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quinta-feira
ELIZABETH: A ERA DE OURO
ELIZABETH, A ERA DE OURO (Elizabeth: The Golden Age, 2007, Universal Pictures, 114min) Direção: Shekar Kapur. Roteiro: William Nicholson, Michael Hirst. Fotografia: Remi Adefarasin. Montagem: Jill Bilcock. Música: Craig Armstrong, A.R. Rahman. Figurino: Alexandra Byrne. Direção de arte/cenários: Guy Hendrix Dyas/Richard Roberts. Produção executiva: Liza Chasin, Debra Hayward, Michael Hirst. Produção: Tim Bevan, Jonathan Cavendish, Eric Fellner. Elenco: Cate Blanchett, Geoffrey Rush, Clive Owen, Samantha Morton, Abbie Cornish. Estreia: 12/10/07
2 indicações ao Oscar: Atriz (Cate Blanchett), Figurino
Vencedor do Oscar de Figurino
Se existe uma prova de que em Hollywood um raio dificilmente cai duas vezes no mesmo lugar - ao menos quando não se trata de franquias milionárias - essa prova é "Elizabeth, a era de ouro". Dando seguimento ao eletrizante primeiro capítulo sobre a filha de Henrique VIII e Ana Bolena que o indiano Shekar Kapur dirigiu em 1998 - e que concorreu a Oscars importantes como melhor filme e atriz - essa continuação não teve a mesma sorte. Massacrada pela crítica e rechaçada pelo público, essa segunda parte não conseguiu ser salva nem mesmo pelo trabalho mais uma vez esplêndido de Cate Blanchett no papel central. Arrastado, confuso e com uma história bem menos interessante, serve, no entanto, para provar que em certas coisas não é bom mexer.
Ao contrário do primeiro filme, que equilibrava com maestria os dramas pessoais de Elizabeth - sua paixão proibida pelo homem errado, a polêmica em torno de seu nome para assumir o trono - com as intrigas palacianas que tentavam derrubá-la do poder, o segundo volume da vida da monarca esbarra em uma falta de foco quase constrangedora. Enquanto narra de forma preguiçosa as batalhas engendradas pela Espanha católica com o intuito de acabar com o reinado da herege Elizabeth - com algumas cenas de ação bem fraquinhas e de gosto estético duvidoso - o roteiro também conta mais uma história de amor equivocada da rainha, que se apaixona perdidamente pelo misterioso e pouco confiável Walter Raleigh (Clive Owen tentando arrancar leite de pedra), que, por sua vez, encanta-se com uma protegida da corte.
Quando direciona sua trama para as guerras marítimas e para a história política da Inglaterra, o filme de Kapur derrapa em cenas sonolentas e pouco ágeis - que chegam inclusive a ser confusas. Quando vira seu foco para o romance hesitante entre Elizabeth e Raleigh, porém, o filme cresce. Não por obra e graça do roteiro - que soa como uma pálida cópia do primeiro exemplar - mas devido ao talento imenso de Cate Blanchett. Repetindo o papel que quase lhe deu o Oscar (que perdeu de forma absolutamente injusta para Gwyneth Paltrow), a irlandesa demonstra que é capaz de transformar um filme que poderia ser uma comédia de erros em um produto memorável. É quando Blanchett está em cena que tudo faz sentido, que tudo se ilumina, que tudo é engolido. Novamente indicada à estatueta por seu trabalho (no mesmo ano em que concorreu como coadjuvante na pele de Bob Dylan em "Não estou lá") e novamente derrotada (dessa vez de forma justa, para Marion Cottilard em "Piaf, um hino ao amor"), ela é o corpo e a alma do filme de Kapur.
Mas, no final das contas, Cate Blanchett consegue salvar o filme da desgraça total? Sim e não. Sim, porque ela é extraordinariamente capaz. Mas não é a única qualidade do filme, afinal de contas. O Oscar de figurino foi justo, a trilha sonora ainda é impactante, a direção de arte é impecável e o elenco coadjuvante também não faz feio (e Geoffrey Rush reprisa seu papel de Sir Francis Walsingham). Se não tivesse um original tão bom com o qual ser comparado até não seria tão ruim assim. Mas é, sem dúvida, o patinho feio da família.
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