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terça-feira
UM JOGO DE VIDA OU MORTE
UM JOGO DE VIDA OU MORTE (Sleuth, 2007, Sony Pictures, 89min) Direção: Kenneth Branagh. Roteiro: Harold Pinter, peça teatral de Anthony Shaffer. Fotografia: Haris Zambarloukos. Montagem: Neil Farrell. Música: Patrick Doyle. Figurino: Alexandra Byrne. Direção de arte/cenários: Tim Harvey/Celia Bobak. Produção: Kenneth Branagh, Simon Halfon, Jude Law, Simon Moseley, Marion Pilowsky, Tom Sternberg. Elenco: Michael Caine, Jude Law. Estreia: 30/8/07 (Festival de Veneza)
Em 1972, o filme "Jogo mortal", baseado na peça de teatro de Anthony Shaffer chegou às telas e encantou a crítica e a Academia de Hollywood, que lhe deu quatro indicações ao Oscar, inclusive de melhor diretor para o notório carrasco Joseph L. Mankiewicz e ator para seus dois protagonistas, Laurence Olivier e Michael Caine. Trinta e cinco anos depois, considerando que a história se prestava a um remake, o irlandês Kenneth Branagh assumiu suas rédeas. Contando com um roteiro escrito pelo dramaturgo Harold Pinter, ele chamou Caine de volta - dessa vez no papel que foi de Olivier - e, para duelar com ele, o sempre competente Jude Law (que pela segunda vez encarnou um papel de Caine, depois de "Alfie, o sedutor"). O resultado mostra que, apesar do talento dos envolvidos, uma mágica cinematográfica só acontece uma vez. "Um jogo de vida ou morte" - novo batismo de "Sleuth" - é apenas um filme bem chato que dilui a tensão de seu original.
Na verdade, tudo continua a mesma coisa, desde seu formato de teatro filmado até as surpresas que o roteiro prepara para seu público. Essa fidelidade quase reverencial é que acaba estragando a festa: o espectador que assistiu ao original ou sabe do desenrolar de sua trama provavelmente vai se aborrecer com as tentativas de Branagh em ser criativo para espantar o tédio. Em alguns momentos ele até consegue, com alguns ângulos interessantes de câmera e o uso exemplar da espetacular mansão de um dos protagonistas, o escritor Andrew Wyke (Caine), assim como a fotografia em tons certos de Haris Zambarloukos. O problema maior é justamente o fato de não ter conseguido fugir da sensação de que o filme é mais longo do que realmente é.
Quando o filme começa ficamos sabendo que a esposa do escritor de romances policiais Andrew Wyke o abandonou para ficar com o cabeleireiro/ator Milo Tindle (Jude Law). Chamado por Wyke para sua casa com o objetivo de resolverem a situação, Tindle acaba por surpreender-se com uma proposta bizarra de seu rival, que lhe oferece a chance de sair da situação com dinheiro e com o divórcio da mulher amada. Logicamente as coisas não são exatamente como parecem, e logo em seguida, o jovem se vê preso em uma armadilha criada pelo milionário. A partir daí, o domínio da situação vai passando de mão em mão, com os dois homens disputando não apenas sua superioridade intelectual mas também a sobrevivência.
Quanto menos se falar dos desdobramentos de "Jogo de vida ou morte" melhor para o espectador que ainda não conhece a história. Caine e Jude Law são excelentes atores e seguram lindamente o rojão de ficar em cena durante a hora e meia de projeção. Infelizmente o ritmo não é dos mais arrojados, o que dificulta bastante o interesse do público. Mesmo assim, é um espetáculo de dois astros de gerações diferentes em grande momento.
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