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TRAÍDOS PELO DESEJO

TRAÍDOS PELO DESEJO (The crying game, 1992, Miramax Films, 112min) Direção e roteiro: Neil Jordan. Fotografia: Ian Wilson. Montagem: Kant Pan. Música: Anne Dudley. Figurino: Sandy Powell. Direção de arte/cenários: Jim Clay/Martin Childs. Casting: Susie Figgis. Produção executiva: Nik Powell. Produção: Stephen Wooley. Elenco: Stephen Rea, Miranda Richardson, Forest Whitaker, Jaye Davidson, Jim Broadbent. Estreia: 26/9/92

6 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor (Neil Jordan), Ator (Stephen Rea), Ator Coadjuvante (Jaye Davidson), Roteiro Original, Montagem
Vencedor do Oscar de Roteiro Original

No biênio 92/93, um dos filmes mais comentados entre os cinéfilos de bom gosto era uma produção irlandesa, realizada com uns trocados, sem astros nos papéis centrais e com uma polêmica reviravolta na sua segunda parte. Dirigido pelo talentoso mas não célebre Neil Jordan, "Traídos pelo desejo" pegou o mundo de surpresa ao provar que, antes de astros musculosos e efeitos visuais, uma história bem contada é o ingrediente mais importante de qualquer produção. Hollywood seria muito mais interessante se seu filme fosse regra e não exceção.


Indicado a 6 importantes Oscar - e vencedor merecido do prêmio de roteiro original - "Traídos pelo desejo" é um dos mais fascinantes estudos sobre lealdade e paixão que o cinema já proporcionou. Imprevisível, forte, adulto e interpretado com garra, o filme de Jordan conduz o público a um labirinto de emoções a que somente um roteiro consistente e um diretor com mão firme conseguem. Tudo começa quando Jody (Forest Whitaker), um soldado inglês, é sequestrado pelo IRA, em represália ao governo. Enquanto espera o desenlace da situação, ele inicia uma espécie de amizade com um dos seus carrascos, o sensível Fergus (Stephen Rea, indicado ao Oscar de melhor ator), e fala a ele sobre sua paixão pela namorada. Depois de um trágico fim para o sequestro, Fergus abandona a luta armada e tenta levar uma vida normal. Consumido pela culpa, ele procura a namorada do soldado, a cabeleireira Dil (Jaye Davidson) e aos poucos eles iniciam um relacionamento. Depois de uma chocante revelação - que muda totalmente a visão de Fergus e da plateia em relação à moça - o passado do rapaz volta a atormentá-lo: sua colega de exército, Judy (Miranda Richardson, absolutamente fabulosa) o procura e exige que ele faça parte de uma nova ação.



As idas e vindas do roteiro de "Traídos pelo desejo" são absolutamente surpreendentes e não parecem forçadas em momento algum, graças principalmente à inteligência de Neil Jordan em não apressar as situações. Tudo acontece no momento certo, da forma correta, e o elenco escalado por ele não poderia estar em melhores dias. Stephen Rea é um ator extraordinário, que consegue dividir suas cenas com generosidade ímpar: ele joga bem com Whitaker, com Richardson e principalmente com Davidson, em um papel cruel e ingrato, mas que lhe dá a oportunidade de uma carreira. E Miranda Richardson rouba qualquer cena em que aparece, equilibrando um ar psicopata com uma determinação ferrenha de cumprir sua missão - e de quebra reconquistar o amor de Fergus.

Mas e quanto ao grande segredo preparado por Jordan? Apesar de ser o divisor de águas do roteiro - e redirecionar a trama de maneira indelével - a reviravolta na história de amor entre Fergus e Dil é apenas um elemento a mais, ainda que importante, de uma história contada com sutileza e sobriedade. Causou controvérsia, e discussões são sempre saudáveis, mas relegar "Traídos pelo desejo" a um nicho específico de cinema é emburrecer a audiência. "Traídos pelo desejo" é um filme que melhora a cada revisão - e na segunda sessão já não há mais a tal surpresa, o que apenas comprova sua enorme qualidade. Humano, sério e fascinante.Como todo bom cinema!

4 comentários:

renatocinema disse...

Um filmaço, sem dúvida. Muito bem construído e envolvente.

Emocionante.

Hugo disse...

É um ótimo filme com grande desempenho do elenco.

Neil Jordan tem uma bela carreira, desde seus filmes ainda da fase inglesa no início dos anos oitenta.

Quanto a Jaye Davidson, apesar do sucesso neste filme, ele trabalhou apenas em "Stargate" e depois desapareceu.

Abraço

Ricardo Morgan disse...

Sensacional esse filme!

Muito bom o seu blog! Depois visite o meu: http://www.lixeirodocinema.blogspot.com

Um abraço

BRUNO MAXIMILLIAN disse...

gostei desse filme,intrigante, assisti em 1999 aos 11 anos!

JADE

  JADE (Jade, 1995, Paramount Pictures, 95min) Direção: William Friedkin. Roteiro: Joe Eszterhas. Fotografia: Andrzej Bartkowiak. Montagem...