ALTA FREQUÊNCIA (Frequency, 2000, New Line Cinema, 118min) Direção: Gregory Hoblit. Roteiro: Toby Emmerich. Fotografia: Alar Kivilo. Montagem: David Rosenbloom. Música: Michael Kamen. Figurino: Elisabetta Beraldo. Direção de arte/cenários: Paul Eads/Beth Kushnick, Gordon Sim. Produção executiva: Richard Saperstein, Robert Shaye. Produção: Bill Carraro, Toby Emmerich, Gregory Hoblit, Hawk Koch. Elenco: Dennis Quaid, Jim Caviezel, Elizabeth Mitchell, Noah Emmerich, Andre Braugher, Shawn Doyle, Melissa Errico, Michael Cera. Estreia: 28/04/00
A premissa é inverossímil, mas é impossível negar que “Alta freqüência” é um suspense que cumpre o que promete. O cineasta Gregory Hoblit já havia demonstrado competência com o drama de tribunal “As duas faces de um crime” e aqui, mesmo sem tentar alçar grandes vôos de criatividade, realizou um filme que prende a atenção do início ao fim. Apesar do roteiro com algumas falhas – nenhuma ofensiva, diga-se de passagem – é uma diversão extremamente eficaz. Não é à toa que o filme não fez feio nas bilheterias americanas, arrecadando quase 70 milhões de dólares pelo mundo – vale lembrar que custou pouco mais de 20 (o que seria impraticável se o projeto original tivesse vingado com a direção de Renny Harlin e a protagonização de Sylvester Stallone).
A trama começa em outubro de 1969, em meio a uma aurora boreal (a tênue tentativa do roteiro em explicar os fenômenos da história). O bombeiro Frank Sullivan (Dennis Quaid) perde a vida em um incêndio, deixando viúva a enfermeira Julia (Elizabeth Mitchell) e órfão seu fillho único, o pequeno John, de seis anos de idade. Trinta anos depois, John (já interpretado por Jim Caviezel, alguns anos antes de virar Cristo na obra de Mel Gibson) é um policial com problemas conjugais que vive das lembranças do pai. Durante outra aurora boreal, no entanto, algo inusitado acontece: através de ondas do rádio amador de Frank, John consegue se comunicar com seu pai, no passado. Assustado a princípio, logo John tem uma ideia que parece sensacional e, avisando Frank do acidente que lhe causaria a morte, poupa-lhe a vida. A alegria de ter salvo a vida de seu pai, porém, logo vira pesadelo. Atônitos, pai e filho, em épocas distintas, descobrem que a mudança que causaram no passado causou a morte de várias mulheres, assassinadas por um serial killer. E o pior: uma das vítimas acaba sendo justamente Julia, sua esposa e mãe. Mesmo com três décadas os separando, Frank e John se unem para tentar impedir os crimes, proteger a mulher que amam e por na cadeia o assassino. Desacreditados, eles vêem a situação piorar ainda mais quando, devido a seu envolvimento na tentativa de salvar uma vítima, Frank passa a ser suspeito dos crimes.
Dennis Quaid aproveita uma das melhores fases de sua carreira na pele do destemido e sensível bombeiro Frank Sullivan, mas é o jovem Jim Caviezel quem mais impressiona. Sua personagem, frágil e triste, assume contornos quase mágicos quando passa a conversar com seu pai, com seu melhor amigo e com ele mesmo quando criança. Caviezel está comovente e é uma pena que o diretor não tenha dado mais tempo na tela a esses encontros familiares, preferindo concentrar-se no suspense do roteiro. A opção de Hoblit em focalizar sua história na ação e não no drama priva o público de alguns momentos que poderiam ter sido ainda mais emocionantes, mas sua escolha mostra-se acertada no momento em que o filme, até então com um ritmo todo particular, passa a ser mais filme que aposta suas fichas em cenas de correria e tiroteio. A magia se perde um pouco, mas felizmente o diretor sabe o que faz, proporcionando bem construídas cenas de tensão que não decepcionam os fãs do gênero.
Na contagem final, “Alta freqüência” vale ser conferido. Tem uma história interessante, bons atores e em nenhum momento promete o que não pode oferecer. Essa honestidade faz toda a diferença.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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2 comentários:
É um bom filme, mesmo tendo uma história absurda, o roteiro prende a atenção.
Jim Caviezel é um bom ator, pena que muitas vezes escolha papéis em filmes ruins. Aqui ele acertou na escolha.
Abraço
Obrigada pelas informações alta frequência
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