CHEGADAS E PARTIDAS (The shipping news, 2001, Miramax Films, 111min) Direção: Lasse Halstrom. Roteiro: Robert Nelson Jacobs, romance de Annie Proulx. Fotografia: Oliver Stapleton. Montagem: Andrew Mondsheim. Música: Christopher Young. Figurino: Renee Ehrlich Kalfus. Direção de arte/cenários: David Gropman/Patricia Larman, Gretchen Rau. Produção executiva: Meryl Poster, Bob Weinstein, Harvey Weinstein. Produção: Rob Cowan, Linda Goldstein Knowlton, Leslie Holleran, Irwin Winkler. Elenco: Kevin Spacey, Julianne Moore, Judi Dench, Cate Blanchett, Pete Postlethwaite, Scott Glenn, Rhys Ifans, Jason Behr, Larry Pine. Estreia: 25/12/01
Não tinha como dar errado: o diretor sueco Lasse Halstrom, que vinha de dois filmes indicados ao Oscar máximo - "Regras da vida" e "Chocolate" -, uma trama dramática com personagens densos e segredos familiares tenebrosos e um elenco de sonhos - Kevin Spacey, Julianne Moore, Judi Dench e Cate Blanchett apenas para citar os mais conhecidos e premiados. Por que, então, "Chegadas e partidas" deixa um sabor tão grande de decepção quando acaba? A culpa é do roteiro, que nunca chega a emocionar? Da direção surpreendentemente distante de Halstrom? Ou será que o principal erro do filme é justamente o que, em tese, seria seu maior trunfo: o elenco?
Kevin Spacey - recém saído do Oscar merecido por "Beleza americana" - é o protagonista, mas exagera na sutileza e parece apático demais como Quoyle, um zé-ninguém que, depois da morte trágica da esposa Petal (Cate Blanchett, a melhor coisa do filme mas que, no entanto, desaparece depois de 15 minutos), vai morar em uma ilha de pescadores de onde se origina sua família. Ao lado da filha pequena e de sua aparentemente gélida tia Agnis (Judi Dench) - que esconde um segredo devastador - ele tenta reconstruir sua vida, trabalhando como o responsável pelas notícias náuticas do pequeno jornal da cidade, dirigido por um pescador pouco preocupado com seu negócio (Scott Glenn). Enquanto tenta esquecer a esposa - que amava apesar da relação horrível que tinham, ele se envolve com Wavey Prowse (Julianne Moore), uma solitária viúva mãe de um menino com problemas de saúde.
Talvez o grande problema de "Chegadas e partidas" nem seja o elenco - que tenta tirar leite de pedra - nem a direção distante de Halstron, que provavelmente quis retratar com o máximo de exatidão o clima frio onde situa sua história. O que acontece é que, por alguma razão misteriosa (ou nem tão misteriosa assim, já que o filme tem um ritmo pouco convidativo), as personagens não cativam o público, ao contrário do que aconteceu em "Regras da vida", por exemplo. O protagonista vivido por Kevin Spacey é de uma apatia irritante, o que acaba prejudicando seu diálogo com a plateia, e nem mesmo seu hesitante romance com Moore - mais bela do que nunca - consegue empolgar o espectador. Resta o show de Judi Dench, roubando todas as cenas em que aparece, com a personagem mais forte e bem desenhada do roteiro esquemático e pouco caloroso (inspirado em um romance da mesma autora que legou o conto que deu origem ao premiado "O segredo de Brokeback Mountain" cinco anos depois).
"Chegadas e partidas" poderia ter sido um grande filme se seguisse o tom emotivo dos trabalhos anteriores de seu diretor. Como está é mais uma produção com cara de filme feito para a TV, apesar de seu elenco multi-premiado.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
quinta-feira
Assinar:
Postar comentários (Atom)
JADE
JADE (Jade, 1995, Paramount Pictures, 95min) Direção: William Friedkin. Roteiro: Joe Eszterhas. Fotografia: Andrzej Bartkowiak. Montagem...
-
EVIL: RAÍZES DO MAL (Ondskan, 2003, Moviola Film, 113min) Direção: Mikael Hafstrom. Roteiro: Hans Gunnarsson, Mikael Hafstrom, Klas Osterg...
-
ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA (Presumed innocent, 1990, Warner Bros, 127min) Direção: Alan J. Pakula. Roteiro: Frank Pierson, Alan J. Paku...
-
NÃO FALE O MAL (Speak no evil, 2022, Profile Pictures/OAK Motion Pictures/Det Danske Filminstitut, 97min) Direção: Christian Tafdrup. Roteir...
4 comentários:
Com concordo com seu texto.
Poderia ter sido um grande filme. Mas, os personagens realmente não cativam.
Fica realmente um pouco abaixo do que todos esperam.
Não posso concordar ou discordar porque sinceramente ainda não assisti esse filme. Mas gosto muito do Kevin Spacey e por mais que você diga que ele parecia apático, eu me atreveria a dizer que pode ser um filme muito bom! :)
Mesmo sem gostar muito da Judi Dench por achar que ela interpreta personagens muito parecidos..
=1
Cara, muito bacana a proposta do seu blog de relatar sobre um filme por dia.
Parabéns pela iniciativa. Abraço.
Assisti o filme esperando "pelo" filme. Foi uma grande decepção, horrível!!!
Postar um comentário