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quinta-feira
MISSISSIPI EM CHAMAS
MISSISSIPI EM CHAMAS (Mississippi burning, 1988, Orion Pictures, 128min) Direção: Alan Parker. Roteiro: Chris Gerolmo. Fotografia: Peter Biziou. Montagem: Gerry Hambling. Música: Trevor Jones. Figurino: Aude Bronson-Howard. Direção de arte/cenários: Philip Harrison, Geoffrey Kirkland/Jim Erickson. Casting: Howard Feuer, Juliet Taylor. Produção: Robert F. Colesberry, Frederick Zollo. Elenco: Gene Hackman, Willem Dafoe, Frances McDormand, Brad Dourif, R. Lee Ermey, Stephen Tobolowski, Michael Rooker, Pruitt Taylor Vince, Tobin Bell. Estreia: 09/12/88
7 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor (Alan Parker), Ator (Gene Hackman), Atriz Coadjuvante (Frances McDormand), Fotografia, Montagem, Som
Vencedor do Oscar de Fotografia
Alan Parker não é de brincar em serviço. O inglês que chocou o mundo com "O expresso da meia-noite" e depois transformou Robert DeNiro no demônio encarnado, em "Coração satânico" mostra mais uma vez, em "Mississipi em chamas", porque contundência é uma das características mais marcantes de seu trabalho como cineasta. Inspirado em fatos reais - disfarçados ou, como preferem os puristas, distorcidos -, o roteiro de Chris Gerolmo é forte o suficiente para transformar-se em matéria-prima ideal para um diretor inquieto e feroz. Ao tocar o dedo na profunda ferida do racismo no sul dos EUA em plenos efervescentes anos 60, Parker assinou um de seus filmes mais radicais e elogiados, merecidamente indicado a sete Oscar - inclusive filme e diretor.
A trama do filme se passa em 1964 e começa quando três jovens ativistas dos direitos civis - um deles negro - são violentamente assassinados em uma pequena cidade do Mississipi. Tidos como desaparecidos, eles chamam a atenção do FBI, que manda para a localidade dois agentes com diferentes métodos de trabalho. Alan Ward (Willem Dafoe, em papel desejado por Don Johnson) é relativamente jovem, idealista e crente na aproximação pacífica e civilizada. Anderson (Gene Hackman, genial), criado na região e bem mais cínico e experiente, acredita na força física e não dá muita importância a coisas como ética. Tão logo chegam ao local das investigações, os dois policiais passam a testemunhar o aumento exponencial das atividades da Ku Klux Klan, cuja violência é não apenas vista com condescêndia pelas autoridades locais, mas incentivada. Não demora muito para que Ward autorize Anderson a trabalhar como sabe, o que os envolve em uma guerra declarada.
A fotografia de Peter Biziou, vencedora do Oscar, é um primor. Quente e sólida, ela colabora para passar a sensação de claustrofobia almejada pela história contada sem meio-tons por Gerolmo e Parker. A violência do racismo não é enfeitada ou amenizada pelo diretor, que faz questão de esfregar na cara da plateia a fealdade do preconceito - a começar pela eficaz imagem de abertura do filme, que mostra bebedouros diferenciados para brancos e negros. Não faz parte das ideias do cineasta fugir muito do maniqueísmo, ainda que a forma com que Anderson lida com sua missão esteja longe de ser exemplar. No mundo retratado em "Mississipi em chamas", os vilões tem cara de vilões, falam com tal e não hesitam em espancar as próprias esposas (Frances McDormand concorreu a seu primeiro Oscar na pele da mulher do delegado da cidade, vivido por um eficiente Brad Dourif, cujo embate com Hackman em uma barbearia chega a ser quase antológica).
A história de "Mississipi em chamas" pode até não ter sido exatamente como narrada no filme de Alan Parker. Mas sua força reside mais no que ele quer denunciar do que em verdades absolutas, e assim sendo, é construído como um libelo contra o racismo. Como tal, beira a perfeição.
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2 comentários:
É um dos grandes filmes da bela carreira de Parker. Ele toca num tema espinhoso com talento e aproveita muito bem o ótimo roteiro.
Um outra versão desta história foi mostrada no telefilme "Assassinato no Mississipi", com roteiro utilizando como personagens principais os jovens ativistas que foram assassinados. O papel principal é de Tom Hulce, que fez "Amadeus".
Abraço
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