V DE VINGANÇA (V for Vendetta, 2005, Warner Bros, 132min) Direção: James McTeigue. Roteiro: Andy Wachowski, Lana Wachowski, HQ de David Lloyd. Fotografia: Adrian Biddle. Montagem: Martin Walsh. Música: Dario Marianelli. Figurino: Sammy Sheldon. Direção de arte/cenários: Owen Paterson/Peter Walpole. Produção executiva: Benjamin Waisbren. Produção: Grant Hill, Joel Silver, Andy Wachowski, Larry Wachowski. Elenco: Natalie Portman, Hugo Weaving, Stephen Rea, John Hurt, Stephen Fry, Rupert Graves, Sinead Cusack. Estreia: 11/12/05
Em 1999, os irmãos Wachowski mudaram o cenário dos filmes de ficção científica com o megasucesso "Matrix", que rendeu duas continuações e colocou seu nome na estratosfera da indústria hollywoodiana. Demorou seis anos, porém, para que eles voltassem a chamar a atenção do público e da crítica, dessa vez como roteiristas. Ao adaptar para as telas a graphic novel "V for Vendetta", de David Lloyd, os irmãos mais esquisitos do cinema americano entregaram a direção nas mãos dao australiano James McTeigue, estreando na função. Não é preciso ser muito esperto para perceber, no entanto, que, apesar do nome de McTeigue estar na cadeira de diretor é a concepção dos Wachowski que predomina nessa fascinante crítica ao fascismo - que chegou a ser proibida na China devido a seu conteúdo "subversivo".
Passado em uma Grã-Bretanha distópica que vive sob um governo fascista, "V de vingança"não tem medo de descrever uma tirania violenta e arbitrária, capaz de prender e torturar cidadãos sem o menor pudor - desmandos nada estranhos a quem já passou por ditaduras sangrentas. O público é jogado na trama sob o ponto de vista da jovem Eve (Natalie Portman pegando o papel cobiçado por Scarlett Johansson e Keira Knightley), que é salva de um estupro por um misterioso mascarado que a leva para casa e revela a ela um plano mirabolante para uma revolução popular. A princípio chocada e temerosa a respeito de seu anfitrião - que a aprisiona e chega a lhe raspar o cabelo - Eve aos poucos passa a simpatizar com sua causa, principalmente quando entra em contato com histórias tenebrosas a respeito do regime. Em pouco tempo, ela se alia ao estranho V (Hugo Weaving) e torna-se militante ativa da revolução.
É difícil resumir "V de vingança", um filme que tem como seu maior atrativo o clima de desesperança transformado em combustível para o levante popular - o que certamente incomodou o governo de países em situação similar. Criado com um visual que equilibra a escuridão do regime com a busca por uma luz no fim do túnel - que tem em sua sequência final o clímax absoluto - o filme de McTeigue também não deixa de lado a construção psicológica de suas personagens, dando a Portman e Weaving oportunidades enormes para o brilho. Enquanto o ator - que atingiu o ápice da carreira como o vilão Mr. Smith da série "Matrix" e assumiu o papel central depois da demissão de James Purefoy - convence plenamente como V mesmo sem tirar sua máscara em momento algum, Portman atinge outro ponto alto da carreira, mesclando docilidade, revolta e dor na medida exata. E seria injusto louvar também a maneira com que o roteiro dá igual espaço a cenas de ação e violência e à delicadeza da história de amor entre duas mulheres - que empurra Eve definitivamente para o lado da oposição ao governo: é uma trama paralela forte e comovente que serve também para conquistar de vez a audiência.
Em um período em que filmes de ação servem unicamente como diversão escapista que sacrifica o cérebro do espectador, "V de vingança" consegue fazer pensar ao mesmo tempo em que entretém. Mesmo que em determinados momentos o ritmo caia - talvez devido à inexperiência do diretor - o resultado final é forte, impactante e memorável. Um dos mais importantes filmes de sua época!
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
sábado
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Um comentário:
Mais uma bobagem superestimada... vai entender...
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