MENTES PERIGOSAS (Dangerous minds, 1995, Hollywood Pictures, 99min) Direção: John N. Smith. Roteiro: Ronald Bass, livro "My posse don't do homework", de LouAnne Johnson. Fotografia: Pierre Letarte. Montagem: Tom Rolf. Música: Wendy & Lisa. Figurino: Bobbie Read. Direção de arte/cenários: Donald Graham Burt/Catherine Mann. Produção executiva: Lucas Foster, Kate Guinzburg, Sandra Rabins. Produção: Jerry Bruckheimer, Don Simpson. Elenco: Michelle Pfeiffer, George Dzunza, Courtney B. Vance, John Neville, Robin Bartlett, Renoly Santiago, Wade Dominguez. Estreia: 11/8/95
Filmes sobre professores - praticamente um sub-gênero dentro da indústria hollywoodiana - correm sempre o risco de tentar o sublime - como o belo "Sociedade dos poetas mortos", de Peter Weir - e chegar apenas ao ridículo - por exemplo, o patético "O substituto", com Tom Berenger. "Mentes perigosas", dirigido pelo pouco conhecido John N. Smith, fica no meio-termo. Munido de excelentes intenções, ele esbarra espetacularmente em dezenas de clichês e acaba se prejudicando justamente por evitar discutir com propriedade os temas que mais interessam ao público. Da forma que está, o filme - produzido pela dupla Don Simpson/Jerry Bruckheimer - é apenas uma sessão de sábado facilmente esquecível que encontra em Michelle Pfeiffer seu único real destaque. Ainda assim, pode agradar aos menos exigentes.
O filme começa relativamente bem, com a poderosa canção "Gangsta's paradise" dando o clima exato do local onde se passará a história a ser contada nas próximas duas horas. Baseado em uma história real escrita pela própria protagonista, "Mentes perigosas" se passa em uma escola localizada em uma área pobre e violenta de Nova York, onde a bela e delicada Louanne Johnson (Pfeiffer, bela e delicada como a personagem) vai lecionar. Seus alunos são ainda mais difíceis do que a maioria dos estudantes da escola, e ela percebe isso logo no primeiro dia, apesar da ajuda do amigo e colega Hal (George Dzunza). Marinheira reservista - o que em tese lhe dá uma força emocional maior do que o corriqueiro - ela sente-se violentamente rejeitada por seus alunos, todos eles membros de famílias paupérrimas e problemáticas. Conforme passa a conquistá-los - ensinando golpes de caratê e letras de músicas de Bob Dylan e utilizando de métodos pouco convencionais de incentivo - Louanne passa também a ter contato com os dramas pessoais de ao menos três estudantes. A esperta Callie (Bruklin Harris) está grávida e se vê pressionada a mudar de instituição de ensino; o esforçado Raul (Renoly Santiago) vem de uma família numerosa e precisa trabalhar para ajudá-los; e Emilio Ramirez (Wade Dominguez) está envolvido com gente perigosa que ameaça sua vida.
"Mentes perigosas" é clichê em cima de clichê. Todos os alunos de Louanne são aparentemente perigosos e cruéis mas no fundo se revelam boas pessoas, vítimas de uma sociedade injusta, como convém a todo e qualquer roteiro maniqueísta que se preze. Louanne é uma mulher linda, independente e culta que não faz outra coisa na vida a não ser preocupar-se com os alunos. E o final, quando ela finalmente consegue conquistar de vez todo mundo, a sensação que fica é a de que o filme já foi visto dezenas de outras vezes. E o pior é que foi. E das outras vezes, ainda que Michelle Pfeiffer não estivesse no elenco embelezando cada quadro, provavelmente as experiências foram melhores.
Não que "Mentes perigosas" seja um lixo. Pelo contrário, apesar de sua enxurrada de clichês, ele ainda consegue conquistar a audiência justamente por não fugir de tudo que se espera dele. Tudo que um filme do seu estilo promete ao público ele cumpre: uma protagonista carismática, alunos com problemas que descobrem novos sentidos para suas vidas dramáticas e um final esperançoso. É tão simples e tão pouco ambicioso que, apesar de não encantar e tornar-se inesquecível também não incomoda o bastante para ser considerado de todo ruim. Talvez com um diretor mais criativo e um roteiro menos burocrático para trabalhar, Michelle Pfeiffer pudesse ter sido mais reconhecida por seu belo esforço como atriz.
Sim, Michelle Pfeiffer é uma boa atriz e prova isso segurando com firmeza o papel principal de "Mentes perigosas". Para quem gosta do gênero, o filme é um prato cheio. Para os mais exigentes, talvez seja apenas mais um Supercine qualquer, com a bela Michelle enfeitando cada cena.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
terça-feira
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Um comentário:
Seu texto está perfeito, é um longa muito bem produzido, com uma história (mesmo batida) que prende a atenção e repleto de clichês.
Abraço
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