Em 1974, um filme de terror de orçamento limitadíssimo chamado "O massacre da serra elétrica" tornou-se um dos maiores sucessos do cinema independente de todos os tempos, gerando continuações e cópias descaradas. Depois que o gênero "slash movie" morreu e renasceu diversas vezes, nada parecia mais justo do que dar uma nova chance a um de seus precursores. Para sorte de todos, não houve uma nova sequência e sim uma refilmagem, com mais recursos financeiros e bem mais sangue. A nova versão, se não mantém o visual tosco que de certa forma era parte do charme do original, ao menos mantém a tensão e os sustos na medida certa. Apesar de visualmente mais atraente - o que talvez justifique a renda superior a 80 milhões de dólares somente no mercado americano - a versão século XXI da saga de Leatherface continua extremamente angustiante.
A história - alegadamente real, para efeito de marketing - se passa no verão de 1973 e começa quando um grupo de jovens, dirigindo-se a um show de rock, tem sua van interceptada por uma adolescente ferida e falando desordenadamente. Com o intuito de ajudá-la, eles lhe dão carona, mas a garota acaba dando um tiro na própria cabeça, não sem antes proferir trágicas palavras: "Vocês todos vão morrer!" Apavorados, os jovens resolvem parar na primeira cidade que encontram, para procurar o xerife, mas depois de muito esperar, acabam percebendo que as coisas não correm exatamente dentro da lei por ali. Sendo assim, o casal de namorados Erin (Jessica Biel, linda) e Kemper (Eric Balfourt) resolve ir até um casarão com aspecto de abandonado em busca de um telefone. Os demais amigos, Pepper (Erica Leerhsen), Andy (Mike Vogel) e Morgan (Jonathan Tucker) ficam esperando o xerife. No entanto, muito em breve, todos eles irão perceber que estão correndo sério risco, uma vez que um maníaco armado de uma serra tem o costume de matar qualquer forasteiro, contando com o apoio da família e do próprio homem da lei (em mais uma atuação asquerosa - no bom sentido - de R. Lee Ermey).
É difícil não ficar tenso, angustiado e chocado com a violência de “O massacre da serra elétrica”. Não é apenas o temível Leatherface que assusta o espectador e sim os seres humanos desprezíveis que o cercam. Vivendo em um mundo de sujeira e podridão – fotografado com grande competência por Daniel C. Pearl – e totalmente à parte do que é considerado civilização, com regras e leis, a família do vilão maior do cinema de terror é tão horripilante quanto as cenas de carnificina proporcionadas pelo diretor, que demonstra um respeito inteligente mas não devocional à obra original. Contando ainda com um elenco jovem bastante talentoso – destaque para a bela Jessica Biel – a refilmagem de um dos maiores clássicos do cinema de terror passa com louvor na comparação.
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