terça-feira

TUDO EM FAMÍLIA


TUDO EM FAMÍLIA (The family Stone, 2005, Fox 2000 Pictures, 103min) Direção e roteiro: Thomas Bezucha. Fotografia: Jonathan Brown. Montagem: Jeffrey Ford. Música: Michael Giacchino. Figurino: Shay Cunliffe. Direção de arte/cenários: Jane Ann Stewart/Matt Callahan. Produção executiva: Jennifer Odgen. Produção: Michael London. Elenco: Sarah Jessica Parker, Diane Keaton, Claire Danes, Dermot Mulroney, Luke Wilson, Rachel McAdams, Craig T. Nelson. Estreia: 16/12/05

 Multipremiada, famosa e milionária com a série "Sex and the city", a atriz Sarah Jessica Parker ainda precisava provar que poderia encarar uma carreira no cinema independente do sucesso de sua Carrie Bradshaw. Um dos primeiros passos nessa direção foi "Tudo em família", uma comédia dramática com toques de romance que, apesar de não ter sido um estouro de bilheteria teve uma arrecadação boa o suficiente para provar que ela não era atriz de uma personagem só. Mesmo que sua Meredith Morton ainda carregue alguns dos maneirismos de sua mais famosa criação, Parker foi indicada ao Golden Globe por seu trabalho no filme do desconhecido Thomas Bezucha.

Dando seguimento aos tradicionais filmes natalinos que os americanos tanto aplaudem, "Tudo em família" consegue, por outro lado, fugir do que se espera de um produto do gênero. Ao invés de famílias desfuncionais que aproveitam os feriados para lavar a roupa suja e botar pra fora todo tipo de mágoa e trauma, o que se vê no filme de Bezucha é um núcleo familiar amoroso e coeso que vê a chegada de um novo membro como uma ameaça a sua integridade - mesmo que esse temor seja injustificado ou explicado apenas superficialmente pelo roteiro. A família em questão é o clã Stone. Liderado por Sybill (Diane Keaton) e Kelly (Craig T. Nelson), o grupo familiar é o oposto do que se vê em dramas similares.

Afetuosos e apaixonados, eles tem na vasta ninhada seu motivo maior de orgulho: Thad (Ty Giordano) é surdo-mudo e vê sua família aprovar e incentivar seu relacionamento homossexual com Patrick (Brian White); a doce Susannah (Elizabeth Reaser) está em vias de dar à luz; a caçula Amy (Rachel McAdams) é linda e inteligente; o meigo Ben (Luke Wilson) não dá trabalho nenhum e o mais velho, Everett (Dermot Mulroney) é o preferido da mãe. E é justamente Everett, que mora em Nova York, que é o responsável pela bomba jogada no seio familiar quando chega para o Natal acompanhado da noiva, Meredith (Sarah Jessica Parker), com quem todos implicam de imediato. Sentindo-se rejeitada (e coberta de razão), ela apela para a irmã mais nova, Julie (Claire Danes), que chega para ajudá-la e se apaixona por Everett. Para complicar ainda mais as coisas, Ben se encanta por Meredith.



O maior mérito do roteiro de Bezucha é equilibrar a contento o romance, a comédia e o dramalhão - sim, uma doença fatal se impõe sobre todos, obrigando a uma nova visão a respeito de tudo. Mesmo que soe superficial em algumas resoluções - ninguém entende o motivo pela rejeição absoluta a Meredith apesar de seus constantes foras - a trama consegue atingir a audiência por tratar de forma leve temas polêmicos como homossexualidade e racismo. É notável também a segurança com que o cineasta mantém uniforme um elenco tão heterogêneo e dá chance a todos de brilharem. Diane Keaton e Craig T. Nelson estão à vontade em seus papéis de patriarcas como há muito tempo não tinham a oportunidade. Rachel McAdams e Claire Danes mostram que juventude não significa falta de talento. E Sarah Jessica Parker mostra que, com uma direção mais firme pode ser uma atriz respeitada em outros papéis que não o de Carrie Bradshaw.

Feito para emocionar e rir, "Tudo em família" cumpre o que promete sem subestimar a inteligência do espectador. É um drama romântico e cômico de fácil comunicação com o público e que foge do clichê. E um filme assim sempre é bem-vindo, mesmo que frustre àqueles que procuram o tradicional final feliz.

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