8 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor (Oliver Stone), Ator (Tom Cruise), Roteiro Adaptado, Trilha Sonora, Fotografia, Montagem, Som
Vencedor de 2 Oscar: Diretor (Oliver Stone), Montagem
Vencedor de 4 Golden Globes: Melhor Filme/Drama, Diretor (Oliver Stone), Ator/Drama (Tom Cruise), Roteiro
Em meados dos anos 70, desfrutando do merecido sucesso obtido graças aos filmes da série "O poderoso chefão", Al Pacino tinha um projeto de estimação: ele queria fazer o papel central na adaptação da autobiografia de um veterano do Vietnã que havia ficado paraplégico depois de ter sido atingido durante um combate. Nem mesmo o prestigio de Pacino, no entanto, foi suficiente para salvar oa ideia de ser cancelada antes mesmo de chegar à fase de produção. Mas depois de 1986 - e do sucesso acachapante de "Platoon" - o conflito no sudeste asiático tornou-se assunto "quente" junto aos estúdios e, com o oscarizado Oliver Stone à frente do projeto, "Nascido em 4 de julho", baseado nas memórias de Ron Kovic, finalmente chegou às telas americanas, com outro astro milionário no papel central: Tom Cruise.
Batalhando para ser levado a sério como ator dramático desde que contracenou com Paul Newman em "A cor do dinheiro" (86), Cruise decidou-se com um afinco louvável em sua missão de tornar-se Kovic, que não era exatamente favorável a sua escolha para interpretá-lo nas telas - afinal de contas, Cruise havia sido o galã e responsável pelo estrondoso sucesso de "Top gun, ases indomáveis", que era uma nem tão mal-disfarçada propaganda bélica envolta em uma historinha de amor. Foi preciso que Oliver Stone interviesse a seu favor - e que o próprio ator demonstrasse sua paixão pelo roteiro - para que finalmente o veterano anuísse. E, a julgar pela medalha de honra com que presenteou o galã de "Cocktail" ao final das filmagens, não se arrependeu em nenhum momento da escolha de Stone.
Realmente, Cruise se esforçou nitidamente para deixar para trás o sorriso radiante de mocinho que tanto encantou suas fãs. Desgrenhado, amargurado, raivoso e desiludido com as mentiras contadas pelo governo do país que amava mais do que tudo, Kovic, o protagonista, é o papel perfeito para qualquer ator buscando a glória e - talvez mais do que tudo - uma certa estatueta dourada. Por se enfeiar, por despir-se de vaidade e por se permitir alcançar algo mais do que enfeitar paredes de quartos de adolescentes, Cruise levou um Golden Globe e chegou mais perto que nunca de um Oscar (que perdeu para Daniel Day-Lewis, realmente bem superior em "Meu pé esquerdo"). Seu trabalho tem momentos de real emoção, impossível negar. Mas "Nascido em 4 de julho" é muito mais do que o veículo de um jovem astro em direção ao respeito artístico. É, antes de mais nada, um importante libelo pacifista, feito com todo o coração pelo sempre apaixonado Oliver Stone.
De certa forma foi até bom que o livro de Ron Kovic tenha demorado tanto para ver a luz dos refletores. Ainda que provavelmente Al Pacino tivesse feito o papel do protagonista com o perfeccionismo de sempre, é duvidoso se William Friedkin, a primeira escolha para dirigir o material, tenha os mesmos sentimentos que Stone em relação a ele. Apesar das cenas violentas passadas na guerra, esse trabalho do diretor é comandado principalmente pela emoção. É sobre a relação de Kovic com a perda dos movimentos, com sua família católica, com seus ideais equivocados transmutados em fúria, que "Nascido em 4 de julho" fala. Não é um filme DE guerra, é um filme sobre COMO a guerra é cruel, injusta e - por que não? - cegamente democrática. É um filme sobre certezas despedaçadas e sobre a transformação de um jovem que sonhava em ser como John Wayne em "Iwo Jima" em um pacifista ativo e realista. E é justamente nessa transição - repleta de armadilhas para qualquer ator - que Cruise sofre. O texto é forte, contundente. A direção de Stone é discreta e direta. Mas falta estofo dramático ao ator central, que, apesar dos esforços, não chega a entregar a atuação que poderia.
