Publicado em 1963, o romance "The graduate", escrito por Charles Webb chegou às telas dos cinemas em 1967, sob a direção premiada com o Oscar de Mike Nichols. Com o título nacional de "A primeira noite de um homem", o filme de Nichols e estrelado por Dustin Hoffman e Anne Bancroft em atuações consagradoras tornou-se imediato sucesso e ícone de uma geração. Quase quarenta anos depois, um filme que especula sobre até que ponto a história contada no livro era realmente fictícia comprova que charme não é algo que se pode forjar. Por mais talentosos que sejam os atores e o diretor de "Dizem por aí", falta ao filme o que dava um molho especial ao original: sutileza e relevância.
A protagonista de "Dizem por aí" é Sarah Huttinger (Jennifer Aniston, linda e boa atriz), uma jornalista que acaba de ficar noiva do amoroso advogado Jeff (Mark Ruffalo), com quem mantém uma relação carinhosa mas longe de apaixonada. Voltando à casa da família em Pasadena para o casamento da irmã caçula (Mena Suvari), ela reencontra o pai (Richard Jenkins) e a exuberante avó, Katharine Richelieu (Shirley MacLaine). Durante sua estada na cidade, porém, ela acaba, sem querer, ouvindo boatos de que o romance "A primeira noite de um homem" - e consequentemente o filme inspirado nele - é a descrição exata da história do triângulo amoroso que envolveu sua falecida mãe, sua avó e o sedutor Beau Burroughs (Kevin Costner). Apavorada com a possibilidade de não ser filha legítima de seu pai - a quem adora - ela procura o escritor e acaba se envolvendo com ele após ter certeza de que não é sua filha.
Levado em tom de comédia romântica contemporânea pelo diretor Rob Reiner - que assinou aquela que é a quintessência do gênero, "Harry & Sally, feitos um para o outro" - essa continuação informal do filme de Mike Nichols não tem outra intenção senão entreter sua plateia. Não existe nele nenhum tipo de tentativa de retratar sua época e seus jovens nem tampouco ambições secretas. Tudo é claro e um tanto óbvio no roteiro, excluindo a dubiedade e o quase cinismo do produto original. Mesmo que por vezes seja bem divertida - responsabilidade da atuação inspirada de Shirley MacLaine - a trama não se sustenta em seus momentos dramáticos, principalmente por causa das atitudes duvidosas de sua protagonista, um problema que nem mesmo o carisma de Jennifer Aniston consegue resolver. E Mark Ruffalo, coitado, não tem muito o que fazer, se tornando um coadjuvante de luxo logo que Kevin Costner entra em cena.
Aliás, é pertinente assumir que o trabalho de Costner é uma das melhores surpresas do filme de Reiner. Deixando de lado a persona megalomaníaca que quase enterrou sua carreira, o ex-maior astro de Hollywood no início dos anos 90 entrega um trabalho leve, charmoso e sedutor, tornando crível sua relação tanto com MacLaine quanto com Aniston. É ele um dos maiores destaques do filme e, assim como fez em "A outra face da raiva", agarra com as duas mãos uma dos papéis mais interessantes a surgir em sua frente depois de seus deslizes comerciais. Quando ele e MacLaine finalmente contracenam - já no final da projeção - faíscas saltam e ao público resta apenas lamentar que o encontro não tenha acontecido antes.
Um comentário:
Achei bem fraquinho, mas vale uma conferida
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