IGUAL A TUDO NA VIDA (Anything else, 2003, Dreamworks SKG, 108min) Direção e roteiro: Woody Allen. Fotografia: Darius Khondji. Montagem: Alisa Lepselter. Figurino: Laura Jean Shannon. Direção de arte/cenários: Santo Loquasto/Regina Graves. Produção executiva: Benny Medina, Jack Rollins, Stephen Tenenbaum. Produção: Letty Aronson. Elenco: Woody Allen, Jason Biggs, Christina Ricci, Danny DeVito, Stockard Channing, Jimmy Fallon, Adrian Grenier. Estreia: 16/9/03
Woody Allen pode ser acusado de tudo, menos de ser desatento às novas gerações de atores que frequentam as telas de cinema. Um belo exemplo dessa afirmação é "Igual a tudo na vida", uma comédia romântica deliciosa e bastante engraçada na qual ele cede o espaço de protagonista ao até então limitado Jason Biggs, reservando para si um papel de simples coadjuvante - ainda que, no entanto, ele seja o dono das melhores e mais divertidas linhas de diálogo de um filme repleto de tiradas irresistíveis.
Biggs, mais conhecido por seu papel como protagonista do popular mas apelativo "American pie" teve a chance de sua carreira como Jerry, um jovem comediante que está com o relacionamento em crise (ecos dos antigos papéis de Allen?). Sua namorada é a aspirante a atriz Amanda (vivida por uma excelente Christina Ricci), bela e desequilibrada e que não consegue mais ter prazer sexual com o namorado. Pressionado por seu agente (Danny De Vito vivendo ele mesmo novamente, mas sempre bem) para encontrar o caminho certo para o sucesso, Jerry ainda precisa lidar com a visita da sogra (Stockard Channing roubando a cena), que resolve se mudar de mala e piano para seu minúsculo apartamento, com a intenção de pedir-lhe que a ajude a voltar aos palcos em um show musical. Desesperado com todas essas situações quase calamitosas à sua volta, o rapaz ainda ouve os conselhos de um roteirista mais experiente, David Gobel (o próprio Allen), que tem uma visão toda própria do mundo em que vive.
Pouco compreendido tanto pela crítica quanto pelo público, "Igual a tudo na vida" é um dos trabalhos mais característicos do diretor nova-iorquino. Com diálogos hilariantes - especialmente aqueles entre Christina Ricci e Jason Biggs e deste com Allen - e insights divertidíssimos e inteligentes sobre a vida e o amor, o roteiro é dos mais equilibrados do cineasta, fugindo do estigma de diretor hermético e elitista. Ao centrar-se em poucas personagens, ele consegue ser sucinto e dar uma visão humana e delicada das relações amorosas, sem, no entanto, deixar de fazer rir nas horas certas.
Mas, apesar do texto engraçadíssimo, é mais uma vez na escalação do elenco que Allen surpreende. Se Jason Biggs não brilha como poderia, ao menos não compromete - e depois voltou a ser ator de um papel só. E Christina Ricci simplesmente rouba descaradamente todas as cenas em que aparece. Tudo bem que sua personagem é rica e dona de frases perfeitas, mas é a atuação da ex-menina prodígio que eleva Amanda a um patamar acima de mais uma garota neurotica, transformando-a em uma cativante e humana personagem que seduz a todos à sua volta. Uma atriz brilhante em um papel sob medida, que bem merecia ter sido lembrada pelo Oscar.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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3 comentários:
Olá Clenio,
Sou leitor do UM FILME POR DIA e sou cinéfilo de carteirinha. Eu estou mandando esse email porque estou trabalhando numa empresa que desenvolveu um portal sobre cinema - o Cinema Total (www.cinematotal.com). Um dos atrativos do site é que você cria uma página dentro do site, podendo escrever textos de blog e críticas de filmes. Então, gostaria de sugerir que você também passasse a publicar seus textos no Cinema Total - assim você também atinge o público que acessa o Cinema Total e não conhece o UM FILME POR DIA.
Se você gostar do site, também peço que coloque um link para ele no UM FILME POR DIA.
Se você quiser, me mande um email quando criar sua conta que eu verifico se está tudo ok.
Um abraço,
Marcos
www.cinematotal.com
marcos@cinematotal.com
Não consigo gostar dos filmes de Woody Allen.
São toscos, ridículos! Vi agora o Vicky Cristina Barcelona (que passou na Globo) e quase quebrei a TV. Não consegui ver tudo, parei quando Penélope Cruz começou a ajudar a loira a fotografar. Só assisti pq amigos me disseram da excelente atuação de Penélope.
Já o tão falado Meia Noite em Paris, preferi jogar pedra no final que não tem um final. Simplesmente não gostei.
Eu simplesmente adoro este filme. Apesar de muito criticada adoro esta fase da primeira década de 2000 do Allen. Todos os personagens são deliciosamente engraçados, uma pena o filme não ser tão (re)conhecido pode deveria.
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