terça-feira

O MUNDO DE ANDY

O MUNDO DE ANDY (Man on the moon, 1999, Universal Pictures, 118min) Direção: Milos Forman. Roteiro: Larry Alexander, Scott Karasewski. Fotografia: Anastas Michos. Montagem: Adam Boomme, Lynzee Klingman, Christopher Tellefsen. Música: REM. Figurino: Jeffrey Kurland. Direção de arte/cenários: Patrizia Von Brandenstein/Maria Nay. Produção executiva: Michael Hausman, George Shapiro, Howard West. Produção: Danny DeVito, Michael Shamberg, Stacey Sher. Elenco: Jim Carrey, Danny DeVito, Courtney Love, Paul Giamatti. Estreia: 22/12/99

Vencedor do Golden Globe de Melhor Ator Comédia/Musical (Jim Carrey)
Vencedor do Urso de Prata de Melhor Diretor (Milos Forman) no Festival de Berlim


O americano Andy Kaufman foi talvez o mais ousado comediante surgido nos EUA nos anos 80. Longe de ser apenas um humorista, ele ambicionava ser um homem da indústria de entretenimento, provocando a audiência e buscando incessantemente realizar tudo o que ainda não havia sido feito. Morto devido a um câncer, Kaufman foi homenageado pela banda R.E.M. - cujo vocalista Michael Stipe é seu fã declarado - com a canção "Man on the moon" e pelo cineasta tcheco Milos Forman com uma cinebiografia informal e criativa, batizada com o nome da bela obra de Stipe e no Brasil lançada com o péssimo título "O mundo de Andy", talvez para forçar a comparação com o filme anterior de seu astro Jim Carrey - "O show de Truman" - já que o protagonista era praticamente desconhecido do grande público tupiniquim (a não ser aos espectadores da série "Taxi", reprisada na TV a cabo).

Fã de personagens à margem da sociedade - como o rebelde vivido por Jack Nicholson em "Um estranho no ninho" e o excêntrico milionário da pornografia interpretado por Woody Harrelson em "O povo contra Larry Flynt" - Forman encontrou na personalidade complexa de Andy Kaufman o material perfeito para mais um grande filme. Graças a um inspirado roteiro da dupla Larry Alexander e Scott Karaszewski (também responsáveis pelo ótimo texto de "Larry Flynt" e da homenagem de Tim Burton ao pior cineasta da história, em "Ed Wood"), Forman consegue apresentar seu protagonista e suas criações sem apressar ou retardar nada, com um invejável ritmo e com um delicioso senso de humor, reflexo das ironias ora escrachadas ora sutis de seu homenageado, que frequentemente ultrapassava as barreiras do bom gosto com suas brincadeiras, e com isso conquistou tanto fãs quanto detratores - a ponto de ser expulso do programa "Saturday Night Live" por opção da plateia - e que encontra em Jim Carrey o intérprete ideal.



Depois de provar, com "O show de Truman", que sabia atuar a sério, Carrey, antes visto apenas como um ator de comédias físicas e descerebradas, mostra, em "O mundo de Andy", que não só é capaz de dar dimensões variadas a seus personagens como também consegue transformar-se visualmente e dedicar-se com paixão a projetos tão pouco comerciais (sua escolha para o papel, inclusive, tem a ver com negócios, uma vez que o próprio estúdio optou por ele em detrimento de Edward Norton, planejando uma bilheteria milionária que nunca aconteceu). O trabalho irretocável de Jim - não apenas como Kaufman mas também como suas criações, como o cantor de cassinos Tony Clifton e o mecânico estrangeiro Latka, entre outros menos cotados - consegue até mesmo sobressair-se sobre a delicada atuação de Danny De Vito (também produtor do filme) como o empresário do comediante e sobre a midiática presença da cantora Courtney Love, em seu segundo trabalho com o diretor.

Contado de forma episódica e criativa, “O mundo de Andy” é imprevisível desde sua primeira cena, com os créditos de encerramento logo no início do filme. A cinebiografia do ator que chegou a ser excluído do popular “Saturday night live” - a pedido do público que não agüentava mais suas brincadeiras de mau-gosto – usa das convenções de um filme de seu gênero para conquistar a audiência e apresentar o “maldito” a platéias que, do contrário, não teriam acesso a seu tipo especial de fazer humor. É um trabalho inteligente cujo brilhantismo a bilheteria medíocre nos EUA apenas reitera. Afinal de contas, quantos filmes realmente bons fazem sucesso sem explosões e nudez gratuita?

2 comentários:

renatocinema disse...

Sempre deixo esse filme para "amanhã" e preciso mudar isso urgente. Sempre leio bons comentários sobre a produção.

Vou conseguir uma cópia.

Iuri disse...

Gosto muito deste filme, e na minha opinião, é a melhor atuação de Jim Carrey!

JADE

  JADE (Jade, 1995, Paramount Pictures, 95min) Direção: William Friedkin. Roteiro: Joe Eszterhas. Fotografia: Andrzej Bartkowiak. Montagem...