segunda-feira

OS OUTROS

OS OUTROS (The others, 2001, Cruise/Wagner Productions, 101min) Direção e roteiro: Alejandro Amenabar. Fotografia: Javier Aguirresarobe. Montagem: Nacho Ruiz Capillas. Música: Alejandro Amenabar. Figurino: Sonia Grande. Direção de arte/cenários: Benjamin Fernandez/Emilio Ardura, Eli Griff. Produção executiva: Tom Cruise, Rick Scwartz, Paula Wagner, Bob Weinstein, Harvey Weinstein. Produção: Fernando Bovaira, José Luis Cuerda, Sunmin Park. Elenco: Nicole Kidman, Christopher Eccleston, Fionnula Flanagan, Alakina Mann, James Bentley, Eric Sykes, Elaine Cassidy. Estreia: 02/8/01

Depois do megasucesso de "O sexto sentido", os filmes de terror começaram a atingir altos patamares de qualidade e bilheteria (logicamente com as devidas exceções). Alguns esbarraram na mesmice e na incompetência de seus realizadores, mais preocupados em assustar e ganhar dinheiro do que contar boas histórias. Para sorte dos fãs do gênero e de cinema em geral, porém, alguns realmente alcançaram seus objetivos, hipnotizando as plateias graças a tramas bem urdidas e narradas com sutileza, elegância e principalmente talento. É o caso de "Os outros", escrito e dirigido pelo chileno Alejandro Amenabar, que, não satisfeito com suas duas cruciais funções nos bastidores, ainda foi capaz de compor a assombrosa trilha sonora de seu filme.

Nicole Kidman, em seu segundo filme de destaque em 2001 (antes ela foi a cortesã Satine do exuberante "Moulin Rouge", que lhe deu a primeira indicação ao Oscar) interpreta Grace, uma mulher extremamente católica que vive com os dois filhos pequenos em uma mansão isolada em uma ilha inglesa no final da II Guerra. Enquanto aguarda a volta do marido - que lutou no conflito - ela tenta levar a vida da melhor maneira possível, lidando com a doença dos filhos, que sofrem de uma rara doença associada à fotossensibilidade, ou seja, não são capazes de resistir à exposição à luz, vivendo eternamente em ambientes escuros e iluminados tenuamente por velas. No entanto, a rotina da casa é transformada com a chegada de três misteriosos empregados liderados pela rígida Bertha Mills (Fionnula Flanagan) e com a insistência da filha mais velha, Anne (a ótima Alakina Mann) de que tem constantes visões de um menino fantasma.



Contar o desenrolar da arrepiante história narrada com maestria por Amenabar - inspirado livremente em "A volta do parafuso", de Henry James - é tirar o prazer de, mais uma vez (assim como aconteceu em "O sexto sentido") sentir-se chocado com um dos finais mais assustadores, melancólicos e coerentes do moderno cinema de horror. Sem apelar para ectoplasmas mal-feitos em CGI, o jovem cineasta prova - assim como o fez M. Night Shyamalan - que uma trama forte com personagens críveis e uma direção segura são capazes de operar milagres em um público cada vez mais acostumado a produções sensaboronas. Unindo o clima tétrico da direção de arte e da fotografia claustrofóbica de Javier Aguirresarobe a um elenco irretocável, Amenabar fez milagres.
 
Enquanto Nicole Kidman - em um papel que ela quase recusou, mas acabou aceitando porque o produtor executivo do filme era seu então marido Tom Cruise - demonstra um lado menos festivo de seu talento, com uma atuação angustiante e minimalista que merecia mais uma indicação ao Oscar do que seu trabalho em "Moulin Rouge", seus coadjuvantes não fazem por menos. As crianças Alakina Mann e James Bentley fazem o contraponto perfeito ao desespero de sua atuação e a veterana Fionnula Flanagan é capaz de arrepiar com um simples olhar, em uma das interpretações mais apavorantes da história do gênero.

Feito com economia de recursos mas jamais de talento e inteligência, "Os outros" marca com sutileza seu lugar no panteão das melhores histórias de fantasmas já contadas no cinema.

3 comentários:

renatocinema disse...

Assino embaixo.

Sou fã de Nicole. Aqui ela foi merecedora de Prêmios.

Bela atuação para um ótimo filme.

Um dos meus prediletos no gênero.

Hugo disse...

É um filme que assusta sem precisar se apoiar em efeitos especiais e sangue.

Abraço

Aline disse...

Se todos os filmes de terror fossem
assim, eu seria fã do gênero.
ainda melhor que "o sexto sentido", na minha opinião.

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