domingo

AS PATRICINHAS DE BEVERLY HILLS

AS PATRICINHAS DE BEVERLY HILLS (Clueless, 1995, Paramount Pictures, 97min) Direção e roteiro: Amy Heckerling. Fotografia: Bill Pope. Montagem: Debra Chiate. Música: David Kitay. Figurino: Mona May. Direção de arte/cenários: Steven Jordan/Amy Wells. Produção: Robert Lawrence, Scott Rudin. Elenco: Alicia Silverstone, Paul Rudd, Brittany Murphy, Stacey Dash, Donald Faison, Breckin Meyer, Jeremy Sisto, Dan Hedaya, Wallace Shawn, Justin Walker. Estreia: 19/7/95

Cher Horowitz é uma adolescente de 16 anos que divide seu tempo entre a escola, passeios ao shopping e festas com os amigos, em especial a igualmente bem-nascida Dionne (Stacey Dash). Suas maiores preocupações na vida são cuidar da alimentação de seu pai, um advogado bem-sucedido (Dan Hedaya), escolher a roupa adequada para cada ocasião e, em último lugar, encontrar a pessoa certa para entregar sua virgindade. Enquanto isso não acontece, ela tenta resolver a vida amorosa das pessoas que a cercam, em especial Tai (Brittany Murphy), uma nova colega desajeitada e sem traquejo social, a quem ela considera sua principal missão. Preocupada em ensinar-lhe bons modos e arranjar-lhe um namorado, Cher nem desconfia que sua própria vida romântica está prestes a sofrer uma reviravolta e que o amor de sua vida está bem mais perto que ela imagina.

Se a história de "As patricinhas de Beverly Hills" parece familiar é porque sua trama não é exatamente original. É que a diretora e roteirista Amy Heckerling - da comédia "Picardias estudantis" - inspirou-se descaradamente no romance "Emma", de Jane Austen, publicado pela primeira vez em 1815. E por incrível que pareça, as aventuras e desventuras românticas de uma inglesa do século XIX soou absolutamente moderna mesmo duzentos anos depois de seu lançamento. Utilizando fielmente a estrutura e os elementos básicos do romance de Austen - que também em 1995 teve uma adaptação oficial estrelada por Gwyneth Paltrow - Hecklerling criou uma ácida e deliciosa crítica (ainda que carinhosa) à juventude um tanto fútil, consumista e vazia do final de século.

Mas a crítica velada (ou nem tanto) de Heckerling não foi a principal responsável pelo grande sucesso que o filme fez, uma vez que a maioria absoluta do público que frequentou as salas de cinema para assistir o filme provavelmente nem sabia que seu roteiro seria premiado pelo National Board of Review e indicado pelo sindicato de roteiristas. Pode ser meio bobo e não agradar a quem vai ao cinema atrás de elocubrações, mas é uma hora e meia de diversão leve e - por que não? - bastante inteligente, principalmente se comparado a outros produtos do gênero. E isso tudo embalado por uma atuação inspiradíssima de Alicia Silverstone, no auge da popularidade e do frescor juvenil.


Silverstone é quem comanda a festa. Sua Cher orquestra toda a sinfonia de festas, angústias e paixonites que aparentam ser definitivas de sua faixa etária sem nunca deixar de ser charmosa e sensível. Cher desfila por cenários deslumbrantes, usa roupas caras, dirige um carro do último tipo mas no fundo é uma adolescente assombrada pelas mesmas dúvidas de qualquer um na sua idade: ela quer ser amada por alguém que valha a pena e, nesse caminho tortuoso rumo à felicidade românticas esbarra em candidatos que foram genialmente adaptados da obra de Austen. Estão ali o don juan adolescente Elton (Jeremy Sisto), o suspeito Christian (Justin Walker) e até mesmo Josh (Paul Rudd), filho da ex-mulher de seu pai, por quem ela nutre estranhos sentimentos de repulsa. Todas são personagens do romance, devidamente ajustados por Heckerling de maneira genial. E não deixa de ser interessante ver o início da carreira de Jeremy Sisto - que faria sucesso com a série "A sete palmos" -, Paul Rudd (em franca atividade no cinema) e Brittany Murphy, precocemente morta em um bom momento da carreira.

Somados à trilha sonora pop contagiante - que inclui David Bowie, No Doubt, Radiohead, Supergrass e Jewell - e a um clima que remete fatalmente aos tempos de escola, "As patricinhas de Beverly Hills" é uma delícia, uma sessão da tarde agradável, engraçada e que é a cara de sua geração. Um clássico juvenil dos anos 90, apesar dos preconceitos dos 'cultos'.

9 comentários:

renatocinema disse...

Sendo sincero e "preconceituoso" esse filme nunca me chamou a atenção. Nem para o bem, nem para o mal. Acredito que não me acrescentará nada.

Questão de gosto.

Alan Raspante disse...

Ah Clênio, este com certeza, o filme que eu mais assisti na "Sessão da Tarde": o meu favorito de todos!! hahahaha Falando nele, deu uma vontade imensa de rever, o filme é realmente uma delícia!

p.s: Curtia pra caramba a Murphy, uma pena que morreu tão cedo!

O Neto do Herculano disse...

Clássico da Sessão da Tarde, ainda diverte.

! Marcelo Cândido ! disse...

Pura diversão !

Anônimo disse...

Thanks to my father who shared with me on the topic of this webpage, this weblog is really remarkable.
Also see my web page > Flight Ready Cases

Anônimo disse...

Awesome issues here. I'm very satisfied to peer your post. Thank you so much and I'm
looking forward to contact you. Will you kindly drop me a
mail?
my page: Aquarium Food

Anônimo disse...

I'm gone to convey my little brother, that he should also go to see this blog on regular basis to take updated from most recent reports.
my web page: FinderHostel.com

Anônimo disse...

Hi, I check your blogs like every week. Your story-telling style is
witty, keep it up!
my website: crushing cogs tower gameplay

Anônimo disse...

I am really impressed with your writing skills and also with the
layout on your blog. Is this a paid theme or did you modify it
yourself? Either way keep up the nice quality writing, it is rare to see a nice blog like this one these
days.
Also see my web page: Gambling

JADE

  JADE (Jade, 1995, Paramount Pictures, 95min) Direção: William Friedkin. Roteiro: Joe Eszterhas. Fotografia: Andrzej Bartkowiak. Montagem...