CALIFORNIA SUITE (California Suite, 1978, Columbia Pictures,
103min) Direção: Herbert Ross. Roteiro: Neil Simon. Fotografia: David M.
Walsh. Montagem: Michael A. Stevenson. Música: Claude Bolling.
Figurino: Patricia Norris. Direção de arte/cenários: Albert
Brenner/Marvin March. P: Produção: Ray Stark. Elenco: Jane Fonda, Alan
Alda, Maggie Smith, Michael Caine, Walter Matthau, Elaine May, Richard
Pryor, Bill Cosby. Estreia: 18/12/78
3 indicações ao Oscar: Atriz Coadjuvante (Maggie Smith), Roteiro Adaptado, Direção de Arte/Cenários
Vencedor do Oscar de Atriz Coadjuvante (Maggie Smith)
Vencedor do Golden Globe de Atriz/Comédia ou Musical (Maggie Smith)
Em abril de 1976, a peça teatral "California Suite", escrita pelo dramaturgo Neil Simon, estreou em Los Angeles: no espetáculo em quatro atos, quatro atores interpretavam diversos personagens que viviam situações dramáticas e cômicas em um hotel da cidade. Um dos autores mais requisitados por Hollywood na década de 70, não demorou para que Simon transferisse seu texto ácido dos palcos para as telas. Com a direção de Herbert Ross - cineasta em alta na época graças às indicações ao Oscar por dois filmes no mesmo ano, "Momento de decisão" e "A garota do adeus", escrito pelo mesmo Neil Simon - e um elenco com nomes populares e de prestígio, a adaptação foi recebida com entusiasmo pela crítica, mas é bastante óbvio que seu resultado final carece da espontaneidade do palco e da criatividade de sua montagem teatral. Com os personagens interpretados por atores variados, o filme não passa de uma agradável sessão da tarde que sofre do mal da maioria dos filmes episódicos: a irregularidade.
A estrutura da peça - quatro histórias separadas tendo em comum apenas o cenário do hotel de luxo - se mantém na adaptação, mas dessa vez as tramas são claramente distintas em tom e elenco. Quem surge primeiro - em um dos melhores episódios - é a atriz britânica Diana Barrie (Maggie Smith, sensacional), que está em Los Angeles para comparecer à entrega do Oscar, para o qual foi indicada por uma comédia que ela mesma despreza. Como intérprete dramática de clássicos do teatro, ela desdenha do cinema comercial e, em sua presença na cidade, é acompanhada do marido, Sidney Cochran (Michael Caine), que abandonou a carreira de ator e guarda um segredo a sete chaves do grande público. No mesmo hotel em que Diana se prepara para a grande noite, está a jornalista Hannah Warren (Jane Fonda), que deixou Nova York para trás com o objetivo de encontrar o ex-marido, Bill (Alan Alda), e resolver problemas pendentes em relação à filha adolescente e rebelde. O relacionamento falido dos dois ainda tem arestas a aparar - e elas vêm à tona na tarde em que eles passam juntos, relembrando o passado. É o segmento menos interessante do filme, apesar dos intérpretes afiados e do talento superlativo de Fonda.
A terceira história - apesar do fato de todas acontecerem concomitantemente - traz à cidade dois casais de Chicago dispostos a um fim-de-semana de diversão, mas que acaba se tornando um pequeno pesadelo. Os médicos Willi Panama (Bill Cosby) e Chauncey Gump (Richard Pryor) chegam à Los Angeles com suas respectivas esposas, mas o fato de apenas um deles conseguir um quarto decente (por um erro do sistema) é suficiente para que tenha início uma série de pequenas competições internas que culminará em uma confusão sem precedentes dentro do lastimável quarto onde o menos afortunado é obrigado a dormir. É a trama com humor mais físico das quatro, valorizada pela ótima química entre Cosby e Pryor, dois dos maiores nomes do cinema negro norte-americano dos anos 70. A última história é também cômica, e só a presença de Walter Matthau já é mais do que suficiente para arrancar gargalhadas. Ele vive Marvin Michaels, que, enquanto aguarda a chegada da mulher, Millie (a também escritora Elaine May), para o bar mitzvah de um sobrinho, acaba cedendo à tentação de dormir com uma garota de programa - que, para seu desespero, acaba desabando em sua cama no hotel momentos antes do reencontro com a esposa. O timing cômico perfeito de Matthau, aliado ao eterno ar de desligada de May dão o tom exato da farsa criada por Simon - que nem mesmo a direção um tanto engessada de Ross consegue atrapalhar.
No final das contas, "California Suite" é apenas isso: um entretenimento simples, realizado por gente competente e sem ambições maiores do que divertir enquanto dura. Maggie Smith se deu bem por seu desempenho, ganhando o Oscar de atriz coadjuvante (sorte que sua personagem acaba por não ter) e o Golden Globe em um ano em que as cerimônias de premiação estavam com os olhos voltados para dramas mais sérios e relevantes politicamente (foi o ano de "O franco-atirador" e "Amargo regresso", que tratavam do retorno dos americanos da Guerra do Vietnã). Despretensioso e simples, é um filme que comprova o prestígio de Neil Simon na Hollywood da época, mas que resiste ao tempo única e exclusivamente graças a seu elenco impecável. Sem maiores expectativas pode render um bom passatempo.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
terça-feira
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