A ESTRADA (The road, 2009, Dimension Films, 111min) Direção: John Hillcoat. Roteiro: Joe Penhall, romance de Cormac McCarthy. Fotografia: Javier Aguirresarobe. Montagem: Jon Gregory. Música: Nick Cave, Warren Ellis. Figurino: Margot Wilson. Direção de arte/cenários: Chris Kennedy/Robert Greenfield. Produção executiva: Marc Butan, Mark Cuban, Rudd Simmons, Todd Wagner. Produção: Paula Mae Schwartz, Steve Schwartz, Nick Wechsler. Elenco: Viggo Mortensen, Kodi Smith-McPhee, Charlize Theron, Robert Duvall, Guy Pearce. Estreia: 03/9/09 (Festival de Veneza)
Se existe uma coisa que deixa qualquer cinéfilo feliz da vida é assistir a um filme do qual não se espera muito e sair do cinema encantado. Depois de tanto ter que engolir péssimos exemplos cinematográficos vindo de uma Hollywood que adora pasteurizar sentimentos, os fãs de bom cinema foram surpreendido com um dos melhores filmes de 2009 e que, sintomaticamente, passou batido pelas cerimônias de premiação que renderam louvores a lixos como "Um sonho possível". Dirigido pelo relativamente novato John Hillcoat, "A estrada" é um petardo emocional dos mais sinceros, que equilibra com presteza elementos de um filme de suspense aterrador com um drama familiar de partir o coração.
A belíssima fotografia de Javier Aguirresarobe, a trilha sonora discreta de Nick Cave e Warren Ellis e a maquiagem assustadora de Mandi Crane acabam se tornando elementos-chave nas mãos do diretor, que reitera a máxima de que o importante não é o destino e sim a viagem. Durante o processo de fuga/busca entre os protagonistas, a relação entre pai e filho chama mais a atenção do que os angustiantes momentos de tensão que perpassam o filme - mesmo que esses sejam filmados com extrema eficácia. É o carinho que move o pai desesperançoso e o filho dono de uma inocência sempre em vias de acabar que eleva o filme a uma categoria especial: é difícil não emocionar-se com o rosto ingênuo da sensacional revelação Kodi Smith-McPhee tentando devolver ao pai (vivido com garra por um Viggo Mortensen melhor ator do que nunca) a fé na bondade e na compaixão, assim como é virtualmente impossível acabar a sessão sem a certeza absoluta de ter-se assistido a uma obra corajosa, forte e comovente.
"A estrada" é um filmaço, feito com uma competência assustadora e que aponta a seu diretor um futuro bem menos distópico do que o representado por ele em 120 minutos de projeção.
Um comentário:
Excelente filme e óptima análise! Continuação do excelente trabalho!
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