Apesar do título nacional forçar uma identificação com o público LGBT, esse consistente drama canadense foge com louvor do rótulo “filme gay” para tornar-se (mais) um delicado conto sobre a perda da inocência. Narrado em primeira pessoa por Mary, também conhecida por “Mouse” ou “Brave B” (vivida pela ótima Mischa Barton), o conto de amor, rejeição e amadurecimento apresentado tem a seu favor inúmeras qualidades. O roteiro, baseado no romance de Susan Swan, é sutil, desbragadamente romântico e surpreendente, além de ter traços de um realismo de cortar o coração. A bela trilha sonora exprime com competência os sentimentos das personagens e até mesmo o enfoque dado ao romance homossexual das personagens foge do convencional. A diretora não quer ser sexy e sim falar de amor (e o fato de ser uma diretora e não um diretor faz toda a diferença nesse caso).
Graças à influência de sua madrasta, a pré-adolescente Mary Bedford (Mischa Barton) é transferida para um colégio interno feminino. Sensível e solitária, a menina logo se torna grande amiga de suas duas colegas de quarto, a delicada Victoria (Jéssica Paré) e a extrovertida e rebelde Pauline (Piper Perabo), que extravasa seu sentimento de rejeição por ter sido abandonada quando bebê sendo a mais conhecida e complicada aluna da escola. Em pouco tempo de colégio, Mary descobre que a amizade entre Pauline e Victoria ultrapassa os limites de uma amizade convencional e torna-se confidente das duas. No entanto, quando Victoria resolve terminar o relacionamento com a namorada, devido à pressão familiar, Pauline não aceita o rompimento e, usando como exemplo textos de Shakespeare e a maneira de viver de um gavião do qual tornou-se protetora, arma um plano para uma reconciliação. Seus planos, no entanto, podem acabar em tragédia, e só a amizade de Mary tem a possibilidade de impedí-la.
O elenco também não decepciona. A participação especial de Graham Greene (indicado ao Oscar por “Dança com lobos”) como um jardineiro que serve de ponte entre Mary e sua vida pregressa é simpática e agradável. As diretoras da escola, elas próprias envolvidas em segredos amorosos, são vividas com franqueza por Mimi Kuzyk e Jackie Burroughs. A bela Jessica Pare justifica todo o amor que desperta, além de emocionar com sua falta de determinação para viver sua história. E Piper Perabo, que começou a carreira em filmes como “Showbar” prova que, com um bom papel em mãos é capaz de transformar-se em uma atriz promissora e forte.
"Assunto de meninas" não é apenas mais um filme sobre meninas que se apaixonam. É, antes de tudo, uma história de amadurecimento, de amizade e de como o amor pode ser destrutivo.
5 comentários:
Me pareceu um filme envolvente e conquistador.
Vou assistir.
Já havia lido algo sobre o filme, mas não tive a oportunidade de assistir.
Parece ter no mínimo uma história sensível.
Abraço
a ideia do blog é bem bacana!
grande abraço
esse filme é lindo. Vi há anos mas não lembrava o título (Lost and delirious - não esqueço mais). Sempre tentava lembrar, até que fiz uma busca no google digitando palavras como filme, menina em colégio interno, gavião... e achei seu blog. Thank you. Vou espiar mais por aqui.
Valeu, Andrea. Volte sempre. Abraços.
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