Tecnicamente "Nascido em 4 de julho" é um primor: a fotografia de Robert Richardson (dividida em apenas três cores que estabelecem o clima de cada cena) é esmerada e a edição (premiada com o Oscar) consegue ser, ao mesmo tempo, ágil e contemplativa. A trilha sonora do veterano John Williams cumpre seu papel de emocionar sempre que exigida e o elenco coadjuvante (com vários atores de "Platoon" em pontas) pontua com sobriedade o espetáculo de Tom Cruise. Mas é justamente Cruise - ainda que bastante bem na maior parte do filme - o elo menos forte do filme. Mas só o fato de, por causa dele, o filme ter encontrado seu público, já é um grande mérito.
Realmente, Cruise se esforçou nitidamente para deixar para trás o sorriso radiante de mocinho que tanto encantou suas fãs. Desgrenhado, amargurado, raivoso e desiludido com as mentiras contadas pelo governo do país que amava mais do que tudo, Kovic, o protagonista, é o papel perfeito para qualquer ator buscando a glória e - talvez mais do que tudo - uma certa estatueta dourada. Por se enfeiar, por despir-se de vaidade e por se permitir alcançar algo mais do que enfeitar paredes de quartos de adolescentes, Cruise levou um Golden Globe e chegou mais perto que nunca de um Oscar (que perdeu para Daniel Day-Lewis, realmente bem superior em "Meu pé esquerdo"). Seu trabalho tem momentos de real emoção, impossível negar. Mas "Nascido em 4 de julho" é muito mais do que o veículo de um jovem astro em direção ao respeito artístico. É, antes de mais nada, um importante libelo pacifista, feito com todo o coração pelo sempre apaixonado Oliver Stone.
De certa forma foi até bom que o livro de Ron Kovic tenha demorado tanto para ver a luz dos refletores. Ainda que provavelmente Al Pacino tivesse feito o papel do protagonista com o perfeccionismo de sempre, é duvidoso se William Friedkin, a primeira escolha para dirigir o material, tenha os mesmos sentimentos que Stone em relação a ele. Apesar das cenas violentas passadas na guerra, esse trabalho do diretor é comandado principalmente pela emoção. É sobre a relação de Kovic com a perda dos movimentos, com sua família católica, com seus ideais equivocados transmutados em fúria, que "Nascido em 4 de julho" fala. Não é um filme DE guerra, é um filme sobre COMO a guerra é cruel, injusta e - por que não? - cegamente democrática. É um filme sobre certezas despedaçadas e sobre a transformação de um jovem que sonhava em ser como John Wayne em "Iwo Jima" em um pacifista ativo e realista. E é justamente nessa transição - repleta de armadilhas para qualquer ator - que Cruise sofre. O texto é forte, contundente. A direção de Stone é discreta e direta. Mas falta estofo dramático ao ator central, que, apesar dos esforços, não chega a entregar a atuação que poderia.
Tecnicamente "Nascido em 4 de julho" é um primor: a fotografia de Robert Richardson (dividida em apenas três cores que estabelecem o clima de cada cena) é esmerada e a edição (premiada com o Oscar) consegue ser, ao mesmo tempo, ágil e contemplativa. A trilha sonora do veterano John Williams cumpre seu papel de emocionar sempre que exigida e o elenco coadjuvante (com vários atores de "Platoon" em pontas) pontua com sobriedade o espetáculo de Tom Cruise. Mas é justamente Cruise - ainda que bastante bem na maior parte do filme - o elo menos forte do filme. Mas só o fato de, por causa dele, o filme ter encontrado seu público, já é um grande mérito.
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