quarta-feira

CELEBRIDADES

CELEBRIDADES (Celebrity, 1998, Sweetland Films/Magnolia Productions, 113min) Direção e roteiro: Woody Allen. Fotografia: Sven Nykvist. Montagem: Susan E. Morse. Figurino: Suzy Benziger. Direção de arte/cenários: Santo Loquasto/Susan Kaufman. Produção executiva: J.E. Beaucaire. Produção: Jean Doumanian. Elenco: Kenneth Branagh, Winona Ryder, Judy Davis, Charlize Theron, Leonardo DiCaprio, Famke Janssen, Dylan Baker, Gretchen Moll, Sam Rockwell, Michael Lerner, Dylan Baker, Debra Messing, Adrian Grenier, Hank Azaria. Estreia: 20/11/98

Alguém já disse que é possível analisar uma sociedade através das pessoas que ela escolhe como celebridades. Exagero ou não, foi seguindo exatamente essa afirmação que Woody Allen teve a ideia para "Celebridades", longa-metragem que é uma homenagem pouco disfarçada a "A doce vida", de Fellini. Assim como o protagonista do filme do cineasta italiano, o jornalista vivido aqui por Kenneth Branagh se vê envolvido em uma roda-viva de pessoas famosas, festas, coquetéis e acontecimentos sociais de todo tipo enquanto tenta manter o centro de sua própria vida. Assim como na mais famosa colaboração de Marcello Mastroiani com o pai de "Amarcord", a fotografia é em preto-e-branco (aqui cortesia de Sven Nykvist, habitual parceiro de Ingmar Bergman, outra influência de Allen). E, bem como no vencedor do Oscar de filme estrangeiro de 1960, são principalmente as mulheres que transformarão a vida da personagem central em um misto de inferno e paraíso.

Lee Simon (vivido com competência pelo irlandês Branagh, famoso por suas adaptações shakesperianas) é um jornalista que, em sua tentativa de vender um roteiro de cinema, se aproxima da atriz Nicole Oliver (Melanie Griffith) e do rebelde Brandon Narrow (Leonardo DiCaprio). Em sua luta para ser reconhecido como escritor, ele se envolve também com a editora Bonnie (Famke Janssen), apesar de estar atraído por Nola (Winona Ryder), uma aspirante a atriz. Sua ex-mulher, Robin (Judy Davis), inconsolável com o fim do casamento, acaba se tornando uma apresentadora de TV, apoiada pelo novo namorado, o produtor Tony Gardella (Joe Mantegna) e os caminhos dos dois acaba se cruzando em mais de uma ocasião.


"Celebridades" é um filme irregular, mas como é normal nas obras de Allen, tem momentos de pura inspiração, em especial em relação a alguns diálogos engraçadíssimos e de extrema ironia. Robin Simon, por exemplo (em grande atuação de Judy Davis) dispara em determinado momento: "estou me tornando uma daquelas pessoas que sempre desprezei. E estou adorando!" Charlize Theron, em rápida aparição, quase rouba a cena como uma modelo que atinge o orgasmo com qualquer toque e Winona Ryder tem o tom ideal de delicadeza e independência que o papel exige. Kenneth Branagh se sai como uma espécie de alterego do cineasta (ainda que o mesmo se recuse a admitir, os trejeitos do ator são inegavelmente woodyallenianos). Somente Leonardo DiCaprio em seu primeiro papel pós-"Titanic" é que não convence com sua interpretação desleixada do problemático astro de cinema inspirado em Johnny Depp e afins. Até mesmo Melanie Griffith se sai melhor, com um timing cômico bastante apropriado.

"Celebridades" não é dos melhores Woody Allen. É mais longo do que de costume em seu currículo, vez ou outra perde o foco e não atinge a maturidade de suas obras-primas. Mas quem gosta do seu estilo certamente vai adorar.

2 comentários:

renatocinema disse...

Não sou fã de Woody Allen. De todos os seus trabalhos, só apreciei A Rosa Púrpura do Cairo.

Celebridades me intrigou um pouco com sua sinopse, mas, ainda não me motivou o suficiente para conhecer a obra.

Alan Raspante disse...

Não gosto muito deste filme... E acho o P&B completamente desnecessário, não nego, que senti falta de uma corzinha... Enfim, é bom, mas como você mesmo diz: "não é o melhor de Woody Allen..."

[]s

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