão partida à história: o assassinato de um diplomata iraniano e a trágica batida de dois trens em algum lugar da Rússia. O acidente causa a explosão de uma ogiva nuclear e logo a especialista Julia Kelly (Nicole Kidman) fica com a certeza de que tudo não passa de uma ação terrorista. Sua certeza é questionada pelo Tenente Coronel Thomas Devoe (George Clooney), que acredita que tudo é uma armação para esconder algo maior. Juntos, eles começam a investigar os rastros que o roubo de dez ogivas deixou para trás e descobrem que é tudo obra do iugoslavo Duan Gavri (Marcel Iure), que perdeu mulher e filha vítimas de um atirador de elite, em Sarajevo. Kelly e Devoe passam a dedicar-se, então, a impedir que ele detone uma bomba em uma conferência da ONU em Nova York.


Logicamente o público que prefere tiroteios sem sentido vai sentir falta de mais ação em "O pacificador", ainda que Mimi Leder dirija com segurança ímpar todas as sequências que exigem o máximo de adrenalina que o cinema americano pode oferecer. Ao contrário de produtos menos elaborados, porém, tudo aqui tem um motivo para acontecer, nenhuma cena é dispensável e os diálogos são tão importantes quanto os tiros. Ainda que não desenvolva as personagens psicologicamente - mesmo porque tal luxo não caberia na situação extrema pela qual todas estão passando - o roteiro se preocupa em não deixar que aconteça um romance entre os protagonistas (o que seria ridiculamente falso) e, melhor ainda, não forja nenhum tipo de heroísmo individual. Tudo que acontece em "O pacificador" soa real devido ao cuidado da diretora em jamais extrapolar na fantasia. E a escolha do elenco também foi acertada. Nicole Kidman, substituindo Annette Bening, tem o tipo ideal para a personagem, clássica e séria. E George Clooney - conhecido pela diretora através de "Plantão médico" - é o herói típico de filmes de ação, charmoso e dono de uma coragem à toda prova, em mais um papel que o elevou ao primeiro time de Hollywood.

Realizado de forma extremamente correta e competente, "O pacificador" pode até não empolgar a quem está mal-acostumado com a dieta de filmes sem conteúdo com que a indústria americana alimenta seu público. Mas é bastante superior - até mesmo em sua coragem em tocar em assuntos que ainda não eram tabu em Hollywood, como terrorismo - a qualquer subproduto que dispensa história e personagens em função de uma bilheteria mais gorda.

3 comentários:

Joyce Martins disse...

Eu simplesmente AMEI o seu blog.

Maravilhoso, sem comentários.

Sou cinéfila. E aqui tem muita qualidade.

Meus parabéns!

Cristiano Contreiras disse...

Mal me recordo, só sei que gostei muito, acho que vou revisa-lo! E Kidman aqui está ótima, apesar do chatinho do Clooney! abs

Hugo disse...

É um longo em que roteiro é mais importante que a ação e provavelmente por isso não fez o sucesso esperado.

Tem um selo para você lá no blog.

Abraço

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