sexta-feira

CASA DE AREIA E NÉVOA


CASA DE AREIA E NÉVOA (House of sand and fog, 2003, Dreamworks SKG, 126min) Direção: Vadim Perelman. Roteiro: Vadim Perelman, Shawn Lawrence Otto, romance de Andre Dubus III. Fotografia: Roger Deakins. Montagem: Lisa Zeno Churgin. Música: James Horner. Figurino: Hala Bahmet. Direção de arte/cenários: Maia Javan/Gene Serdena. Produção executiva: Nina R. Sadowsky, Stewart Till. Produção: Michael London, Vadim Perelman. Elenco: Ben Kingsley, Jennifer Connelly, Shohreh Aghdashloo, Ron Eldard, Frances Fisher, Jonathan Ahdout. Estreia: 26/12/03

3 indicações ao Oscar: Ator (Ben Kingsley), Atriz Coadjuvante (Shohreh Aghdashloo), Trilha Sonora Original

Nada mais saudável queuma indústria que lega ao mundo escapismos milionários como a trilogia "O Senhor dos Anéis" também possa oferecer a pessoas que procuram mais substância nas salas de cinema, filmes como este "Casa de areia e névoa". Dirigido pelo ucraniano Vadim Perelman, a adaptação do romance de Andre Dubus III - que recebeu mais de cem ofertas pelos direitos cinematográficos - é um soco no estômago, mas realizado com uma competência assustadora que ninguém deixa ninguém incólume com sua força.

Jennifer Connelly, aqui acabando com qualquer dúvida que porventura tivessem de seu talento, vive Kathy Nicolo, uma faxineira (??) com problemas de alcoolismo que não tem uma relação das melhores com a família e foi abandonada pelo marido.Como desgraça pouca é bobagem e não interessa à Hollywood, ela acaba perdendo a casa que herdou do pai, por problemas de impostos cobrados erroneamente pela prefeitura. Antes mesmo de conseguir resolver sua situação, no entanto, ela descobre que a casa já foi vendida, em um leilão, a um imigrante iraniano, o militar Behrani (em uma atuação excepcional de Ben Kingsley, merecidamente indicado ao Oscar por seu desempenho), que tem a intenção de revender a propriedade por um preço bem maior que o pago, para proporcionar uma vida melhor à esposa Nadi (Shoreh Ahgdashloo, indicada ao Oscar de coadjuvante) e ao filho Esmail (Jonathan Ahdout). Contando com a ajuda de Lester (Ron Eldard), um policial com o casamento em crise, Kathy passa a tentar de todas as maneiras expulsar o novo proprietário de sua casa, usando até mesmo de subterfúgios que podem afastar-lhe ainda mais de seu objetivo.

        

Fugindo do óbvio e do clichê a cada cena, "Casa de areia e névoa" é um filme adulto, sério, que não tenta, em momento algum, comover o espectador com cenas lacrimosas ou chocá-lo com uma violência além da psicológica que trespassa todo o ótimo roteiro co-escrito pelo diretor. As surpresas que ele reserva ao público são genuínas e verossímeis, e suas personagens são de uma complexidade e integridade únicas no cinemão americano. Não há vilões ou heróis na história de Dubus, cada um tem seus motivos para disputar a casa - Kathy se agarrando a ela como único elo de sanidade de sua vida, Behrani a vendo como o passaporte para uma vida menos sacrificada e que poderá lembrar de tempos melhores em seu país de origem - e cabe à plateia, grata por tamanha qualidade dramática, escolher um lado e testemunhar o duelo de forças entre as personagens e seus atores, todos em dias iluminados.

Fotografado com competência assustadora por Roger Deakins, "Casa de areia e névoa" ainda apresenta um final de uma tal angústia e desespero que o coloca entre um dos melhores dramas que Hollywood apresentou a seu público no início do século XXI.

Um comentário:

Alan Raspante disse...

O filme é mesmo excelente. Surpreendente mesmo. Nunca me esqueço do final...

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