[REC] ([REC], 2007, Castelao Producciones, 78min) Direção: Jaume
Balagueró, Paco Plaza. Roteiro: Jaume Balagueró, Luis Berdejo, Paco
Plaza. Fotografia: Pablo Rosso. Montagem: David Gallart. Figurino:
Glória Viguer. Direção de arte: Gemma Fauria. Produção executiva: Carlos
Fernández, Julio Fernández. Produção: Julio Fernández. Elenco: Manuela
Velasco, Ferran Terraza, Jorge-Yaman Serrano, Pablo Rosso. Estreia:
29/8/07 (Festival de Veneza)
Nos últimos anos (décadas?), quem procura filmes de terror ousados e criativos precisa buscar longe de Hollywood. Obrigados
a agradar a uma plateia que exige nada mais do que sangue e piadas sem
graça, os estúdios se contentam a apelar para continuações, refilmagens e
versões que pouco ou nada acrescentam às obras originais. Por isso é
que, quando um filme como o espanhol "[REC]" surge, todos os elogios são
poucos. Realizada com poucos recursos financeiros - mas muito talento e
inteligência - a obra dos cineastas Jaume Balagueró e Paco Plaza é
assustadora e tensa na medida certa, capaz de fazer a plateia dar saltos
olímpicos da poltrona.
A história até não é das mais
originais, bebendo na fonte dos zumbis/experiências genéticas/seres de
origem duvidosa que tanto serviço prestou ao cinema de terror: a
protagonista é a repórter de TV Angela Vidal (Manuela Velasco), que em
uma noite aparentemente tranquila, tem como missão acompanhar a rotina
de um grupo de bombeiros. O que seria apenas um trabalho de rotina - até
mesmo um tanto tedioso - transforma-se em um pesadelo surreal quando
todos são chamados a um prédio residencial para socorrer uma senhora de
idade presa em seu apartamento. Logo que chegam ao local, eles percebem
que a coisa é muito mais séria do que poderiam supor: de forma
inexplicável, os moradores são atacados uns pelos outros e
transformam-se em assassinos cruéis. Presos ao edifício pela defesa
municipal e pela saúde pública, resta a eles tentar entender o que está
acontecendo e fugir de um destino trágico.
O
modo com que os cineastas traduzem em imagens desfocadas e tremidas o
desespero e a angústia das personagens é brilhante: ao eleger como ponto
de vista uma câmera de TV estoicamente fiel aos acontecimentos, o
roteiro não perde seu tempo em apresentar suas personagens, com a
exceção de sua protagonista (e ainda assim de maneira vaga): à audiência
não é permitido saber as origens dos moradores, seus dramas pessoais,
suas interrelações - todos estão ali com o único objetivo de tornarem-se
(ou não) vítimas. Dessa forma, não sobra tempo ao público nem mesmo
para respirar. Quando a história realmente começa - depois de um prólogo
que em nada deixa antever o pesadelo que virá - é golpe atrás de golpe,
susto atrás de susto e um final que (como todo bom filme do gênero)
deixa escancarada uma porta para possíveis continuações.
Não
que essa possibilidade - tornada real com as sequências - enfraqueça o
resultado final. "[REC]" é potente justamente porque não nega suas
referências e porque brinca com os clichês sem fazer piada com eles -
como a maioria dos filmes de terror da geração "Pânico". Sua coragem em
assumir-se como um filme de terror de verdade é a sua maior qualidade,
ao lado de sua enorme capacidade de assustar à plateia. Não é à toa que
ganhou um remake americano com o nome de "Quarentena", que manteve-se
quase 100% fiel à origem. Em time que está ganhando não se mexe, e
Hollywood sabe disso como ninguém, mesmo que isso signifique falta de
criatividade.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
sexta-feira
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Um comentário:
Adorei!
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