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quarta-feira
À SANGUE FRIO
À SANGUE FRIO (In cold blood, 1967, Columbia Pictures, 134min) Direção: Richard Brooks. Roteiro: Richard Brooks, baseado no livro de Truman Capote. Fotografia: Conrad Hall. Montagem: Peter Ziner. Música: Quincy Jones. Direção de Arte / Cenários: Robert Boyle / Jack Ahern. Produção: Richard Brooks. Elenco: Robert Blake, Scott Wilson, John Forsythe, Jeff Corey, John McLiam. Estreia: 14/12/67
4 indicações ao Oscar: Diretor (Richard Brooks), Roteiro Adaptado, Fotografia, Trilha Sonora Original
Em 2005 o cineasta Benett Miller lançou "Capote", que deu a Philip Seymour Hoffman o merecido Oscar de melhor ator. O filme, baseado na biografia escrita por Gerald Clarke, contava o envolvimento do famoso escritor em um polêmico caso de homicídio ocorrido no Kansas em 1960 e o processo de escrita do livro "À sangue frio", que tornou-se sua obra-prima e até hoje é leitura indispensável aos fãs do bom jornalismo. Lançado em 1965, o resultado da exaustiva pesquisa de Capote ficou famoso como o primeiro "romance de não-ficção" da história e chegou às telas de cinema meros dois anos depois de sua publicação. Dirigida por Richard Brooks (que também escreveu o roteiro do filme), a adaptação cinematográfica de "À sangue frio" chegou aos cinemas em 1967, beneficiando-se do fato de a brutal história ainda estar fresca no inconsciente do povo americano. À parte seu timing perfeito em termos de estreia, no entanto, possui qualidades outras que o mantém, ainda hoje, entre os grandes dramas policiais realizados por Hollywood.
O roteiro de Brooks é bastante fiel ao livro de Truman Capote - também autor do texto original de "Bonequinha de luxo" - e conta uma história surpreendentemente verídica; em 1960, uma pequena cidade do Kansas fica chocada com o brutal assassinato da família do fazendeiro Clutter.Ele, sua esposa e seu casal de filhos são violentamente assassinados em casa, sem motivos aparentes. Enquanto a polícia busca pistas para solucionar o caso, os dois criminosos, Perry Smith (Robert Blake) e Dick Hickock (Scott Wilson) partem atrás da realização de seu sonho encontrar um tesouro cujo mapa está em suas mãos. No entanto, como todo e qualquer assassinato, rastros são deixados para trás e os dois ex-colegas de prisão são capturados e julgados, condenados ambos à morte.
A começar pela competente fotografia em preto-e-branco indicada ao Oscar, que mostra a desolação e a angústia dos personagens, quase tudo funciona maravilhosamente bem no resultado-final - é especialmente impressionante a sequência, já no final do filme, em que Smith recorda de sua infância e parece chorar, quando na verdade o que estamos vendo é o reflexo da chuva na vidraça do presídio (um efeito casual, segundo a produção, mas que emociona de verdade). O livro de Capote deu material suficiente para que o roteiro seja extremamente farto de informações e ao mesmo tempo, enxuto e direto, auxiliado pela música potente de Quincy Jones e a edição excepcional de Peter Zinn. As personalidades dos assassinos são mostradas aos poucos e, mesmo que o público saiba que eles são frios e até cruéis, não deixa de ter uma certa compaixão por suas vidas fracassadas e desesperançadas. Contribui muito para isso a interpretação dos atores, em especial a de Robert Blake, que construiu um Perry Smith torturado pelo físico mutilado e a alma destroçada por uma infância sofrida. Por mais talentoso que fossem, é pouco provável que Paul Newman e Steve McQueen - as primeiras escolhas da Columbia Pictures para os papéis - conseguissem deixar de lado suas personas já conhecidas e consagradas para dar veracidade a personagens tão controversos. E veracidade era a palavra de ordem no projeto de Brooks.
Em busca do máximo de realismo possível, “À sangue-frio” foi filmado em vários locais onde realmente os fatos mostrados ocorreram, como a fazenda dos Clutter e o tribunal onde os assassinos foram julgados. Até mesmo seis dos jurados originais participaram das cenas, e o juiz que condenou a dupla só não fez parte do elenco porque morreu pouco antes das filmagens.
“À sangue-frio” não faz julgamentos morais. O diretor Richard Brooks quer apenas contar uma história forte e emocionalmente impactante por sua natureza. Consegue. Não faz jus à majestade do livro que lhe deu origem, mas jamais peca pela mediocridade e/ou auto-complacência. Um filme definitivo e obrigatório!
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2 comentários:
Uma obra madura e completamente diferente de "Bonequinha de Luxo". Ótimo filme e ótimo blog, gostei muito dele, de uma passada no meu e veja o que acha, podemos formar uma troca de links.
Abraço
Só de ser uma obra de Capote já nos instiga, e quando se lê a sinopse aí que que o comichão da curiosidade toma conta. Assisti a esse filme por quatro motivos: Por ser de Capote, por amar filmes da década de 60, idolatrar películas em preto e branco e por adorar tramas baseadas em fatos reais.
Ótima resenha e feita com base numa das obras cinematográficas que amo!
Desculpe não deixar comentários sempre que passo por aqui, mas ando muito apertada de serviço.
Abraços
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