O VINGADOR DO FUTURO (Total recall, 1990, Carolco International, 113min) Direção: Paul Verhoeven. Roteiro: Ronald Shusett, Dan O'Bannon, Gary Goldman, conto "We can remember if you wholesale", de Philip K. Dick. Fotografia: Jost Vacano. Montagem: Carlos Puente, Frank J. Urioste. Música: Jerry Goldsmith. Figurino: Erica Edell Phillips. Direção de arte/cenários: William Sandell/Robert Gould. Casting: Mike Fenton, Valorie Messalas, Judy Taylor. Produção executiva: Mario Kassar, Andrew Vajna. Produção: Buzz Feitshans, Ronald Shusett. Elenco: Arnold Schwarzennegger, Rachel Ticotin, Sharon Stone, Ronny Cox, Michael Ironside. Estreia: 01/6/90
2 indicações ao Oscar: Som, Efeitos Sonoros
Oscar especial de Efeitos Visuais
Uma das mais famosas obras do escritor Philip K. Dick deu origem ao clássico "Blade Runner, o caçador de andróides", que é lembrado bem mais por sua inteligência do que por seu teor adrenalínico. Um dos mais bem-sucedidos filmes do cineasta holandês Paul Verhoeven é "Robocop, o policial do futuro", blockbuster que usou e abusou de ação, violência e efeitos visuais para atingir seu público. O que resulta na união entre esses dois estilos tão diferentes de se contar uma história é justamente "O vingador do futuro", um filme de ficção científica quase cerebral, caríssimo e estrelado pelo astro-mor do gênero "pancadaria": Arnold Schwarzenegger. E é justamente essa diferença de estilos que ajuda - e também atrapalha um pouco - no resultado final.
Anos-luz à frente de outros filmes de aventura que são lançados nos verões americanos, "O vingador do futuro" tem a seu favor uma história bem mais interessante e intrigante do que o normal: em 2084, Marte é uma colônia da Terra, governada pelo déspota Connhagen (Ronny Cox) e em vias de eclodir em uma guerra civil. Praticamente escravizados e sem direito nem mesmo à quantidade básica de oxigênio, os rebeldes são liderados por um misterioso líder, que vive escondido. Schwarzenegger vive Doug Quaid, um operário da construção civil que, intrigado por constantes pesadelos que os colocam em Marte acompanhado de uma morena desconhecida, resolve implantar em seu cérebro - através de uma agência de viagens virtuais - , lembranças de uma viagem de férias ao planeta. Acontece que, durante o processo, algo dá muito errado e Quaid descobre que na verdade ele não só já esteve em Marte como também teve sua memória apagada po razões que ele terá que descobrir antes que seja executado. E nem mesmo sua bela esposa, a misteriosa Lori (uma Sharon Stone pré-"Instinto selvagem") parece ser totalmente inocente.
A trama de "O vingador do futuro" é intrincada mesmo, assim como parece. E é essa complexidade em sua história que faz com que o filme de Verhoeven saia da vala comum dos filmes de verão descerebrados. As cenas repletas de violência e ação comandadas pelo cineasta dividem um espaço generoso com um roteiro repleto de pistas falsas, reviravoltas e até mesmo uma espécie de metáfora a respeito do fascismo - sim, Schwarzenegger, futuro governador da Califórnia, fez um filme onde o fascismo, ainda que mal disfarçado, era o vilão. A violência, aliás, é outra qualidade de "Total recall": enquanto hoje em dia qualquer cena mais forte logo vira motivo de gritaria, o filme de Schwarza e companhia não tem medo de pegar pesado, já que até mesmo um cadáver é utilizado como escudo humano. Tudo bem que o filme recebeu cortes e até a temível ameaça de um selo "X" da censura americana, mas é corajoso o bastante para ser elogiado.
O problema de "O vingador do futuro", no entanto, começa em seu terço final. A impressão nítida que se tem é que Verhoeven deixou de pensar nas implicações político/sociais da trama para concentrar-se em cenas de ação de cair o queixo, violência desmedida e efeitos visuais caprichados - ainda que muito datados hoje em dia (e não pode-se deixar de falar do visual extremamente cafona...) Essa decisão enfraquece o que poderia ser ainda o melhor filme da carreira de Schwarzenegger (título que "O exterminador do futuro 2" mantém com louvor). Como está, é uma ficção científica bem acima da média, mas muito aquém do que poderia ter sido e muito longe de tornar-se um clássico como o já citado "Blade Runner".
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
sábado
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Um comentário:
Paul Verhoeven é craque em filmes de ação/ficção, este é um dos seu melhores, por sinal feito na sua melhor fase.
Além de "Robocop" que você citou, ele fez o interessante "O Homem sem Sombra" e ótimo "Conquista Sangrenta".
Abraço
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